VAZAMENTO
Gustavo Chacra
WikiLeaks detalha abusos no Iraque
Informações detalhadas sobre como o Irã armou e financiou milícias xiitas iraquianas, quantos civis morreram desde 2004 e de que forma prisioneiros eram sistematicamente torturados no Iraque foram reveladas ontem pela organização independente WikiLeaks. Ao todo, 391.832 documentos secretos narram os bastidores das operações militares dos EUA no Iraque.
Segundo as informações divulgadas ontem, pelo menos 109 mil iraquianos morreram na guerra – cifra muito superior à estimada pelo governo americano, que teria maquiado provas para reduzir o número de mortos. Os documentos compilados cobrem o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009.
O WikiLeaks já havia vazado informações secretas sobre o Afeganistão em julho (mais informações na página A26). Autoridades americanas e da Otan voltaram a criticar duramente a ação do grupo. ‘Tenho a firme convicção de que devemos condenar nos termos mais claros a difusão de qualquer informação, por parte de indivíduos ou organizações, que coloque em perigo a vida de soldados ou civis dos EUA e de seus aliados’, atacou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
‘Nós queremos maximizar o impacto’, escreveu Julian Assange, o polêmico fundador do site, em mensagem no Twitter, depois de pedir às pessoas que acompanhassem uma série de veículos de comunicação, incluindo a BBC, CNN e Al-Jazira.
O WikiLeaks planejava divulgar as informações hoje pela manhã, mas a Al-Jazira ‘vazou’ parte do conteúdo na tarde de ontem. Jornais como The New York Times, The Guardian e Le Monde, além da revista alemã Der Spiegel, também tiveram acesso aos documentos.
Analistas eram unânimes em dizer ontem que os documentos podem, de fato, colocar a vida de informantes americanos em risco e acentuar ainda mais as divisões na política iraquiana. Também é possível que autoridades militares e civis americanas sejam envolvidas em escândalos.
O material revelado ontem narra, com detalhes, abusos sofridos por prisioneiros iraquianos em prisões americanas, especialmente no infame centro de detenção de Abu Ghraib. Mais ainda, os documentos demonstram como autoridades americanas deliberadamente ignoraram atrocidades cometidas pelas forças iraquianas em várias prisões do país.
Outro ponto polêmico é o papel desempenhado pelo Irã na guerra. Ainda segundo as informações reveladas ontem, o governo de Teerã estaria ativamente engajado em atividades contra forças americanas e, em alguns momentos, iranianos teriam diretamente atacado soldados dos EUA.
O papel de organizações privadas de segurança na guerra também é exposto de modo inédito nos documentos. Soldados ‘terceirizados’ teriam assumido funções tradicionalmente desempenhadas por militares.
Segundo o coronel Dave Lapan, porta-voz do Pentágono, os EUA prepararam-se ‘para todas as eventualidades’, após o vazamento das informações.
Cerca de 120 analistas de Defesa do governo americano devem agora ler o conteúdo dos documentos.
Assange, do WikiLeaks, diz não saber quem vazou documentos para o site. Sem uma residência fixa, o fundador da organização, envolvido em uma série de polêmicas pessoais, tem recebido críticas de antigos parceiros por seus métodos de trabalho. Segundo ele, ‘as pessoas têm o direito a saber sobre o que ocorre nestas guerras’.
PARA LEMBRAR
Em julho, site exibiu dados de conflito afegão
No fim de julho, o site Wikileaks vazou informações de quase 90 mil arquivos internos referentes a operações militares realizadas durante a guerra no Afeganistão. O vazamento foi numericamente o maior na história dos conflitos mundiais. Descrevia praticamente passo a passo e com detalhes os bastidores da atuação das forças de coalizão no conflito no país. Pouco depois, diários completos de inúmeras operações foram reproduzidos por diversos veículos de comunicação. Todo o material ficou à disposição para quem quisesse baixá-los.
PRÊMIO
‘Estado’ concorre a 3 prêmios Esso
A reportagem Prova do Enem Vaza e Ministério Anuncia Cancelamento do Exame, investigação do Estado conduzida pelos jornalistas Renata Cafardo e Sérgio Pompeu e pelo fotógrafo Evelson de Freitas, é uma das três finalistas do Prêmio Esso de Reportagem 2010.
Os outros finalistas nessa categoria são Dossiê Traz Dados Sigilosos da Receita Contra Tucanos, de Leonardo Souza, da Folha de S. Paulo, e Diários Secretos, dos jornalistas Katia Brembatti, Karlos Kohlbach, James Alberti e Gabriel Tabatcheik, da Gazeta do Povo (Curitiba).
O prêmio de Reportagem e as demais categorias, entre elas o Prêmio Esso de Jornalismo, serão conhecidos no dia 18 de novembro. O Estado e O Globo tiveram três indicações cada um.
Há pouco mais de um ano, a prova do Enem foi furtada da gráfica Plural, em São Paulo, onde era impressa. O Estado foi procurado por dois homens, que tentaram vender a cópia do exame por R$ 500 mil. O jornal não compra informações. A reportagem disse isso aos homens pelo telefone, mas pediu para marcar um encontro em um local público para que pudesse ver a prova – foi o que permitiu confirmar com o Ministério da Educação (MEC) que a prova não era falsa.
A fraude, denunciada dois dias antes da aplicação do Enem 2009, prejudicou cerca de 4,1 milhões de estudantes. O cancelamento e a realização do exame em nova data consumiram R$ 99,95 milhões dos cofres públicos. O valor total gasto para o Enem ultrapassou R$ 168 milhões, mas o governo tenta reaver R$ 35 milhões pagos ao consórcio Connasel pela impressão da prova. Instituições importantes, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desistiram de usar a nota do exame como parte de seu processo seletivo.
O vazamento derrubou o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes. Ele pediu demissão em dezembro. O Inep é o responsável no MEC pela realização da prova. Em carta aos funcionários, Fernandez assumiu a responsabilidade por ‘todo o ocorrido’.
Outros prêmios. Também foram indicados como finalistas pelo Estado o caderno especial Cerrado: Devastação Avança Sobre a Savana Brasileira (categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica), do jornalista Herton Escobar, e Cronologia Visual da Copa 2010, de Tcha-Tcho, Eduardo Asta e Fábio Sales (Criação Gráfica/Jornal).
A 55.ª edição do Esso recebeu 1.215 trabalhos, número recorde, divididos em 11 categorias de mídia impressa e 1 de telejornalismo. O júri de seleção da mídia impressa foi comporto por 19 jornalistas. Outros 5 jurados que integraram as duas comissões de mídia eletrônica indicaram, dentre 87 trabalhos inscritos, 3 finalistas ao Prêmio Esso de Telejornalismo.
TELEVISÃO
Grandes redes dos EUA bloqueiam acesso via Google TV
As redes americanas ABC, CBS e NBC bloquearam o acesso do Google TV, enquanto negociam com o gigante da internet os direitos de retransmissão de sua programação via internet. O Google está negociando ativamente com as três grandes redes americanas, segundo fontes de mercado. O bloqueio prejudica os planos da gigante da internet de se expandir para além dos computadores.
Representantes da Walt Disney e da NBC Universal confirmaram na quinta-feira que suas empresas bloquearam o acesso via Google TV aos seus programas de TV aberta disponíveis online. A Disney controla a rede ABC e a rede de esportes ESPN na TV a cabo.
A Fox, da News Corp, também está considerando bloquear o acesso aos programas disponíveis em seu site, mas a decisão ainda não foi tomada, de acordo com uma fonte.
A CBS bloqueou o acesso às versões integrais de seus programas, entre os quais seriados populares como CSI: Crime Scene Investigation, de acordo com reportagem publicada na quinta-feira pelo Wall Street Journal. A CBS se recusou a comentar.
O Google TV, lançado este mês nos Estados Unidos, permite que os usuários tenham acesso à internet na tela de seus televisores. O serviço está disponível em aparelhos da Sony e Logitech International, e pode abrir novas oportunidades publicitárias ao Google, que gera a maior parte de sua receita anual de cerca de US$ 24 bilhões com publicidade vinculada a buscas na web.
Os planos do Google TV podem ser vistos como ameaça pelas empresas de TV estabelecidas, disse Van Baker, analista do Gartner Group. ‘Todos conhecem o domínio sobre o tráfego de internet que o Google conquistou em termos de publicidade. Se aquele modelo for estendido à televisão, o poder do Google repentinamente se tornaria imenso no espaço publicitário, e as redes de TV aberta não gostam da ideia’, disse Baker.
O Google anunciou em comunicado que o Google TV ‘permite acesso ao conteúdo de internet que o consumidor já usa em seu celular e computador, mas os proprietários do conteúdo têm a escolha de impedir os usuários de acessá-lo nessa nova plataforma’.
Os executivos do Google têm negociado com as grandes redes de TV desde meados deste ano, para conseguir a programação. Atualmente, o serviço inclui programas da HBO, que pertence à Time Warner, e da TBS. O conflito com o Google acontece num momento em que as grandes redes buscam compensação das empresas de televisão por assinatura pelo conteúdo que é transmitido gratuitamente na TV aberta.
‘Estamos nas fases iniciais do Google TV, e já temos parcerias fortes com a Best Buy, Logitech e Sony, entre outras’, informou o Google, em comunicado. ‘Cabe ao dono do conteúdo a escolha de restringir o acesso dos usuários ao seu conteúdo na plataforma.’
Cristina Padiglione
El Clon, versão de O Clone, chega ao Japão
Jade, Lucas e cia., personagens originalmente criadas por Glória Perez e refeitas em versão hispânica na coprodução da Globo com o canal Telemundo, logo logo estarão falando japonês. A versão hispânica do folhetim foi vendida para o canal BS Japan, em negócio fechado na última Mipcom, feira de audiovisual que reúne profissionais do mundo todo em Cannes. El Clon, segunda coprodução da Globo no mercado internacional, ganhou peso extra depois que o título original faturou um Emmy Internacional, no ano passado. E El Clon vai cicatrizando os traumas que a Globo teve em sua primeira tentativa de coprodução internacional, Vale Todo (versão de Vale Tudo) que não funcionou lá fora.
Pupilo do Tibúrcio
Os homens de preto Marco Luque e Marcelo Tas se encontram com outro figurino, na mesma Band, amanhã, a partir das 19 horas. O anfitrião de O Formigueiro recebe então seu boss de bancada do outro programa.
18 pontos
de ibope marcou a final de Hipertensão, anteontem, na Globo. Venceu por pouco o confronto com A Fazenda (Record) em dia de eliminação, que bateu 16 pontos.
‘Conheço um único caso de alguém que permanece firme nesta posição: Lídia Brondi!’ Aguinaldo Silva, sobre atores que dizem que não querem mais fazer novelas
Terence Paiva, diretor de Esportes da RedeTV!, foi a Londres acompanhar o Ultimate Fighting Championship (UFC) e aproveitou para pesquisar locações para a estrutura de estúdios e escritórios que a emissora planeja montar lá para a cobertura da Olimpíada 2012.
No que depender do diretor-geral de Insensato Coração, Dennis Carvalho, a troca súbita de protagonistas – Ana Paula Arósio por Paola Oliveira – não vai causar mais problemas ao cronograma de gravações em Florianópolis. Ele mantém o plano inicial de ficar por lá até início de novembro.
O especial de Chico Anysio na Globo para este fim de ano tem uma série de ex-BBBs, todas do sexo feminino, entre participações especiais.
Abraços Partidos, o filme de Pedro Almodóvar, chega à TV paga no feriado do dia 15 de novembro, via Telecine Premium.
E é claro que a tese não vale para filmes de Almodóvar, mas o diretor dos canais Telecine, João Mesquita, conta que ainda há muito preconceito da audiência brasileira a filmes de língua hispânica.
O canal Space, da Turner, chega finalmente a Net nas versões SD e HD, sem custo adicional para os assinantes do pacote Digital. O canal, que já está no line-up da TVA, oferece filmes e séries dubladas como The Closer.
A rede americana CBS anunciou anteontem que Hawaii Five-0, o remake da série dos anos 60 que o Liv exibe por aqui, terá uma temporada completa.
Além do remake, a CBS pediu novos episódios do aclamado drama policial Blue Bloods, que estreia no Liv no ano que vem, além das comédias Mike & Molly, que a Warner lança em novembro, e $#*! My Dad Says, com William Shatner, no ar na Warner em 2011.
TECNOLOGIA
HP lança tablet para disputar com o iPad
A Hewlett-Packard revelou seu primeiro produto para o crescente mercado de computadores tablet, um aparelho de US$ 799 acionado pelo Windows e dirigido a clientes empresariais.
O Slate 500, da HP, tenta reproduzir a experiência dos computadores em forma de tablet, e representa contraste com relação a rivais que deram aos seus aparelhos uma cara mais parecida com a de um celular inteligente. O Slate 500 opera com a mesma versão do Windows 7 usada por muitas empresas em seus computadores convencionais.
O tablet tem preço superior ao de produtos concorrentes, como o iPad, que deu início à mania dos tablets ao ser lançado, meses atrás. O produto da HP tem tela de 8,9 polegadas e sistema multitoque, pesa 700 gramas e vem com 64 gigabytes de armazenagem e uma caneta especial.
O aparelho tem acesso Wi-Fi, mas não oferece capacidade integrada de conexão a redes de celulares de alta velocidade, ao contrário de rivais como o iPad, o Galaxy Tab, da Samsung Electronics, e o Dell Streak.
Carol Hess-Nickels, diretora de marketing de notebooks para empresas na HP, enfatizou as utilidades para negócios do Slate. Segundo ela, companhias de varejo, saúde e seguros, entre outras, podem criar aplicativos especiais para aproveitar a portabilidade do aparelho. ‘É como um computador com funções plenas, e opera com o Windows; ele executa os aplicativos a que o usuário está acostumado, mas o faz em forma de tablet’, disse.
O preço de US$ 799 o torna mais caro que o iPad com acesso Wi-Fi, cujos preços vão até US$ 699. O preço do iPad 3G começa em US$ 629.
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