A repentina ‘revolta’ – ou revolução – nos países árabes está devendo uma explicação lógica à opinião pública internacional, pois há evidências de ser uma ação orquestrada nos moldes de outras agitações populares. Várias centenas de milhares de homens – não se têm notícias de mulheres nesses eventos – nas ruas, ‘indignados’ e querendo a todo custo a derrubada de regime de governos totalitários, mas quem está bancando as despesas – da luta armada e a comida em seus lares – para esses neófitos revolucionários? Afinal, ainda vivemos num mundo capitalista e, como diz o provérbio, ‘saco vazio não se sustenta em pé’. A teoria marxista da luta pela igualdade e contra a permanente opressão não encontra égide e fulcro na psicanálise, pois não há no sujeito esse desejo de idealismo que se mantenha por tanto tempo em luta sem fins lucrativos e por uma causa estranha à sua cultura. Karl Marx disse que o homem é movido pelas massas, mas Sigmund Freud retificou-o, dizendo que o sujeito é movimentado pelo inconsciente e que não é senhor na sua morada, sugerindo que faz coisas sem saber conscientemente a razão.
A probabilidade dessa movimentação repentina no mundo árabe em busca de democracia e de liberdade ser um evento consciente e espontâneo aproxima-se de zero, pois há evidências de que é uma ação planejada e é tentador imaginar que uma sociedade secreta esteja atuando nos bastidores, assim como foi em outras ‘revoltas’ e ‘revoluções’ históricas – Revolução Francesa, independência dos EUA e do Brasil, Inconfidência Mineira etc.
Novas perspectivas de olhar
O discurso da democracia e da liberdade é sedutor e não encontra resistência na opinião pública, mas é preciso recorrer à História para entender os fatos. Os chefes do partido democrático de Atenas, na antiga Grécia, na época da guerra do Peloponeso – em referência ao herói mitológico Pélope, que teria conquistado aquela península –, eram conhecidos por ‘demagogos’. Curiosamente, a palavra demagogia foi inserida na literatura política como sendo pejorativa e sinônimo de político inescrupuloso, hábil e mentiroso e a política tornou-se assim jocosa. Jean-Jacques Rousseau desconfiava que não houve democracia na Grécia antiga e não acreditava que um dia ela viesse a ser efetivada plenamente, devido à sua complexidade.
A evolução do pensamento humano passa por novas perspectivas de olhar para os fatos de forma diferente daquela como eles são apresentados – sempre frios e maquiados. Não acreditem nas agências de notícias internacionais que repassam para a mídia somente o que bem entendem sobre essa ‘revolta’ nos países árabes…
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Advogado e psicanalista, Fortaleza, CE