Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Quinta-feira, 21 de outubro de 2010 ELEIÇÕES Leonardo Souza Jornalista admite à PF que encomendou dados fiscais O jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao chamado ‘grupo de inteligência’ da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), reconheceu em depoimento à Polícia Federal que encomendou dados de dirigentes tucanos e familiares de José Serra (PSDB), como a Folha revelou ontem. Amaury nega que tenha pedido documentos fiscais sigilosos. Porém, todos os alvos do jornalista tiveram seus dados violados em duas agências da Receita Federal em São Paulo. Os dados foram parar no dossiê que circulou na pré-campanha de Dilma, como a Folha mostrou em junho. Para a PF, não há dúvida de que foi Amaury quem comprou as declarações de imposto de renda, pelas quais pagou R$ 12 mil. A polícia agora investiga se alguém o contratou para fazer isso. Quando os documentos foram incluídos no dossiê, já neste ano, o jornalista atuava para o ‘grupo de inteligência’ do comitê de pré-campanha de Dilma. Sua estadia na capital era paga por integrantes do PT. Mas, quando houve a violação dos sigilos, em outubro de 2009, Amaury mantinha vínculo empregatício com o jornal ‘Estado de Minas’. O PT atribui ao diário mineiro proximidade política com o ex-governador tucano Aécio Neves, eleito senador. O jornalista não disse à PF se recebeu orientação de políticos do PSDB de Minas para levar adiante a ‘pesquisa’. Nem se a encomenda foi do próprio jornal. No depoimento, ele afirmou que iniciou a apuração ao descobrir que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio. No período, Serra e Aécio disputavam a indicação do partido para a candidatura à Presidência. Amaury não deixa claro, porém, se recebeu ordens ou se iniciou a apuração por conta própria. Ele desconversou quando questionado se pagou pelos dados -o que seria admitir um crime. Em nota, reiterou que ‘jamais pagaria’ por informações sigilosas ‘de qualquer cidadão’. O despachante Dirceu Rodrigues Garcia, porém, declarou à PF que o jornalista pagou R$ 12 mil em dinheiro vivo pelas informações. Segundo o delegado Alessandro Moretti, Amaury afirmou que todas as despesas relacionadas a seu trabalho, como as viagens de Brasília a São Paulo para buscar os dados, foram custeadas pelo jornal ‘Estado de Minas’. Amaury, no entanto, atribuiu a uma ala do PT o vazamento dos dados para a imprensa. Segundo ele, uma ala do partido disputava o controle de contratos da campanha petista. Amaury contou à PF que petistas roubaram os dados de seu computador num quarto de hotel em Brasília. Segundo a PF, Amaury deixou ‘Estado de Minas’ no mesmo mês em que os dados dos tucanos foram violados -outubro de 2009. O jornalista até aqui nega que estivesse trabalhando para a campanha do PT. Mas ele participou de reunião do ‘grupo de inteligência’ em 20 de abril deste ano, num restaurante de Brasília. Na época, o responsável pela comunicação da pré-campanha de Dilma era o jornalista Luiz Lanzetta, que participou do encontro. Em entrevista ao portal G1, em junho, Lanzetta disse que havia uma disputa de poder no PT envolvendo um grupo ligado à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (2001-2004) e o grupo comandado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. Premiado, repórter diz escrever livro sobre gestão FHC Pivô do escândalo da quebra de sigilos de tucanos, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., 47, diz ter reunido 150 documentos para escrever um livro sobre os bastidores do processo de privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Embora ele afirme que todos os dados recolhidos são legais, as investigações da PF apontam que ele teria pago para ter acesso ao Imposto de Renda de familiares de José Serra (PSDB) e dirigentes tucanos. O jornalista nega ter feito dossiê contra tucanos. Ribeiro é repórter investigativo premiado, com passagens pela Folha, ‘O Globo’ e ‘Jornal do Brasil’. Hoje trabalha na TV Record. Há três anos, ele foi baleado num bar no Entorno de Brasília quando apurava uma reportagem sobre homicídios relacionados ao tráfico de drogas na região. Em 2009, quando foram encomendados os documentos sigilosos, sacados em agências da Receita no ABC paulista, trabalhava no jornal ‘Estado de Minas’ -pediu demissão da empresa no final do ano passado. De posse de farto material sobre aliados de Serra, que incluía compilados da antiga CPI do Banestado, Ribeiro relatou sua apuração para o amigo e também jornalista Luiz Lanzetta, que à época era responsável pela comunicação da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT). Em abril, Ribeiro participou de uma reunião no restaurante Fritz, em Brasília, com o chamado ‘grupo de inteligência’ da pré-campanha da petista, que incluía um delegado aposentado da PF e dois arapongas. Na sequência, uma reportagem da revista ‘Veja’ apontou a movimentação do grupo, que seria ligado ao ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT-MG). Em junho, a Folha revelou que circulou entre o grupo dados sigilosos de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB. FISCALIZAÇÃO Por sugestão do PT, Ceará decide controlar a mídia Por sugestão do PT, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, por unanimidade, a criação de um Conselho Estadual de Comunicação Social que terá como atribuição ‘orientar’, ‘fiscalizar’, ‘monitorar’ e ‘produzir relatórios’ sobre a atividade da imprensa local ‘nas suas diversas modalidades’. O conselho segue várias das propostas restritivas à liberdade de imprensa aprovadas pela Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), realizada pelo governo federal no ano passado. A Folha apurou que, com dificuldades para implementar nacionalmente medidas que visam o controle da mídia, o governo federal irá estimular que os Estados o façam. Assim, com a discussão instalada, haveria ambiente mais favorável à proposição de lei federal. O diretor da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Luiz Roberto Antonik, considerou que o conselho visa censurar o trabalho da imprensa e informou que a entidade estuda as medidas judiciais cabíveis. Abert e ANJ (Associação Nacional de Jornais), além de outras entidades, não participaram da Confecom por considerar que o evento tinha como propósito justamente discutir medidas de controle da imprensa. O Conselho de Comunicação no Ceará será vinculado à Casa Civil e terá entre suas funções observar e produzir, semestralmente, relatórios sobre a produção e programação das emissoras de rádio e televisão locais; orientar e fiscalizar as atividades dos órgãos de radiodifusão sonora ou de imagem; implementar políticas de capacitação dos cidadãos para leitura crítica dos meios de comunicação, entre outras. Como a criação do conselho é uma iniciativa que cabe ao Executivo estadual, o projeto dá aval para que o governador reeleito do Estado, Cid Gomes (PSB), o implemente. O líder do governo na Assembleia, deputado Nelson Martins (PT), foi um dos defensores da ideia. ‘Temos uma cultura de denuncismo. Isso não é culpa do profissional, mas dos donos das empresas de comunicação.’ TODA MÍDIA Nelson de Sá ‘Para proteger Aécio’ Na manchete do UOL ao longo da tarde, ‘Jornalista diz que dados eram para proteger Aécio’. No post da Folha.com, Amaury Ribeiro disse ter encomendado dados fiscais de tucanos ‘quando era funcionário do ‘Estado de Minas’, após ter tomado conhecimento de que o deputado Marcelo Itagiba, ligado a José Serra, estaria reunindo munição contra Aécio’. Em junho, o diretor de Redação do ‘Estado de Minas’ já havia confirmado à Folha a ‘investigação’. Na manchete do UOL, já noite, ‘Aécio nega vínculo com jornalista’, em nota. No post da Folha.com, ‘a assessoria se negou a comentar a suposta influência de Aécio sobre o ‘Estado de Minas’. O ‘Jornal Nacional’ também deu manchete: ‘Descoberto o elo que faltava. A Polícia Federal identifica o homem que encomendou a violação dos sigilos fiscais de pessoas ligadas ao PSDB e parentes do candidato José Serra. Partidos trocam acusações sobre a responsabilidade pelo crime.’ Na narração da repórter da Globo à tarde, antes do ‘JN’, ‘em meio ao tumulto, Serra foi atingido. Pouco depois, passou a mão na cabeça’ //’CONFUSÃO’ No primeiro post do G1, da Globo, ‘Serra diz ter sido atingido durante confusão’ -mais o destaque ‘tucano não ficou ferido’, como a ‘assessoria informou’. Depois, porém, ‘o tucano foi levado a uma clínica’. Na escalada do ‘JN’, ‘O candidato José Serra é agredido por militantes do PT’. E depois ‘o médico disse que não houve lesões, mas recomendou repouso’. ‘A vantagem de Dilma Rousseff, do PT, sobre José Serra, do PSDB, cresceu de 6 para 11 pontos percentuais.’ FÁTIMA BERNARDES encerrando o ‘Jornal Nacional’, com os ‘votos totais’ do Ibope. Nos ‘votos válidos’, a vantagem passou para 12 pontos //SEM PREFERÊNCIA Destaque no UOL, fim do dia, ‘Globo perde preferência nos direitos de TV do Brasileirão’. O Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômico, ‘decidiu extinguir o direito de preferência da Globo na negociação pelos direitos de TV do Campeonato Brasileiro’, em ‘acordo costurado com emissora e Clube dos 13’. Até então, a Globo ‘tinha o direito de cobrir qualquer proposta, mesmo em sistema de envelope fechado’. //SEM CENSURA Destaque do UOL pela manhã, ‘Brasil sobe 13 posições em lista de liberdade de imprensa’. No post da BBC Brasil, a ONG Repórteres Sem Fronteiras saudou a ‘evolução favorável na legislação’, com a revogação da proibição a ‘caricaturar políticos’ -e por ter ‘uma das comunidades mais ativas na internet’. A BBC ouviu Benoît Hervieu, da RSF, para quem ‘a posição da mídia, ao dizer que as palavras de Lula são ameaça à imprensa, é exagerada’. Semanas atrás, o correspondente do ‘Financial Times’, Jonathan Wheatley, já havia escrito, sobre o tema, que é um erro ‘acusar o governo de censurar a imprensa brasileira -certamente uma das menos censuradas no mundo’. POPULAR A ‘Time’ deu a longa reportagem ‘Por que o Twitter é tão popular no Brasil?’, até mais do que nos EUA. Arriscou respostas como a ‘penetração’ do site em todas as classes e sua alternativa à ‘falta de diversidade na mídia’ //GUERRA SANTA Do blog do bispo Edir Macedo, há cinco dias: ‘O pastor Silas Malafaia, que iniciou a campanha apoiando Marina, usando o argumento frágil de que o PV apoiava o aborto, mudou de lado. O caminho estava aberto para, sabe-se lá com que interesse, apoiar Serra. O que fez mudar de lado?’. Do próprio, ontem em vídeo, transcrito no Radar: ‘A sua emissora recebe milhões do governo. Você foi comprado para defender Dilma. A sua emissora é chapa-branca, com jornalismo tendencioso. Você está com medo de Serra ganhar por causa dos seus interesses econômicos’. Na foto distribuída, uma manifestação com o cartaz ‘Brasil sem aborto’ //A REALIDADE E O BARULHO A Reuters despachou longa reportagem de Stuart Grudgings, sob o título ‘A realidade feia do aborto no Brasil se perde no barulho eleitoral’. Abrindo o texto, ‘Foi uma notícia pouco notada: Adriana de Souza Queiroz, 26, morta após aborto clandestino’. É ‘uma das 300 brasileiras que morrem todo ano’. Após descrever a campanha de Serra, com ‘grávidas’ e Silas Malafaia, ouviu um obstetra que defende o direito ao aborto, para quem ‘a natureza religiosa do debate foi uma afronta ao Estado laico’. ARGENTINA Gustavo Hennemann Projeto aumenta cerco a jornais argentinos Os jornais argentinos ‘Clarín’ e ‘La Nación’ serão obrigados a vender parte de suas ações da empresa de papel-jornal Papel Prensa caso o Congresso do país aprove um projeto de lei defendido pelo governo da presidente Cristina Kirchner. Um artigo prevendo o limite acionário de 10% para os jornais na empresa foi acrescentado ao projeto governista anteontem, em votação em comissões do Congresso. A mudança foi feita por sugestão de um bloco de deputados esquerdistas e encampada pelo governo. Atualmente, o ‘Clarín’ é dono de 49% da Papel Prensa e o ‘La Nación’, de 22,5%. Outros 27,5% das ações pertencem ao Estado. No caso de o projeto ser aprovado, os dois jornais teriam um prazo de três anos para se desfazerem do capital que extrapolaria o limite. No caso do Estado ou de um sócio não vinculado à atividade jornalística, o limite seria de 33%. Anteontem, Cristina havia proposto a ‘nacionalização’ dos meios de comunicação para que ‘tenham consciência nacional e defendam os interesses do país’. ‘Às vezes penso que seria interessante nacionalizar, não estatizar’, afirmou. A Papel Prensa produz 75% do papel-jornal consumido no país e fornece para 170 meios impressos de Buenos Aires e do interior. Desde 2009, a fábrica se transformou no centro de um confronto entre os sócios privados e o governo, que tenta expulsá-los da sociedade por meio de uma ação judicial. OFENSIVA O projeto de lei para controlar a produção e a comercialização de papel-jornal, apresentado publicamente por Cristina há dois meses, faz parte da ofensiva para aumentar o controle do Estado sobre a fábrica de papel. O apoio surpreendente ao projeto por partidos de esquerda, que geralmente fazem oposição a Cristina, permitiu que as comissões técnicas que analisavam o texto encaminhassem ao plenário da Câmara um relatório favorável à proposta. A votação final deve ocorrer em duas semanas. Os aliados de última hora, no entanto, ainda não garantem os votos necessários para que a matéria seja aprovada definitivamente. O texto proposto pelo governo, que pretende declarar a produção de papel-jornal setor de ‘interesse público’, tenta controlar as operações comerciais e de investimento da Papel Prensa. Conforme o projeto, a empresa seria obrigada a oferecer as mesmas condições de preços e prazos para todos os veículos e teria a gestão fiscalizada por uma comissão parlamentar. Cristina acusa o ‘Clarín’ e o ‘La Nación’ de utilizarem a fábrica como instrumento para manter a hegemonia na imprensa argentina. Segundo ela, além de os dois jornais comprarem papel com desconto, eles mantêm a fábrica operando abaixo de sua capacidade para elevar o preço e evitar o crescimento de concorrentes. A proposta do governo também quer obrigar a Papel Prensa a trabalhar com o máximo de sua capacidade instalada para suprir toda a demanda interna. Hoje, 25% do insumo usado é importado. Os dois jornais argumentam que dão boas condições comerciais aos demais. Segundo os dois veículos, que mantêm uma linha editorial crítica ao governo há dois anos, a intenção de Cristina é controlar a fábrica para destruir a imprensa independente e beneficiar veículos ligados ao governo. UGANDA Jornal publica fotos de homossexuais e pede enforcamento Um jornal de Uganda publicou reportagem trazendo uma lista de gays e lésbicas do país com suas fotos e endereços, gerando fúria entre ativistas que dizem que o grupo, já marginalizado no país africano, corre risco de enfrentar mais ataques. Segundo a rede de TV CNN, o jornal ‘Rolling Stone’ -sem ligação com a revista dos EUA de mesmo nome- publicou a lista de cem pessoas no início do mês e, ao lado, uma faixa amarela dizendo: ‘Enforquem-nos’. O episódio ocorre quase um ano depois da apresentação no Parlamento de projeto que previa condenação à morte para alguns casos de atividade homossexual. A proposta foi arquivada após protestos da comunidade internacional. O editor do jornal, Giles Muhame, defendeu a lista, dizendo que a publicação dos nomes tem o objetivo de expor gays e lésbicas para que autoridades possam prendê-los. O jornal, que é semanal, começou a ser publicado há apenas seis semanas. INTERNET Notícia ‘séria’ lidera receita com publicidade na internet nos EUA A Perfect Market, empresa que auxilia editores a maximizar a receita on-line via conteúdo de notícias, lançou ranking dos dez assuntos mais valiosos para publicação, o Índice Vault. Esse índice mostra que, apesar de as notícias sobre celebridades gerarem muito acesso de internautas, são as reportagens consideradas ‘sérias’ que lideram a receita de publicidade dos sites. O índice faz uma combinação entre o valor recebido pela publicidade e os milhares de acessos a cada página. ‘As histórias com real oportunidade de gerar receita não são aquelas sobre escândalos de celebridades, mas sobre assuntos difíceis, que afetam a vida das pessoas’, diz a presidente-executiva da Perfect Market, Julie Schoenfeld. Em primeiro na lista estão reportagens sobre os benefícios pagos aos desempregados americanos. Em seguida, vêm notícias sobre o vazamento de óleo no golfo do México. Em terceiro, sobre o recall de ovos de granja nos EUA. Nenhuma notícia sobre celebridades aparece no ranking das mais rentáveis. O índice foi elaborado com base em 15 milhões de notícias de 21 sites norte-americanos, analisados entre os meses de junho e setembro. REINO UNIDO Governo corta recursos da BBC World O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido deixará de subvencionar o serviço internacional da BBC, que passará a ser financiado pela própria emissora. A decisão integra um conjunto de cortes de custos governamentais em todas as áreas, a fim de reduzir o deficit do Estado. FUTEBOL Por imagem, Fifa pune dirigentes A Fifa suspendeu por 30 dias dois membros do seu Comitê Executivo, Amos Adamu e Reynald Temarii, acusados de tentar negociar apoio na eleição das sedes das Copas de 2018 e 2022. É provável que eles não votem. A medida foi uma tentativa de minimizar o estrago na imagem da Fifa feito pela divulgação de vídeos do jornal britânico ‘Sunday Times’. As gravações mostram os dois cartolas pedindo dinheiro a jornalistas, disfarçados de lobistas, em troca de votos na definição do Mundial. Mas a entidade não adiou a escolha da Copa, marcada para 2 de dezembro, nem fez revisão das regras, frouxas em relação às da Olimpíada. Só informou que continuam as investigações, inclusive sobre um suposto acordo eleitoral entre candidatos. São 11 países envolvidos na disputa: Inglaterra, Espanha/Portugal, Bélgica/ Holanda e Rússia, por 2018; Austrália, EUA, Qatar, Coreia do Sul e Japão, por 2022. Além de conversar sobre negociar seus votos, Temarii revelou ter recebido propostas entre US$ 10 milhões e US$ 12 milhões de candida- turas interessadas neles. Antes, a Austrália fora acusada de dar pérolas às mulheres de executivos da Fifa. E um cartola inglês insinuou suborno de juízes em esquema supostamente ligado à disputa pelo Mundial. ‘O processo para 2018 e 2022 foi bem conduzido e organizado’, defendeu o secretário-geral Jérôme Valcke. Em seguida, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, reconheceu um abalo à imagem da entidade, mas minimizou a responsabilidade dele. ‘Nos deixe fazer o trabalho e restaurar a credibilidade da Fifa. Nós tentamos, mas, com um bilhão de pessoas envolvidas, não espere o comportamento do jeito que gostaríamos’, afirmou o suíço. Na opinião de Blatter, a recuperação da imagem da Fifa começou com a ação imediata da suspensão dos cartolas. A punição de 30 dias foi imposta pelo Comitê de Ética da Fifa, presidido pelo ex-jogador Claudio Sulser. As suspensões podem ainda ser renovadas por mais 20 dias. Como a eleição será em 42 dias, eles devem ser excluídos da votação. Depois, os mandatos de Adamus e Temarii estarão quase no final. Presidente da Confederação da Oceania, o taitiano Temarii foi escolhido pela sua entidade para o Comitê Executivo e disputará nova eleição em 22 de janeiro. Eleito pela Confederação Africana, Adamus permanecerá no cargo até fevereiro de 2011. A prova da ineficiência das penas da Fifa é que ontem quatro ex-membros do executivo também foram suspensos, um deles por irregularidades da época no cargo. Adamus e Temarii negaram as acusações. ‘Estou confiante da minha integridade, mas foi um erro falar daquele jeito’, afirmou Temarii, nos últimos dias. TELEVISÃO Keila Jimenez Vazio, ‘Busão’ da Band não fará nova viagem O reality da Band, ‘Busão do Brasil’, realizou anteontem, ao que tudo indica, sua última e definitiva parada. A atração, que confinou 12 participantes em um ônibus que rodou o país por quase três meses, terminou sua jornada pior do que começou em audiência, com média de 2 pontos. A estreia, em 30 de julho, marcou 3,3 pontos de Ibope no horário (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo). Com um investimento de R$ 10 milhões -só o ônibus custou R$ 1 milhão-, ‘Busão’ teve uma final sem repercussão e sem público. Responda rápido: quem venceu o reality show? Poucos sabem que o piauiense Mário Remo levou o prêmio de R$ 1 milhão para casa. Durante a exibição da final da atração, anteontem, a Band ficou praticamente atrás de todas as emissoras. Segundo medição do Ibope na Grande São Paulo, a Record liderou o horário com 14 pontos de audiência, seguida por Globo, com 11 pontos, SBT, com 5 pontos, RedeTV! e Band, com 2 pontos. Durante os quase três meses no ar, o programa assustou Band, Endemol (dona do formato) e o patrocinador ao chegar a cair para 0,5 ponto de audiência, quase traço. O ‘Busão’ deve agora seguir estacionado na garagem da Band, sem combustível para uma segunda edição. MARRENTO Íris Abravanel (à dir.) abre o jogo sobre o marido, Silvio Santos, no ‘De Frente com Gabi’ de domingo, no SBT: ‘A primeira palavra dele é sempre não…’ Baixa Após brigas que envolveram até cadeiras jogadas no chão, o ‘Programa do Gugu’ (Record) perdeu um de seus principais editores. Homero Salles, diretor da atração, confirma a saída do profissional, mas diz que ele foi demitido após atirar seu crachá e questionar demais ordens superiores. Internacional Os Jonas Brothers gravam em novembro participação no ‘Casseta & Planeta’, da Globo. Passaporte Além do Japão, ‘Dinossauros & Robôs’, que sucede ‘Ti Ti Ti’ (Globo), terá gravações em Londres. Digital Com a assinatura de Daniel Filho e pinta de ‘A Vida como Ela É’, a estreia de ‘As Cariocas’ alcançou 19 pontos de Ibope, anteontem, na Globo. Cordeiro Olga (Débora Duboc) tem um plano para destruir Clara (Mariana Ximenes) em ‘Passione’ (Globo). A empregada dos Gouveia tem ligação com o cantor Diogo (Daniel Boaventura). Alerta ‘Araguaia’ registrou anteontem média de 19 pontos de Ibope. A antecessora no horário, ‘Escrito nas Estrelas’, alcançava 29 pontos. Dúvidas? O canal de pay-per-view de lutas, o Combate, trocará de slogan para deixar claro seu conteúdo. Sai ‘Entre em ação’ e vem ‘Combate, o seu canal de lutas’. Trunfo Para tentar convencer globais a irem para o SBT, o autor Tiago Santiago contratou o produtor de elenco (ex-Globo) Sérgio Madureira. Ele já tentou, sem sucesso, levar Ana Paula Arósio. Bia Abramo Transposição temporal torna a nova minissérie da Globo um tanto ingênua É caprichada a produção de ‘As Cariocas’, minissérie que estreou na última terça-feira na Globo baseada nas crônicas de Sérgio Porto. No horário tardio das 23h, logo em seguida à sem-gracice galopante de ‘Casseta & Planeta Urgente!’, a série combina paisagens de bairros do Rio e micro-histórias de personagens femininos. No primeiro episódio, Alinne Moraes foi ‘A Noiva do Catete’, uma mulher com vida para além de dupla -noiva de um paraplégico, ela mantém um caso antigo com um homem mais velho que a sustenta e começa um ‘affair’ com um garotão. Mesmo com a direção segura de Daniel Filho, o episódio sofre, no entanto, com a pobreza das interpretações, à exceção de Ângelo Antônio. Além disso, há alguma ingenuidade nessa transposição de histórias escritas nos anos 1960, pré-revolução sexual, diretamente para os anos 2000, pelo menos nesse primeiro episódio. O tema da dupla moral, tão caro a Nelson Rodrigues e ainda presente nessas histórias de Sérgio Porto, precisaria ter sido atualizado de maneira mais convincente. NA TV As Cariocas Minissérie QUANDO terças, às 23h, na Globo CLASSIFICAÇÃO 16 anos AVALIAÇÃO regular FOTOGRAFIA Fotógrafo de rua francês JR ganha prêmio humanitário de US$ 100 mil A organização TED (sigla para ‘tecnologia, entretenimento e design’) concedeu seu prêmio anual para o artista francês JR, 27, conhecido por fixar fotografias em comunidades pobres de países como Camboja, Quênia e Brasil. O prêmio, que já foi dado a personalidades como Bill Clinton, Bono e Jamie Oliver, é de US$ 100 mil (cerca de R$ 167 mil) e vem acompanhado de um ‘desejo’ para levantar fundos para uma causa. Em preto e branco, as imagens do parisiense -que se identifica apenas com suas iniciais- exaltam os moradores desses locais. O artista, que se encontra em Xangai envolvido em um novo projeto que vai chamar a atenção para a demolição de sítios históricos da cidade, disse ontem que se surpreendeu com a escolha. Ele afirmou que o seu ‘desejo’, que será anunciado na próxima conferência TED em março, tem a ver com sua arte. ************ O Estado de S. Paulo Quinta-feira, 21 de outubro de 2010 ELEIÇÕES Leandro Colon e Vannildo Mendes Jornalista ligado ao PT e a campanha de Dilma pagou por dados de tucanos Investigação da Polícia Federal revela que partiu da pré-campanha da petista Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor da encomenda e financiador direto da quebra de sigilo de líderes tucanos e da filha e genro do presidenciável do PSDB, José Serra. O Estado teve acesso à integra do inquérito da PF que detalha a anatomia da violação, além de disputas por dinheiro dentro da campanha de Dilma e a existência de um depósito de R$ 5 mil, em dinheiro vivo, a poucos dias do primeiro turno eleitoral, para calar uma testemunha-chave sobre a violação de sigilo. A presença de um jornalista ligado ao PT na origem da trama afasta o discurso oficial do governo que, por meio da Receita Federal e até mesmo pela PF, tentou retirar do episódio qualquer conotação política, atribuindo a violação a uma máfia que operava na agência do Fisco em Mauá. No inquérito, há comprovantes de depósito, feitos nos dias 9 e 17 de setembro, na conta do Dirceu Rodrigues Garcia, o despachante que coordenou a pedido de Ribeiro violações nas delegacias da Receita em São Paulo. Em seu depoimento, no dia 6 de outubro, Garcia afirmou que o jornalista ligado ao PT deu o dinheiro no mês passado para que ele não contasse nada sobre a violação do sigilo. ‘Amaury por diversas vezes pediu ao declarante (Dirceu) que se fosse procurado para se explicar na polícia, deve neste caso ficar calado’, diz trecho do depoimento. Convidado para trabalhar no núcleo de inteligência da campanha petista, Ribeiro desembarcou em Brasília em abril deste ano e ficou hospedado num flat, pago pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, que cuidava da estratégia de mídia da campanha de Dilma. Só a equipe do jornalista Luiz Lanzetta, patrocinador do convite a Ribeiro recebia R$ 150 mil mensais do comitê. De acordo com dados do inquérito, o jornalista, então funcionário do jornal Estado de Minas, procurou o despachante, em setembro de 2009, para pedir as declarações de rendas dos tucanos, entre elas a do vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, e a da filha de José Serra, Verônica. O valor do serviço: R$ 12 mil. O dinheiro foi entregue num pacote e contado no banheiro, no dia 8 de outubro do ano passado, no Bar da Onça, na Avenida Ipiranga, em São Paulo. No último dia 15, Ribeiro falou pela terceira vez à PF. Contou que conheceu o despachante em 2008 e que pedia a eles pesquisas sobre as empresas dos tucanos. Segundo o jornalista, a investigação fazia parte de um trabalho para o jornal Estado de Minas em busca de eventual proteção do ex-governador Aécio Neves contra um suposto serviço de espionagem comandado pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e pessoas ligadas a Serra. O jornal custeou as viagens, conforme comprovantes que estão no inquérito. Amaury, porém, deixou a empresa no fim de 2009. É aí que entra em cena a campanha petista. Em abril, Lanzetta procura por Ribeiro para ajudá-lo na briga pela ‘fatia do bolo’ no orçamento de comunicação de Dilma. Na briga pela outra ‘fatia do bolo’ estava o deputado Rui Falcão – do comando de campanha do PT. A investigação de Ribeiro valeria dividendos no mercado subterrâneo de dossiês do PT, reforçando a posição de Lanzetta. Numa reunião com outras pessoas num restaurante em Brasília, o jornalista e o chefe do núcleo de inteligência de Dilma deram sinais do trabalho a ser feito. Presente ao encontro, o delegado Onésimo de Souza afirmou à polícia que surgiram outras solicitações. Pediram, segundo ele, que ‘fosse levantado tudo sobre algumas pessoas’. Onésimo disse à PF que entendeu que poderia haver um ‘método que não fosse legal’, e repetiu sua versão de que Amaury afirmou, na conversa, ter ‘dois tiros fatais’ contra Serra. Revelado o episódio no primeiro semestres pela revista Veja, Lanzetta acabou afastado da campanha em junho, após notícia de que estaria por trás da montagem de dossiê contra dirigentes tucanos para atingir Serra, com dados obtidos de Ribeiro. Bruno Tavares e Fausto Macedo Jornalista será indiciado por quebra de sigilo A Polícia Federal vai indiciar o jornalista Amaury Ribeiro Júnior no inquérito sobre violação do sigilo fiscal de políticos tucanos e da empresária Verônica Serra e seu marido, Alexandre Bourgeois, filha e genro de José Serra (PSDB). O delegado Hugo Uruguai, que dirige a investigação, pretende enquadrar Amaury com base no artigo 325 do Código de Processo Penal, parágrafo 1.º- incorre à mesma pena aplicada ao violador de sigilo funcional aquele que se utiliza do acesso restrito. A pena pode chegar a até seis anos de reclusão se ‘da ação ou omissão resulta dano a alguém’. A PF estuda ainda indiciar o alvo por corrupção ativa, artigo 333 – oferecer vantagem indevida a funcionário público. A sanção vai de 2 a 12 anos de prisão. Ontem a PF preparou nova intimação ao jornalista para depor pela quarta vez. Nas três primeiras vezes ele foi ouvido em declarações – ficou à vontade para dar sua versão dos fatos. As suspeitas da PF sobre a conduta de Amaury surgiram no início do inquérito, quando depôs o delegado aposentado Onézimo de Souza, que relatou ter participado de reunião em Brasília com integrantes da equipe de inteligência da pré-campanha de Dilma – entre eles Amaury. Segundo o delegado, o jornalista disse: ‘Eu tenho dois tiros fatais contra o Serra.’ Onézimo contou que Amaury teria sugerido ‘métodos ilegais’ para bisbilhotar adversários políticos. A PF ia empurrar a conclusão do inquérito para depois do segundo turno das eleições. A estratégia era evitar divulgação de indícios contra alguém que fez parte do núcleo próximo da campanha petista. Mas o plano da PF fracassou porque o indiciamento de Dirceu Garcia vazou. Amaury divulgou ontem à tarde nota sobre o episódio. Ele negou as suspeitas que pesam sobre seu trabalho. Não indica se agiu a mando de alguém. A íntegra da nota: ‘Com relação às notícias veiculadas na imprensa nesta quarta-feira (ontem), o jornalista Amaury Ribeiro Júnior esclarece que jamais pagaria pela obtenção de dados fiscais sigilosos de qualquer cidadão e nega veementemente as acusações a ele atribuídas. O jornalista está à disposição da Polícia Federal e da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos’. Malu Delgado Candidata nega ligação de jornalista com sua equipe Diante da divulgação da Polícia Federal de que o jornalista Amaury Ribeiro foi o responsável pela violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, a presidenciável Dilma Rousseff (PT) negou ontem que existam ligações entre ele e a coordenação de sua campanha eleitoral. Ela destacou ainda que o jornalista fez investigações a partir de um ‘conflito’ entre os tucanos José Serra e Aécio Neves, que disputaram o cargo de presidenciável do PSDB. O PT e coordenadores da campanha de Dilma vão solicitar formalmente à Polícia Federal a íntegra do inquérito sobre a violação de sigilo. ‘Qualquer tentativa de colocar isso na minha campanha acho, primeiro, uma injustiça; segundo, uma tentativa de criar eleitoralmente um fato; e terceiro, repudio integralmente. Acho de absoluta má fé. Está claro o depoimento dele (do jornalista) na Polícia Federal’, afirmou a candidata ontem. ‘Nós não quebramos sigilo fiscal de ninguém e não fizemos dossiê’, disse, enfatizando que as violações ocorreram entre setembro e outubro de 2009, quando sequer havia pré-campanha. ‘O próprio jornalista, em depoimento à Polícia Federal, declarou que fez o trabalho dentro de um conflito entre dois candidatos à Presidência dos tucanos.’ Segundo ela, não se pode fazer um ‘salto mortal’ entre 2009 e a pré-campanha, iniciada em março de 2010, para buscar vinculações com o episódio. O coordenador jurídico da campanha de Dilma, José Eduardo Martins Cardozo, afirmou que o partido não tem e nunca teve ligações com Amaury Ribeiro. Ele não respondeu a questionamentos sobre o fato de o partido ter pago o flat onde Amaury se hospedou em Brasília. ‘É muito importante vermos o inquérito para checarmos o que ele aponta. Acho muito curioso que na época o jornalista trabalhasse no Estado de Minas’, disse. Apesar de ter mencionado supostas ligações do jornalista com tucanos, a petista afirmou que não fará acusações. ‘Sugiro que vocês peguem as informações e olhem direitinho, porque entre outubro e março tem dezembro, janeiro e fevereiro.’ Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente Lula reclamou das especulações envolvendo a candidata petista e anunciou que a PF iria trazer novas informações sobre o vazamento. ‘O problema do Brasil não são os fatos. Os fatos, quando são importantes, precisam ser anunciados. O importante são as versões e as intenções com que muitas vezes se tenta trabalhar o processo de informação’, disse. Vera Rosa e João Domingos Campanha de Dilma culpa Aécio por violação O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) responsabilizou o senador eleito Aécio Neves (PSDB) pela quebra de sigilo fiscal de parentes e amigos do candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Na avaliação dos petistas, a arapongagem é mais um capítulo da ‘guerra entre tucanos’ travada para a definição do concorrente do PSDB ao Planalto, no ano passado. ‘Caiu por terra a tentativa de Serra e da oposição de dar forma de estrela a esse bicho (quebra de sigilo fiscal), que tem perna, pena e bico de tucano’, afirmou o presidente do PT, José Eduardo Dutra. ‘Todo mundo sabe que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. estava a serviço do Aécio para se contrapor à sujeira do Serra e montar um dossiê’, emendou o secretário de Comunicação do PT, André Vargas. Dutra anunciou ontem que pedirá a abertura de novo inquérito à Polícia Federal, desta vez para apurar a existência de uma ‘central de espionagem’ comandada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Ex-delegado da PF, Itagiba é homem da confiança de Serra e foi presidente da CPI dos Grampos, na Câmara. Nos bastidores do comitê de Dilma, o comentário é que Itagiba estava a serviço de Serra para montar um dossiê contra Aécio, que à época disputava com o paulista a indicação do PSDB para ser candidato à Presidência. O deputado nega. Por essa versão, o então governador de Minas teria revidado com outro dossiê, contratando Amaury Ribeiro Jr.para a tarefa. A investigação da Polícia Federal indica que foi o jornalista quem encomendou a quebra dos sigilos fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, da filha de Serra, Verônica, do genro dele, Alexandre Bourgeois, e de outros tucanos, entre setembro e outubro de 2009. Na ocasião, Ribeiro trabalhava para o jornal O Estado de Minas. O jornalista disse à PF que esteve em Brasília no mês de abril e se reuniu com petistas para acertar como seria sua participação no ‘núcleo de inteligência’ da pré-campanha de Dilma. A hospedagem, de acordo com ele, foi paga por um colega do PT. O presidente do PT negou que o partido tenha pago o hotel de Amaury. ‘Nós somos os maiores interessados no esclarecimento dos fatos para que não se diga que foi alguém do PT ou da campanha’, insistiu Dutra. Dirigentes do PT afirmam que a ligação de Amaury não era com o partido, mas, sim, com o jornalista Luiz Lanzetta. Responsável pela estratégia de comunicação de Dilma, Lanzetta caiu em desgraça depois que foi revelado um encontro entre ele, Amaury Ribeiro e arapongas. O episódio também escancarou uma disputa de poder entre petistas na campanha de Dilma. De um lado estava o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e, de outro, o grupo do ex-secretário municipal Valdemir Garreta. / COLABOROU ANDREA JUBÉ VIANNA ARGENTINA Ariel Palacios Projeto sobre Papel Prensa se radicaliza O governo da presidente Cristina Kirchner endossou ontem no Congresso um controvertido projeto de lei que pretende criar uma série de mecanismos de controle para a fabricação de papel-jornal na Argentina. A proposta foi aprovada por 78 votos a favor e 75 contra em uma comissão especial e será levada ao plenário em duas semanas. A medida declara ainda ‘de interesse público’ a produção, distribuição e comercialização de jornais. Cristina havia apresentado um projeto próprio para regular a atividade. No entanto, sem conseguir apoio suficiente, os deputados governistas – do Partido Justicialista (Peronista) – tiveram de endossar na comissão parlamentar uma versão mais radical da proposta. O texto debatido foi elaborado pelo partido Projeto Sul, de esquerda, comandado pelo diretor de cinema e atual deputado federal Fernando ‘Pino’ Solanas. A oposição criticou o projeto, argumentando que se trata de mais uma tentativa de ‘estatização encoberta’, e prometeu impedir sua aprovação na Câmara dos Deputados. Os partidos da oposição foram pegos de surpresa, pois não esperavam a aliança entre o Projeto Sul e os parlamentares kirchneristas, que permitiu que o governo conquistasse maioria. Jornais na mira. A Papel Prensa, a única fábrica de papel-jornal da Argentina, que abastece 75% do mercado local e atende 172 jornais em todo o país, é controlada pelo jornal Clarín, que possui 49% das ações. O Estado argentino é o segundo maior acionista, com 27,46% dos papéis da empresa. Em terceiro lugar, vem o jornal La Nación, com 22,49% das ações. O projeto respaldado pelo governo determina um teto de 10% da empresa a acionistas que tiverem canais de TV, rádio ou jornai. Dessa forma, os jornais Clarín e La Nación teriam de vender a maior parte de suas ações no prazo máximo de três anos. O projeto também determina que a fiscalização da Papel Prensa será realizada pelo Ministério da Economia. Martín Etchevers, gerente de comunicações externas do Grupo Clarín, disse ao Estado que o projeto de lei ‘vai na contramão do mundo’. ‘A indústria de papel está em retração em todo o mundo e esse tipo de medida, em vez de estimulá-la, tende a destruí-la. Além disso, é outro tipo de confisco, já que ignora os direitos dos acionistas.’ José Ignacio López, do La Nación, disse que o projeto ‘é um disparate, além de ser inconstitucional. Não passa de mais uma tentativa de controlar a mídia’. TELES Célia Froufe Cade aprova compra da Brasil Telecom pela Oi O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, por unanimidade, a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi. Impôs, no entanto, restrições à continuidade do negócio, por meio de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD). A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já havia definido algumas condições para a operação em dezembro de 2008, quando foi concedida a anuência prévia para a compra da BrT. Entre as obrigações que passarão a fazer parte da operação das novas empresas estão a informação periódica ao Cade sobre demandas de clientes e organização de um sistema de filas para ver se demandas semelhantes estão sendo tratadas de forma semelhante ou não. O conselheiro-relator do processo, Vinícius Carvalho, disse que as informações podem ser passadas à Anatel para que o órgão regulador indique, por exemplo, investimentos em determinado segmento deste mercado. Segundo ele, há acusações de que a regulamentação não tem sido suficiente para conter abuso de mercado, como recusa de prover acesso e venda conjunta de produtos e serviços. ‘Frente a tantas denúncias sobre falta de fiscalização, é difícil afirmar que a regulamentação seja suficiente para inspecionar o setor’, disse o conselheiro. O que o Cade estipulou, resumidamente, é que se tenha a possibilidade de acompanhar os pedidos de infraestrutura de rede feitos por outras empresas da área, em especial a oferta de serviços de exploração de linha dedicada e demais ofertas no atacado. Mercado diverso. Segundo Carvalho, a decisão de um acordo para acompanhar os pedidos de utilização da rede de infraestrutura feitos à Oi/BrT por outras empresas está em linha com o trabalho da agência reguladora. O conselheiro salientou que o mercado de comunicações atual é ‘muito diverso’ do desenhado na época da regulamentação do setor de telecomunicações. ‘Mas, para o Brasil, é inexata a comparação’, disse Carvalho. O relator negou que o órgão antitruste esteja esbarrando em áreas de agências reguladoras. ‘O Cade tem por função analisar o negócio pelo ponto de vista concorrencial. A medida da Anatel precisava ser aprimorada e é nossa competência fazer isso. Se alguém achar que o Cade está usurpando competência da agência para fazer isso, é preciso mudar a lei do SBDC (Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência)’, defendeu. Carvalho salientou que, até o acordo de ontem, o que existia entre as empresas e a Anatel era um sistema informal de informações. Isso não era suficiente, segundo ele, para o Cade saber se tratamentos diferenciados dados pela Oi/BrT a empresas que buscavam seus serviços eram práticas anticompetitivas ou se tratavam realmente de questões distintas. ‘Não sabemos hoje, por exemplo, se a empresa não tem rede para oferecer mesmo ou se não quer aquela empresa’, pontuou. Caso não cumpra o acordo em três meses, a empresa terá de pagar multa de R$ 100 mil, além de mais R$ 10 mil diários. Atrasos na entrega de relatórios também serão punidos com multa de R$ 10 mil por dia. Além disso, pagará R$ 100 mil se prestar informações erradas ao Cade, com possibilidade até de a operação ser desfeita. Para o diretor de regulação da Oi, Paulo Matos, não há problema em seguir as exigências do Cade. ‘Não temos nada a esconder’, garantiu. ‘O que já passamos para a Anatel, agora passaremos também para o Cade.’ CULTURA Jotabê Medeiros Fundo de cultura chega antes da lei É o maior volume de recursos de estímulo direto à área cultural já anunciado no País: cerca de R$ 300 milhões em um mês. Só hoje estão sendo divulgados 18 editais, num total de R$ 87 milhões, abrangendo áreas diversas, como artes cênicas, música, bibliotecas, periódicos e revistas de arte, acervos artísticos, artes plásticas, livrarias. Os demais editais do novo Fundo Nacional de Cultura (FNC), 22 no total, com R$ 118 milhões, serão apresentados até o fim de novembro, informou o MinC. Cada edital terá 45 dias de prazo, e os resultados serão apresentados em 2 meses. A questão-chave é: se era possível ter feito isso desde sempre, por que o MinC só fez agora? Segundo Alfredo Manevy, secretário executivo do MinC, a resposta é a seguinte: o modelo foi desenvolvido após extensa discussão com a classe artística, nas conferências de cultura e em consulta a setores produtivos. A adoção dos fundos em 2010 se deve a dois fatores básicos: a necessidade de ‘testar o sistema’ antes da aprovação da nova Lei Rouanet e a elevação do orçamento do MinC, de R$ 2,2 bilhões este ano. O maior volume único de recursos vai para o recém-criado Prêmio José Mindlin de Instituições Culturais, de R$ 23,4 milhões. O valor destina-se a amparar instituições públicas, mas que não recebem recursos de Estados e municípios. Manevy explicou assim a homenagem ao bibliófilo Mindlin: ‘Sem dúvida, ele foi um dos notáveis da sociedade brasileira que mais se dedicaram a fortalecer as instituições culturais no País. É um símbolo, por ter procurado sempre o caminho da excelência.’ Para Manevy, a adoção do novo FNC antes mesmo de sua aprovação pelo Congresso visa a ‘oferecer uma alternativa robusta ao modelo do mecenato e do patrocínio da Lei Rouanet’. A garantia de sua continuidade, diz o secretário, já é legal: o presidente Lula assinou em agosto a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2011, que veio com uma emenda que protege o Fundo Nacional de Cultura de qualquer contingenciamento. ‘A área cultural foi submetida esses anos todos ao modelo exclusivista da renúncia fiscal, e agora vai experimentar um modelo mais moderno. Vai receber o recurso público direto para sua atividade, o qual ela terá de prestar contas com a própria realização do projeto aprovado’, afirmou. Segundo o Minc, a distribuição dos recursos foi decidida pela Comissão do Fundo Nacional de Cultura (FNC) após a apresentação das diretrizes e ações aos Comitês Técnicos dos 8 setores. Cada comitê é integrado por 10 representantes da sociedade civil e 8 do MinC. Singular. O Fundo Nacional de Cultura é definido como fundo público, constituído de recursos destinados exclusivamente à execução de programas, projetos ou ações culturais. O MinC pode conceder o benefício por meio de programas setoriais realizados por edital, ou apoiando propostas que, por sua singularidade, não se encaixam em linhas específicas de ação (demanda espontânea). Ministério diz inspirar-se nos modelos da Fapesp e CNPq. Pela primeira vez, o governo lança edital específico para o setor das pequenas e médias livrarias brasileiras. O Edital Procultura para Programação Cultural de Livrarias vai selecionar 100 projetos, investindo R$ 3 milhões no setor. Poderão participar do Edital Procultura para Programação Cultural de Livrarias instituições de pequeno porte, com faturamento mensal de até R$ 60 mil, ou de médio porte, com faturamento entre R$ 60 mil e R$ 90 mil, que tenham pelo menos 50% do espaço físico reservado a livros e similares. Os recursos, entre R$ 26 mil e R$ 36 mil, deverão ser investidos no desenvolvimento e/ou manutenção de programação, voltada à promoção do livro, leitura e literatura, por no mínimo 12 meses. Nova ‘torneira’ de recursos, historicamente, sempre trouxe problemas adicionais, como o da má utilização das verbas. Ministério se diz preparado para lidar com o novo sistema. ‘Temos mais de 400 pareceristas contratados, para dar parecer técnico na origem, acompanhamento e monitoramento de projetos’, disse Manevy. ‘Consideramos obrigação a fiscalização eficaz, não queremos a falta de transparência que marcou a Rouanet.’ TELEVISÃO Cristina Padiglione Danilo Gentili se lança solo, sem Cuatro Cabezas Como condição para renovar contrato com a Band, o CQC Danilo Gentili exigiu, no fim do ano passado, um programa solo na emissora e, só agora, começa a formatar seu talk show – que não é um formato da prateleira da Cuatro Cabezas, produtora de CQC, A Liga e Formigueiro. ‘Estamos ‘criando’ coisas. Mas você sabe como gente de TV cria, né? Assistindo a outros canais e copiando’, ele brinca. ‘O programa não será nada mais do que o tradicional late night. Não quero inventar a roda, só colocá-la pra rodar da melhor forma possível.’ Com previsão de estreia para depois do carnaval, o programa de Gentili deve ter seu piloto gravado ainda este mês. / ALLINE DAUROIZ 2 pontos de média marcou a final do Busão do Brasil anteontem. O reality da Band atingiu apenas 3 pontos de pico ao premiar o participante Mário com R$ 1 milhão ‘Ainda acho estranho me ver na TV. Nunca mais ligo neste canal FORMAN.’ Rafinha Bastos, via Twitter, fazendo piada sobre o canal adulto voltado para homossexuais Um paraibano em sua essência clássica é o perfil da personagem que Miguel Falabella escreve para Diogo Vilela em sua próxima novela, programada para a faixa das 19h, na Globo. Ana Raio e Zé Trovão amargou na segunda-feira sua audiência mais baixa no SBT: 4 pontos de média. Dividiu com a RedeTV! a 4.ª posição no ranking do Ibope no horário. Deteriorada e com sequências sem nexo, a novela da Manchete chegou a surpreender no início de sua reprise pelo SBT. Naqueles dias, o SBT fazia um único intervalo de 4,5 minutos por capítulo. Agora, são três breaks de 5 minutos e 30 segundos cada. Governador reeleito na Bahia, Jacques Wagner estará no Roda Viva da TV Cultura nesta segunda-feira. E o programa de entrevistas da Cultura desistiu de gravar edições com Dilma Rousseff e José Serra neste 2.º turno. A emissora alega que a candidata não confirmou presença nem enviou representante ao sorteio de datas. Diante disso, a assessoria de Serra resolveu que ele também não iria. Regina Casé prepara, a toque de caixa, um especial para a programação de fim de ano da Globo. Unesco e Globo lançam livro em tributo aos 25 anos do Criança Esperança, amanhã, em São Paulo. Em seu blog, o autor Aguinaldo Silva diz que, em jantar com Walcyr Carrasco, ambos se declararam espantados com a súbita deserção de Ana Paula Arósio da novela do colega Gilberto Braga. ‘Aproveitamos para comentar a crescente rebeldia de alguns atores, que não hesitam em devorar o prato todinho e depois dão uma cuspidela dentro dele’, escreve Aguinaldo. E Aguinaldo vai ampliar seu espaço na web: lança em breve o site Aguinaldo Silva Digital. ************