Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O papel das redes sociais na guerra do narcotráfico

Diante da guerra do narcotráfico no México, as redes sociais na internet se tornaram uma importante ferramenta de comunicação na rotina dos cidadãos das regiões mais atingidas pela violência. Milhares de mexicanos checam, todas as manhãs, estes sites para ver se irão encontrar surpresas desagradáveis no caminho para o trabalho ou para a escola – os internautas avisam os outros de corpos encontrados pelos bairros e conflitos entre membros dos cartéis e do Exército. Mas os cidadãos comuns não são os únicos a utilizar as redes. As gangues de narcotraficantes encontraram nelas um meio útil de manipular a opinião pública através de ameaças e avisos.

Estima-se que mais de 28 mil pessoas tenham sido mortas em incidentes ligados à violência causada pelo tráfico de drogas nos últimos quatro anos, desde que o presidente Felipe Calderón deu início a uma ofensiva militar. O norte do México é a região mais atingida pela guerra. O banho de sangue vem em ondas: recentemente, 47 mortes na região da fronteira com os EUA foram ligadas aos cartéis e uma série de ataques com granadas na cidade de Monterrey deixou pelo menos 12 feridos. Os jornalistas também se tornaram alvos dos traficantes, com pelo menos 10 profissionais de imprensa assassinados este ano. Jornais e emissoras de rádio e TV passaram a fazer uso da auto-censura para preservar a vida de seus funcionários.

Rede local

Além de redes como o Twitter e o Facebook, sites locais foram criados para a troca de informações. No BalaceraGDL, em Guadalajara, pessoas entram em contato para reportar tiroteios e outras notícias sobre os conflitos nas ruas. Em alguns casos, são as autoridades locais que criam os sites – para, além de trocar informações, conter os rumores espalhados pelos cartéis. ‘O objetivo é estabelecer uma ferramenta de comunicação para barrar os boatos nas redes sociais e informar as pessoas sobre o que realmente está acontecendo, em tempo real’, resume o chefe de gabinete do prefeito da cidade de Reynosa, Juan Triana.

As mensagens nos sites se repetem. Uma vendedora de Reynosa diz que consulta a situação da cidade todos os dias antes de levar o filho à escola. Pessoas perguntam se alguém sabe algo sobre corpos pendurados em uma ponte; outras avisam sobre engarrafamentos causados por conta de patrulhas militares.

Leonardo Hernandez, pesquisador que trabalha em um estudo sobre terrorismo online, diz que, muitas vezes, é possível saber mais sobre a criminalidade na internet do que em veículos tradicionais. ‘Acontece muito da primeira notícia sobre um evento sair das redes sociais’, afirma, lembrando do caso de um ex-candidato presidencial sequestrado em junho e que continua desaparecido. Na ocasião, os suspostos sequestradores postaram fotos de seu refém no Twitter. Informações da AFP [4/10/10].