Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Larry Page assume presidência do Google

A BBC World Notícias, por meio da repórter Sally Eden, anunciou (pela televisão) no dia 4 de abril que Larry Page, um dos fundadores do Google, assumiu o cargo de presidente da gigante do mundo digital, substituindo Eric Schmidt. O executivo foi contratado por Larry e seu parceiro Sergey Brin depois que um grupo de investidores impugnou a presença de Page na direção da empresa, por seu comportamento incompatível com o cargo. Nos primeiros anos do Google, Page costumava chegar atrasado a reuniões, passando uma imagem pouco profissional, e não se interessava por aspectos não ligados a área de informática diretamente. O cofundador também carecia de experiência na área de negócios, informou O Globo, em sua edição online.


A revista PC Magazine noticiou que Schmidt continuará ligado à empresa. Em suas palavras, o ex-presidente declarou que vai continuar colaborando nas áreas onde poderá adicionar maior valor agregado ao Google: ‘Externamente, ele disse, nos acordos, parcerias, clientes e relações de negócios mais amplas, relações com o governo e liderança tecnológica, que são cada vez mais importantes, dado o alcance global do Google; e internamente como assessor de Larry e Sergey.’


O novo presidente acumulou, ao longo dos anos, fama de anti-social. Não dá muita atenção às redes sociais e é conhecido por seu ar ‘taciturno’. Além disso, enviou mensagens por e-mail aos principais responsáveis por projetos em andamento, solicitando que descrevessem a relevância dos mesmos para o Google, ‘em 60 palavras ou menos’, informou a repórter da BBC.


Os principais problemas


Mas foi The Guardian, da Inglaterra, que melhor abordou o tema, sinalizando para o cenário desafiador que o Google enfrenta. A companhia cresceu muito além de um motor de buscas sofisticado, que apresenta as páginas procuradas pelos internautas de acordo com sua relevância na web (em outras palavras, considerando o número de links endereçados a ela). Há uma empresa meia brasileira, meio americana, especializada em suporte a sites de busca, que explica com mais detalhes como funciona o maior patrimônio da empresa.


Além de ter aperfeiçoado seu maior ativo, o Google diversificou seus interesses ao longo do tempo. Adquiriu empresas, lançou navegadores na internet, pacotes de programas online e muitas outras atividades no campo da informática e das comunicações. Até tornar-se o gigante que hoje é. E uma empresa desse porte enfrenta desafios diariamente. O Guardian listou os principais problemas que Page encontrará pela frente:


** ‘Enxugar’ os projetos em andamento, para fazê-los mais objetivos e acabar com os que apresentam menos chances de lucros (daí, o e-mail pedindo esclarecimentos, de forma sucinta, sobre a relevância dos projetos em curso);


** As reuniões serão modificadas: técnicos deverão aprender a tomar decisões executivas e será proibida a presença de laptops nos encontros com as equipes dos diferentes projetos;


** Voltam as reuniões semanais (que Schmidt havia cancelado). Page quer se fazer acessível para todos. Para isso, instalou-se na sede de Mountain View, agrupando ao seu redor os diretores dos projetos mais importantes;


** Abandonar a cultura do ‘improviso high-tech individual’ (como foi o caso o Gmail, criado em um dia e desenvolvido posteriormente por engenheiros assinalados para o projeto). Agora a empresa deverá desenvolver-se tendo como guia a plataforma do Android para telefones celulares, com uma ‘estratégia clara’, (abandonando de vez a ideia do código aberto) guiada por técnicos em posições de comando. O sistema operacional para smartphones também continuará como prioridade;


** Dados continuam com sua posição central para a empresa. Alterações do desenho dos links de busca já foram estudadas. ‘Mais cliques significam mais renda de anunciantes’. Nada muda aqui;


** Entrar no ramo do ‘software social’. Um dos maiores problemas para Page, numa firma que é dominada por ‘engenheiros e que tem como centro um motor de buscas’. De qualquer maneira, encarar esse aparente paradoxo será tarefa do novo presidente;


** Encarar a tendência monopolista do Google. Recentemente, a União Europeia demonstrou preocupação com o excessivo poder da empresa na área da publicidade online.


Ainda de acordo com The Guardian, o segredo do sucesso (ou não) de Page será definido por sua disputa de mercado com a Microsoft. Não há competição para o sistema operacional da empresa de Redmond, que dominou o mundo, literalmente. Mas, se o Google de alguma forma conseguir abalar o outro grande nome da Microsoft (o Office), ‘que gera a outra metade dos lucros da rival’, aí então residirá a nova grande oportunidade da empresa.

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Mestre em Planejamento urbano e regional, consultor e tradutor