Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Globo ganha liminar contra UOL na Justiça


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de julho de 2010


 


TRIBUNAL


Globo ganha liminar contra UOL na Justiça


A Rede Globo obteve na noite de quarta-feira uma liminar judicial que restringe a liberdade do UOL, portal de internet controlado pelo Grupo Folha, de usar imagens dos jogos da Copa do Mundo.


A Globo é detentora de direitos exclusivos para a transmissão dos jogos no Brasil, mas a legislação brasileira permite que outros veículos de comunicação usem essas imagens em sua cobertura jornalística, desde que não aproveitem mais de 3% do tempo total de cada jogo.


A liminar obtida pela Globo, concedida pela juíza Fernanda Xavier de Brito, da 44ª Vara Cível do Rio, determina que o UOL, além de respeitar esse limite e não fazer uso comercial das imagens, tire os vídeos do ar após 48 horas.


O UOL apresentou recurso ao Tribunal de Justiça do Rio para tentar derrubar a liminar. A ação movida pela Rede Globo acusa o portal de usar indevidamente as imagens dos jogos e pede indenização no valor de US$ 2 milhões (cerca de R$ 3,5 milhões).


Não há nada na legislação brasileira que proíba o UOL de manter no ar as imagens dos jogos por mais de 48 horas, segundo o portal. Mas a Globo alega que a manutenção dos vídeos por tempo indefinido na internet elimina o caráter jornalístico associado ao uso das imagens.


Há uma semana, a Globo propôs ao UOL e a outros portais de internet um acordo que limitaria o uso de suas imagens a 90 segundos por jogo, independentemente da duração, e o tempo de veiculação a apenas 48 horas.


O UOL rejeitou a proposta por considerar as condições mais restritivas que as da legislação em vigor. O portal Terra e a ESPN Brasil aceitaram o acordo com a Globo.


Desde o início da Copa do Mundo, o UOL tem usado as imagens dos jogos em vídeos com cerca de 90 segundos de duração. O portal dá crédito à Globo pelo uso das imagens, e o símbolo da emissora aparece em todos os vídeos.


3D


A Globo também pediu à Justiça que proíba o UOL de veicular os Gols 3D, vídeos que mostram os gols das partidas mais importantes por diferentes ângulos em animações feitas por computador. A emissora considera esses vídeos ilegais porque eles teriam finalidade comercial.


As animações são produzidas por uma empresa contratada em março pelo UOL, a Taxi Labs, que produz os vídeos com programas de computador que simulam o que ocorre no campo sem usar nenhuma imagem da televisão, de acordo com o UOL.


Em 2005, durante o Campeonato Brasileiro, a Globo também foi à Justiça para impedir o uso de imagens pelo UOL. A emissora obteve duas liminares, mas ambas foram derrubadas pouco depois.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Declínio e revolução


A ‘Economist’ dá capa para a Europa ‘mirando o abismo’. Em editorial, diz que ‘não há símbolo maior do declínio das finanças ocidentais do que a revolução nos bancos chineses’. Diz que na crise, enquanto os bancos centrais dos ‘países ricos’ repassavam recursos aos bancos privados, com efeito ‘frustrante’, os estatais chineses ‘concediam mais crédito’. Como efeito, ‘o crescimento se manteve forte e a China ganhou admiradores até nos países ricos’. Acrescenta que ‘na Índia e no Brasil não é mais retrógrado argumentar que bancos estatais devem ajudar a contra-atacar o ciclo econômico’.


Mas prossegue aqui o conflito iniciado pela crítica do Banco Central ao BNDES, dias atrás no ‘Valor’. Ontem, manchete na Reuters Brasil, entrou em cena a Fazenda, ‘BNDES contribui para conter inflação, diz secretário do Tesouro’. Ele rebate a ‘análise não muito rigorosa’ e defende que ‘o que causa pressão na política monetária é a ausência de capacidade instalada para fazer frente à demanda, e isso é garantido pela nossa política através do BNDES’.


O NOVO PANORAMA


A ‘Fortune’ soltou sua lista das 500 maiores empresas, junto com a análise ‘O novo panorama econômico do mundo’. Afirma que hoje, com consumidores em toda parte, as grandes empresas ‘precisam ir além, por terra ou mar’. Toma por modelo uma viagem de 18 dias pelo rio Amazonas, de um barco da Nestlé. ‘Vamos buscar o consumidor onde ele estiver’, declara Ivan Zurita, presidente da Nestlé Brasil. Líder das 500 maiores, a americana Wal-Mart, também ‘está se expandindo’. E ‘China e Brasil são vistos como seus próximos condutores de crescimento’.


ADVOGADOS NOS PORTÕES


A revista ‘The Lawyer’ noticia que ‘Escritórios dos EUA fazem fila para entrar no Brasil’. Abre citando um ‘ditado entre advogados americanos: o Brasil é a China ao lado’. Relata como o Chadbourne & Parke, de Nova York, está para obter licença para atuar em São Paulo, ao lado dos recém-instalados Simpson Thatcher & Bartlett e Milbank Tweed Hadley McCloy. Diz que ‘é fácil ver por que o Brasil -que deve crescer entre 6% e 8%- traz expectativa tão lucrativa aos escritórios: em termos de atividade corporativa, o contraste com EUA e Europa é inacreditável’.


Ilustração do ‘NYT’ para a reportagem ‘Facebook abre caminho ao redor do mundo’, destacando a ameaça ao Orkut na Índia e no Brasil


ADEUS, ORKUT?


O TechCrunch deu anteontem que o Facebook está perto de empatar com o Orkut, do Google, como maior rede social da Índia. Já ‘o Brasil ainda é seguro para o Orkut’, com 29 milhões de visitantes contra 8 milhões do Facebook. ‘Mas o Google já não deposita suas esperanças no Orkut e mudou para coisas como clonar o Facebook com o projeto Google Me.’


Na sequência, o ‘New York Times’ publicou que o Facebook, após derrotar o MySpace nos EUA, ameaça o Google/Orkut nos mercados que restavam.


RETRATOS PINTADOS ‘Às vezes, preto-e-branco não basta’, escreve a ‘New Yorker’, sobre uma exposição. Mas, ‘se você viveu no Nordeste brasileiro, pode ter resolvido o problema levando aos artesãos locais’.


 


 


EUA


AP


Gates defende regra para dificultar contato entre militares e mídia


O secretário da Defesa, Robert Gates, defendeu, ontem, a decisão de controlar mais a divulgação de informações à imprensa. Pelas novas regras, publicadas na semana passada, o contato de funcionários do Pentágono e de militares com a mídia precisará de aprovação da assessoria de imprensa do Departamento da Defesa. Isso, diz Gates, sem interferir no papel fiscalizador da mídia ou calar militares em combate.


‘Isso não diz respeito a vocês [jornalistas]. Diz respeito a nós’, disse Gates. ‘Diz respeito a pessoas do departamento falando de assuntos sobre os quais não têm todas as informações, não têm perspectiva.’


Essas novas regras surgem semanas após a queda do general Stanley McChrystal, chefe das tropas no Afeganistão, devido a declarações contra a cúpula do governo feitas por ele e assessores em reportagem da ‘Rolling Stone’.


 


 


SARAMAGO


Imagem religiosa gera rumor de retirada da ‘Playboy’ em Portugal


Após fazer um ensaio de capa com uma mulher desnuda ao lado de um homem vestido como Jesus Cristo, a ‘Playboy’ portuguesa enfrentou rumores de que seria fechada em Portugal pela dona da revista, a empresa Frestacom-Lisbon.


A informação foi dada pelo jornal ‘USA Today’. Logo em seguia, o periódico ‘Correio da Manhã’, de Portugal, afirmou que a Frestacom-Lisbon desmentiu a informação.


 


 


CASO ELIZA


Nelson de Sá


Frenesi de mídia com o caso altera até a programação


Começou na capa das revistas semanais, no fim de semana, com fotos de Bruno e enunciados como ‘Traição, orgias e horror’ ou ‘Sexo, violência e futebol’.


Nos dias seguintes, o ‘Brasil Urgente’ de José Luiz Datena, na Band, passou a contar com o próprio delegado, ao vivo, como atração constante. Ontem, a participação se estendeu por quase duas horas -em um programa ampliado, que entrou no ar uma hora antes.


O ‘Jornal Nacional’, anteontem na escalada de manchetes, anunciou e depois entregou ‘a barbárie descrita em detalhes’ -em uma reportagem ‘exclusiva’ que contou com trechos como ‘quatro rottweilers começaram a comer a mão’.


O ‘Bom Dia Brasil’, ontem, trouxe ‘imagens exclusivas feitas com uma microcâmera na Polinter’ sem que o goleiro, já preso, soubesse. ‘Bruno demonstrou preocupação apenas com o futuro profissional dele’, destacou a apresentadora.


Com cobertura quase intermitente, por vezes dividindo a tela com a programação normal, a Globo News chegou a abrir link para Nova York e, em debate, comparou o goleiro com OJ Simpson -que contou com uma cobertura semelhante.


Como no caso de 1994/95, imagens de helicóptero foram usadas à exaustão por Band, Record e Globo, não só no Rio, mas em Minas. Ontem, elas encerraram o ‘JN’, ao vivo, acompanhando o comboio que levou o acusado ao aeroporto. A Globo News transmitiu a decolagem do Rio e depois a chegada a Belo Horizonte.


Antes, no meio do dia, uma câmera flagrou e manteve em foco uma mulher falando para Bruno, que passava, cercado por policiais, ‘assassino!’. Espelhou o que a cobertura já havia julgado, sem usar a palavra.


 


 


COPA


Emblema vaza na rede mais de um mês antes


A ideia de criar um emblema com mãos entrelaçadas no formato da Taça Fifa é da agência Africa, do publicitário Nizan Guanaes. Ela foi uma das 30 empresas do ramo convidada pela Fifa para o concurso.


Todos os modelos foram analisados e escolhidos há um mês pelo escritor Paulo Coelho, a modelo Gisele Bündchen, o designer Hans Donner, o arquiteto Oscar Niemeyer, a cantora Ivete Sangalo e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.


A apresentação ontem não causou impacto porque a imagem vazou e foi divulgado no portal IG, na internet, no dia 31 de maio.


Dois meses antes, a imagem fora registrada na Ohmi (sigla em inglês do Escritório de Marcas e Registro de Design) da União Europeia. A instituição é encarregada pela proteção à propriedade intelectual.


 


 


Marcos Augusto Gonçalves


‘Chico Xavier’ é mostrado em festa brega da Globo e da CBF


A festa de apresentação do símbolo da Copa do Brasil me fez perguntar: ‘Será que ainda dá pra desistir?’. Foi um festival de breguice verde e amarela. Macumba metida a modernete pra turista ver.


O visual foi bolado pelo Gringo Cardia (se restava alguma dúvida…), sob medida para a presepada Global.


O logotipo, como se sabe, já havia vazado. E já tinha ganhado até apelido: ‘Chico Xavier’. De fato lembra o rosto do grande médium, com seu cabelo repartido do lado esquerdo e a mão na face, em momento de concentração. Ele não merecia isso.


Na realidade, são três mãos que formam a taça. Esperemos que não surjam motivos para acrescentar algemas ao já odioso desenho.


E para não dizer que não falei de Aldo Rebelo, por que Brasil com ‘z’? A Copa não será realizada aqui?


A única coisa que se salvou foi a Fernanda Lima. OK, amigas – e o marido dela.


Depois do que vimos, pode-se esperar uma escalada do ufanismo ‘merdavarelo’ (a expressão é de Caetano Veloso) filtrado pelo característico ‘carioquismo’ da Globo e da CBF. Ziriguidum! Vai ser duro aguentar.


#prontofalei.


 


 


TELEVISÃO


Clarice Cardoso


Record vai fazer Machado de Assis viajar no tempo


Depois de levar ao ar adaptações de histórias de Machado de Assis, como ‘Os Óculos de Pedro Antão’ (2008) e ‘Uns Braços’ (2009), a Record prepara um docudrama que dá um curioso superpoder ao autor de ‘Dom Casmurro’: o de viajar no tempo.


Na trama, que está sendo coproduzida mais uma vez pela Contém Conteúdo, o escritor será transportado para o ano de 2010.


Nos dias atuais, ele será recebido com ceticismo na ABL (Academia Brasileira de Letras), onde será sabatinado pelos colegas imortais, que desconfiam se tratar de um impostor.


Passagens da vida de Machado serão então dramatizadas de acordo com as respostas corretas que ele der a respeito de si mesmo e da própria biografia.


O telefilme, que está previsto para ir ao ar no segundo semestre deste ano e será gravado no Rio de Janeiro, está sendo produzido com recursos do artigo 3º A da Lei do Audiovisual -que concede a canais que comprarem produções estrangeiras, como filmes, séries ou eventos esportivos internacionais, incentivo fiscal para a produção de programas nacionais.


HARE BABA


Arthur Veríssimo (Rede TV!) conferiu com Eliana (SBT), na terça, a primeira versão do livro sobre a Índia que ele lançará pela editora dela, a Master Books


Trema Jô Soares aproveitou a gravação do ‘Programa do Jô’ (Globo) para assinar um manifesto contra a nova ortografia. O objetivo do movimento, liderado pelo professor Ernani Pimentel, é o de rever equívocos criados pelo novo acordo ortográfico.


Cor-de-rosa choque 1 O público feminino cresceu 14% no total de TVs ligadas no canal SporTV durante os primeiros dez dias de Copa do Mundo em comparação ao Mundial anterior, de 2006.


Cor-de-rosa choque 2 No período, a mulherada marcou maior presença no jogo do Brasil contra a Coreia do Norte: elas foram 55% do total de pessoas que assistiu à partida que marcou a estreia da seleção no campeonato.


Dianteira A audiência de ‘CSI: Investigação Criminal’ surpreendeu a Record no mês passado. O policial registrou média de 12 pontos (cerca de 720 mil televisores ligados na Grande São Paulo). Apenas a título de comparação: são dois a mais do que a média da novela ‘Ribeirão do Tempo’.


Gondoleiro Na volta das férias do ‘Manhattan Connection’ (GNT), em 29/8, Diogo Mainardi surgirá apresentando o programa de Veneza, na Itália. Comentará notícias ligadas à Europa. Outra novidade é que a atração receberá convidados para os debates.


Atum O ‘Globo Mar’, que foi ao ar em abril, chega no próximo dia 18 ao canal Globo News. Vai ao ar aos domingos, às 15h30.


 


 


‘The Pacific’ e comédia ‘Glee’ lideram indicações ao Emmy


Foram divulgados ontem pela manhã os indicados à 62ª edição do Prêmio Emmy, considerado o Oscar da televisão norte-americana.


O anúncio foi comandado pelos atores Joel McHale (‘Community’) e Sofia Vergara (‘Modern Family’).


A presença de novos seriados chamou a atenção na seleção deste ano. Três atrações na primeira temporada foram indicadas a melhor série: as comédias ‘Glee’ e ‘Modern Family’ (ambas exibidas na Fox) e o drama ‘The Good Wife’ (Universal).


O musical ‘Glee’, aliás, ficou em segundo lugar em número de indicações (19), incluindo melhor comédia, ator (Matthew Morrison, que vive o professor Will) e atriz (Lea Michele, a morena enjoadinha Rachel).


A série sobre um grupo de nerds que entra para um coral ficou atrás apenas de ‘The Pacific’ (HBO). A minissérie, sobre o envolvimento de tropas norte-americanas na região do Pacífico durante a Segunda Guerra, concorre em 24 categorias, incluindo direção (David Nutter e Jeremy Podeswa).


O drama ‘Mad Men’ (HBO) compete em 17 categorias, como direção (Lesli Linka Glatter), ator (Jon Hamm) e atriz (January Jones).


O seriado sobre publicitários nos anos 1960 disputam o troféu entre os dramas com ‘Breaking Bad’, ‘Dexter’, ‘The Good Wife’, ‘True Blood’ e ‘Lost’.


A série de ficção científica criada por J.J. Abrams, Carlton Cuse e Damon Lindelof, que exibiu sua última temporada até maio, teve também indicações de ator para Matthew Fox (Jack) e atores coadjuvantes para Terry O’Quinn (Locke) e Michael Emerson (Ben).


A lista das comédias inclui ‘Curb Your Enthusiasm’, ‘Glee’, ‘Modern Family’, ‘Nurse Jackie’, ‘The Office’ e ‘30 Rock’. Todas elas são exibidas no Brasil.


A surpresa foi Conan O’Brien, do ‘Tonight Show’, que concorre entre os programas de variedades, musical e comédia. Jay Leno, à frente de seu ‘talk show’ por 17 anos, ficou de fora assim como David Letterman.


A cerimônia de entrega do prêmio será apresentada por Jimmy Fallon, no dia 29 de agosto, em Los Angeles.


 


 


Gustavo Villas Boas


No fim, Monk resolve o único caso que não havia desvendado


Um livro sobre decoração em uma casa mal arrumada é uma pista suficientemente clara para o detetive Adrian Monk resolver um caso, como vemos na oitava e última temporada da série, que sai em box com quatro DVDs.


Nos 16 capítulos que encerram a história de Monk (Tony Shalhoub), o investigador com transtorno obsessivo-compulsivo, como sempre fez, percebe qualquer coisa fora do lugar: um grão de arroz, muito pó, o bigode de um conhecido aparado antes do dia convencional.


Mas, no ano derradeiro, Monk também faz algo diferente. Em capítulo duplo, resolve o grande caso de sua vida: o assassinato de sua mulher, Trudy, o único crime que não havia desvendado.


Foi este homicídio que gerou o trágico herói desta comédia policial: um homem cheio de manias e um justiceiro determinado. O crime e as consequências apareceram durante a série.


Outra novidade é o casamento do capitão Leland (Ted Levine). Sharona (Bitty Schram), que cuidou do detetive nos três primeiros anos, volta para uma participação.


Outras presença é Elizabeth Perkins (‘Weeds’).


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de julho de 2010


 


ELEIÇÃO


Dilma fala em controle público de meios de comunicação


A candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, descartou ontem ser favorável ao controle social dos meios de comunicação, mas pregou, sem dar detalhes, o ‘controle público’ do setor.


‘Particularmente, eu acho que em qualquer seguimento não se trata de controle social, mas de controle público. E isso existe hoje no Brasil, como por exemplo o marco regulatório no setor de petróleo e de energia elétrica’, disse Dilma, em campanha na cidade de São José do Rio Preto, em São Paulo.


O debate sobre o controle social da mídia e a democratização dos meios de comunicação é antigo e mobiliza o PT, mas o partido não pretende, segundo dirigentes envolvidos na campanha, abordar o assunto de maneira explícita no programa de Dilma.


Nos momentos em que é questionada sobre o tema, Dilma reitera ser favorável à liberdade de imprensa, o que também fez ontem. ‘Sou completamente envolvida com a liberdade de expressão e com a liberdade de imprensa’. Ao participar do programa Roda Viva, no mês passado, a candidata afirmou que ‘liberdade de imprensa não tem que ter controle’. Sinalizou, porém, concordar com o debate sobre ‘um novo marco regulatório’.


Ontem, a petista defendeu ‘a expansão da internet banda larga e a multiplicação de todos os veículos de comunicação de mídia’. Anteontem, em jantar com empresários e políticos no interior paulista, ela elogiou o aumento do acesso da população à informação durante o governo do presidente Lula, bem como o aumento da liberdade de imprensa nos últimos anos.


Segundo o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas, o assunto é polêmico no partido e não há nenhuma proposta fechada sobre qual seria o modelo ideal de ‘controle’ e regulação da mídia.


‘Ninguém prega o patrulhamento político ou o alinhamento da mídia. Não cabe isso no Brasil e em nenhum lugar do mundo’, disse ao Estado. Para Vargas, o debate permanecerá num próximo governo, o que não significa que o PT pretenda propor um modelo fechado de controle.


O tema também é debatido pelo atual governo. O polêmico terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, por exemplo, propôs ‘a criação de marco legal regulamentando o artigo 221 da Constituição, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão como condição para sua outorga’.


O artigo 221 estabelece que as programações de rádio e TV devem obedecer a princípios de regionalização da produção cultural e critérios educacionais, Para os petistas, esse artigo precisaria ser regulamentado, o que poderia abrir brechas para algum controle sobre a programação da mídia, segundo entidades representativas do setor.


 


 


EUA


Walter Rodgers, The Christian Science Monitor


Lição do episódio McChrystal: preço é alto por criticar chefe


Destacar as falhas de nossos superiores – principalmente na vida pública – equivale a dar um tiro no próprio pé. O general Stanley McChrystal, que foi exonerado do comando no mês passado por insultar o presidente americano, Barack Obama, e outros funcionários do governo dos EUA, é a prova mais recente disso.


Aparentemente, McChrystal foi demitido por ter infringido o sagrado código do soldado segundo o qual um oficial não pode criticar publicamente seu comandante-chefe. Em 2004, no Iraque, nem os soldados de patente mais baixa do 101.º Batalhão Aerotransportado na Província de Nínive eram doidos a ponto de permitir que este repórter os atraísse para tal armadilha. Em um nível mais profundo, McChrystal fracassou no teste de Hamlet, ignorando o conselho de Polônio: ‘Não dê palavras a seus pensamentos. Nem ação a pensamentos precipitados.’


No entanto, alguns observadores sem nada a perder sugeriram que McChrystal deveria ser aplaudido por ‘falar a verdade’.


Absolvição. Talvez ele venha a ser absolvido pela História, principalmente, segundo foi noticiado, por julgar que Obama se sentia ‘intimidado e desconfortável’ com os generais e ‘não parecia muito interessado’ na reunião com McChrystal.


Mas o general não deveria ser aplaudido, porque ‘dizer a verdade’ significaria dizer ao povo americano que a guerra no Afeganistão não pode ser vencida.


Se, como disse certa vez Michael Kinsley, ‘uma gafe é quando um político conta a verdade’, uma avaliação de McChrystal sobre as perspectivas reais dos Estados Unidos no Afeganistão teria sido uma gafe que valeria a pena fazer para encerrar uma carreira.


Washington não tem muita tolerância para as gafes, principalmente em tempos de guerra.


Em 1968, o governador George Romney, candidato republicano à presidência, cometeu uma gafe que provavelmente lhe custou a indicação e quem sabe até a presidência.


Com outra guerra sem sentido no topo da agenda de todos, naquela época, Romney disse que inicialmente defendera a Guerra do Vietnã porque uma viagem de investigação que ele fizera em 1965 resultou na ‘maior lavagem cerebral à qual uma pessoa possa se submeter’. Romney disse a verdade e foi ridicularizado pelos políticos – não importa se o presidente Lyndon Johnson mentiu durante anos aos americanos a respeito do Vietnã.


As pessoas que ocupam altos cargos às vezes põem em risco a própria carreira – e quem sabe até a vida – ao contestar a convicção geral de seus superiores. Na melhor das hipóteses, esses dissidentes são impelidos pela coragem moral. Na pior, são movidos pela perspectiva da venda de livros. Em ambos os casos, provavelmente serão tachados de traidores.


Vejamos o caso de Paul O’Neill, o secretário do Tesouro de George W. Bush. Ele foi obrigado a deixar o cargo porque em 2002 alertou sobre um enorme déficit do orçamento, se a Casa Branca não elevasse consideravelmente os impostos e fizesse amplos cortes dos gastos.


Para o círculo mais próximo de Bush, falar a verdade sobre os impostos era considerada uma deslealdade imperdoável. O’Neill saiu por ter infringido a linha do partido, embora suas recomendações possam ter sido ditadas pela prudência econômica.


Posteriormente, O’Neill escreveu um livro de memórias censurando severamente Bush por não agir de maneira inteligente nas reuniões do gabinete, e por desestimular seus assessores a manifestar opiniões discordantes. Os partidários de Bush reagiram, não negando suas acusações, mas atacando a credibilidade de O’Neill.


Preocupação. Muito embora os dissidentes muitas vezes sejam demonizados, como neste caso, eu pude constatar que a História pode absolver pessoas que pertencem ao círculo mais restrito do governo e se preocupam em expor as falhas de um programa político equivocado.


Enoch Powell, um brilhante membro conservador do Parlamento britânico anterior a Margaret Thatcher, alertou em 1968 a respeito de um significativo aumento da criminalidade, da pobreza e da violência decorrentes da imigração descontrolada.


Powell, ministro do gabinete paralelo do governo de Edward Heath, foi duramente criticado e demitido por seu discurso sobre os ‘Rios de sangue’ (contra a imigração). Hoje, enquanto a Grã-Bretanha está às voltas com os guetos urbanos muçulmanos e com a série de ataques terroristas realizados por filhos de imigrantes paquistaneses nascidos na ilha, Powell é muitas vezes homenageado postumamente como profeta e lembrado como tal por muitos ingleses.


Aparentemente, os generais são mais propensos a atirar nos próprios pés. O marechal Nikolai Ogarkov era o militar de mais alta patente do Exército soviético na época em que seus superiores decidiram secretamente invadir o Afeganistão. Julgando esta decisão um erro terrível, Ogarkov procurou seu chefe, o ministro da Defesa, Dmitri Ustinov, para alertá-lo de que o regime Leonid Brejnev estava incorrendo em um erro militar colossal. Ustinov acabou imediatamente com seu rompante: ‘Sua função é planejar operações específicas e pô-las em prática. Cale a boca e obedeça as ordens.’


É um fato que às vezes nos sintamos impelidos a falar coisas mesmo quando sabemos que estamos criando um problema muito grande para nós mesmos. Declarações muito francas têm claros limites entre os militares, no governo e no local de trabalho. Mas, e quando os planos do chefe comprometem os resultados finais da companhia, ou a segurança nacional? Neste caso, só teremos de nos guiar pela prudência e pela consciência. Uma atitude corajosa às vezes merece um prêmio, mas não sejamos ingênuos. Afirmar ‘mas eu estou certo’ só acarretará a insegurança de nosso emprego. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA


É ex-correspondente internacional sênior da CNN


 


 


INTERNET


Karla Mendes


Banda larga móvel terá metas de qualidade


Os usuários de banda larga móvel de terceira geração (3G) ganharam um importante instrumento para exigir qualidade das empresas que prestam o serviço. O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou ontem a revisão da regulamentação sobre a qualidade do Serviço Móvel Pessoal (SMP), que abrange os serviços de telefonia celular e banda larga móvel.


Um dos principais avanços do texto aprovado é a criação de metas de qualidade para a banda larga móvel, o que não estava previsto na regulamentação anterior, pois na época o serviço ainda não era ofertado no País.


Foram criados três indicadores para a internet 3G: a taxa de conexão ao acesso, que é o indicador relativo à disponibilidade do sistema; a taxa de queda do acesso, que vai avaliar a estabilidade da conexão, e o monitoramento da garantia de velocidade contratada, estabelecendo patamares mínimos de entrega da conexão. Pela proposta, nos horários de maior uso, a prestadora terá de garantir uma velocidade mínima de 30% do valor máximo previsto no plano, tanto para download quanto para upload. Nos horários de menor tráfego, o porcentual exigido será de 50%.


Haverá ainda o aumento gradativo dos porcentuais exigidos: um ano depois da implementação do novo regulamento, a operadora terá de garantir, no mínimo, 50% do valor máximo nos horários de maior movimento e 70% nos outros períodos do dia. Atualmente, as operadoras só se comprometem a entregar o mínimo de 10% da velocidade comercializada.


Ideal. A conselheira da Anatel, Emília Ribeira, relatora do regulamento, admite que o ideal seria a garantia de 100% da velocidade contratada a todo momento. Mas ela explica que o serviço de banda larga móvel ainda está sendo implantado no País e é uma tecnologia sujeita a diversos fatores que interferem diretamente na velocidade. ‘O mais importante é que as empresas instruam os consumidores sobre o uso do serviço, alertando-os para essas variações’, diz.


A conselheira afirma que a agência também estuda revisar, em breve, o regulamento de prestação de serviço, que poderá alterar a publicidade das empresas – atualmente, só a velocidade máxima oferecida é destacada. A advogada Estela Guerrini, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), porém, destaca que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já garante o direito à informação correta, precisa e ostensiva do produto que está sendo adquirido. ‘A variação da velocidade não é exceção, é regra. Então, o valor cobrado do consumidor pelo pacote de determinada velocidade não pode ser integral. É questão de boa-fé.’


Celular. Na telefonia celular, o regulamento também trouxe inovações, como a criação de um índice para aferir a qualidade do serviço das mensagens de texto. A agência fixou o tempo máximo de 60 segundos para que as mensagens sejam entregues ao destinatário, em até 95% dos casos.


Foi criado também um indicador para avaliar a qualidade das operações de portabilidade numérica, que permite que o cliente mude de operadora mantendo o número do telefone.


O texto será encaminhado agora para consulta pública, pelo prazo 45 dias. Depois, voltará para o conselho diretor para analisar as alterações sugeridas. O regulamento entrará em vigor 180 dias depois da publicação.


 


 


COPA


Eduardo Maluf


Ferido, Dunga defende decisões e quer descanso


Dunga se fechou em sua casa, em Porto Alegre, desde a chegada ao Brasil, no domingo, depois da decepção na África do Sul, que, segundo, ele, já virou uma ‘ferida’. Ele passou a semana ao lado da família e não assistiu aos jogos das semifinais da Copa – nem pretende ver a decisão entre Holanda e Espanha. ‘Depois que voltei, não vi nenhum jogo até agora. Tenho dedicado todo o meu tempo livre à família. Só fiquei sabendo dos resultados e mais nada’, afirmou. Ele garante não estar arrependido por ter deixado Neymar, Paulo Henrique Ganso e Ronaldinho Gaúcho fora do Mundial. ‘Foi feito tudo o que tinha de ser feito’


O treinador afirmou que a ‘ferida’ da derrota para a Holanda já está feita em seu corpo e não sairá tão cedo. ‘Vai ficar uma ferida. Esse jogo não vai sair da cabeça tão cedo. Futebol é minha vida. Ninguém está preparado para perder. Foi uma fatalidade. Os holandeses tiveram duas chances e fizeram dois gols. Jogamos um grande primeiro tempo, poderíamos ter matado o jogo. Fazer o quê? Um dia alguém vai analisar toda a história e avaliar o que aconteceu’.


Ele também revelou tristeza por não ter conquistado o hexacampeonato mundial. ‘Os jogadores foram leais em todos esses dias, foram incríveis. Eles se entregaram, não tenho um A para falar deles. Como as coisas estavam andando, era para termos chegado até a final. Essa é a maior tristeza. Tudo o que disse que faria antes da Copa foi feito. Não mudei nada. Fizemos o que tínhamos de fazer’.


O técnico declarou que Felipe Melo ‘pagou a conta’, mas o isentou de culpa pela eliminação. ‘Em 1990, foi comigo’. ‘Não adianta massacrar o cara’. Dunga também elogiou a disposição mostrada por Kaká durante a Copa do Mundo e a preparação para o torneio. ‘Fazia cinco meses que o Kaká não jogava. A tendência era de que crescesse durante a competição, e ele vinha crescendo. Não tenho nada para falar do Kaká. Ele treinava pela manhã, à tarde, à noite… Às vezes, eu até precisava freá-lo’.


Dunga afirmou não ter mágoa de Ricardo Teixeira que anunciou sua demissão pelo site da CBF, depois de avisá-lo por telefone. ‘Não posso exigir que ele aja como eu agiria. Não tenho do que me queixar. Ele (Teixeira) me deu a chance de dirigir a seleção brasileira, de fazer quatro anos de trabalho. Vou reclamar do quê? Me pagou até avião privado para que eu fosse de São Paulo até Porto Alegre (na chegada da delegação ao Brasil)’.


O treinador garantiu que ainda não pensa em voltar a trabalhar, apesar de ter recebido várias propostas.’Tenho propostas desde antes da Copa, mas agora só quero ficar com minha família e tirar férias’.


Dunga disse ter o apoio do torcedor brasileiro, mesmo com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo. ‘O torcedor viu o que queria ver: uma seleção empenhada, disciplinada, que respeitou a camisa. É claro que o torcedor está chateado, queria que a seleção ganhasse. Eles cobram o time deles, não o treinador da seleção’


Além disso, voltou a reclamar do tratamento da imprensa, embora diga não guardar mágoas, e voltou a atacá-la. ‘A crítica ao trabalho é uma coisa, mas a crítica ao ser humano é outra. A imprensa que tanto lutou pela democracia é cruel. É o que falei, certa vez, para um figurão da imprensa’


 


 


 


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