TECNOLOGIA
Bruno Rosa
Tablets serão lançados no Brasil
Sucesso de vendas em todo o mundo, os tablets, enfim, chegam ao Brasil esta semana. Samsung, Huawei, Dell e ZTE vão lançar oficialmente seus computadores ultraportáteis durante o Futurecom, maior evento de telecom da América Latina, que começa amanhã em São Paulo.
Enquanto o iPad, da americana Apple, não desembarca no país, os concorrentes se movimentam.
A Huawei traz o S7, que permite fazer ligações, através de um dispositivo bluetooth, diferente do modelo da Apple. Marcelo Najnudel, gerente de marketing da Huawei, destaca que o tablet conta com saída USB: — Estamos animados. O evento é uma ótima oportunidade.
Já o modelo da ZTE, o V9, que também permite ligações, vem ainda com uma câmera. Segundo Rogerio Takayanagi, diretor de marketing da TIM, que apresentará o Galaxy, da Samsung, os tablets são a melhor plataforma de acesso à internet móvel: — Vamos lançar tablets com diferentes faixas de preço. Com eles, os clientes poderão ter uma experiência de internet móvel similar a de um computador.
A Vivo vai apresentar, além do Galaxy, o modelo Streak, da Dell.
Na feira, ainda há espaço para telefones celulares e modems. A italiana Onda vai apresentar o Messaging Phone, que facilita a interatividade com as redes sociais e vem com dois chips, já que grande parte dos brasileiros tem mais de um número.
— Vamos lançar ainda modem 3G que permite a conexão WI-FI. Assim, além de tablets, os usuários de notebooks e netbooks poderão se conectar ao mesmo tempo — afirma Vincenzo Di Giorgio, presidente da Onda Mobile.
SOM
Antônio Carlos Miguel
Nuvem digital
Num futuro próximo, e idealizado pela indústria do disco, a música estará disponível numa ‘nuvem’, facilmente acessada por celulares, computadores de mesa, laptops, iPads e outras quinquilharias eletrônicas que surgirem. Mas quem pagará a conta?, devem perguntar, com razão, compositores, intérpretes, produtores e demais envolvidos na criação e produção musical.
A resposta vem de um mosaico de opções, algumas combinadas: usuários, que poderão comprar canções ou discos (como na loja iTunes, da Apple, que ainda não resolveu questões autorais com as editoras para entrar no Brasil) ou se associando, pagando mensalmente valores que vão variar dependendo do pacote assinado; operadoras de telefonia e banda larga (como o portal Power Music Club, lançado esta semana no Brasil pela operadora GVT em parceria com a Universal Music, ambas empresas controladas pelo grupo de mídia francês Vivendi); e publicidade, fazendo com que muitos desses sites funcionem como rádios interativas.
O modelo da ‘nuvem’ já é adotado em diversos países, vigora em muitos sites de música (como Grooveshark, Spotfy, Pandora e mesmo YouTube, além do brasileiro Terra Sonora) e, a partir de novembro, quando entrar no ar o Escute — site de venda digital criado pela Som Livre —, deverá crescer mais entre nós. É esse o sonho de Leonardo Ganem, o presidente da gravadora, atualmente a terceira maior no país (atrás apenas das multinacionais Sony e Universal), tendo fechado 2009 com 25% do nosso mercado de música. O Escute também oferecerá download de faixas individuais (ao preço de R$ 1,79, quase o mesmo valor cobrado no iTunes), mas o executivo aposta mesmo é na tal ‘nuvem’.
— Acredito firmemente que, quando houver banda larga suficiente a um custo baixo para todos os celulares, o modelo de posse da música será ultrapassado.
Todos pagarão por um serviço e acessarão a ‘nuvem’ em que estará depositado todo o conteúdo musical — diz Ganem, que, enquanto esse futuro não chega, recorre a ‘modelos híbridos previstos no Escute’. — Precisamos diferenciar celular de computador.
No computador, uma grande fatia do mercado já tem banda larga suficiente, e do nosso lado temos expertise para segurar qualquer nível de acesso. No celular e para aqueles com conexões de computador menos rápidas, mantemos os serviços de download ilimitado e download faixa a faixa, que atualmente ainda são necessários.
A aposta da Som Livre (que já tinha um site de venda de discos e DVDs físicos, que continuará no ar) acontece num momento em que a indústria parte para o contraataque numa guerra em que vinha perdendo seguidas batalhas — em grande parte, devido à cegueira coletiva de seus executivos, que, num primeiro momento, tentaram bloquear a circulação de música pela grande rede. O maior exemplo dessa união e reação é o Prêmio Música Digital — que terá sua festa de premiação no dia 23 de novembro, no Teatro Casa Grande, com transmissão pela Band —, e cuja lista de indicados adiantamos nesta reportagem (veja o quadro na página 2).
Idealizado pelo produtor Marco Mazzola — que mantém sua própria gravadora, a MZA, após décadas pilotando discos de gente como Raul Seixas, Elis, Caetano, Chico, Gal, Milton, Ney Matogrosso, Simone e Chico César —, o Prêmio Música Digital tem o apoio das principais associações do setor no Brasil (ABPD, ABMI, ABEM e ABER), do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP, órgão do Ministério da Justiça), de grandes, médias e pequenas gravadoras, operadoras de telefonia e ainda dos principais portais e lojas da internet.
Com exceção das categorias de voto popular — a partir de uma lista de indicados elaborada por um corpo de 20 experts, entre músicos, produtores e jornalistas, e que desagradou às grandes gravadoras —, o prêmio foca o sucesso comercial (aferido pelos números de downloads pagos, em todas as plataformas, celular e internet, com auditoria da Nielsen). Ou seja, ele vai oferecer um painel do mercado formal de música digital no Brasil, que tem aumentado ano a ano, mesmo que ainda sem compensar as perdas com as vendas físicas, torpedeadas tanto pela pirataria física quanto pela virtual.
Segundo os dados auditados pela Nielsen, os top 10 de cada categoria do Prêmio, somados, correspondem a quase 8,9 milhões de downloads pagos no Brasil este ano. Desse total, cerca de 90% viriam de usuários de celulares — apesar de a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), que não contabiliza a imensa produção independente, afirmar que, em 2009, o download de computadores já teria ultrapassado o de celulares —, com predominância das classes C e D, sem computadores ou conexão banda larga em suas casas, e pagam um preço alto por cada música baixada, em torno de R$ 4. É algo paradoxal, já que adolescentes e jovens das classes A e B não adquiriram o hábito de pagar pela música que pescam ou trocam na rede.
Quem olhar para a lista dos indicados ao prêmio, ou para os mais vendidos dos principais sites que comercializam música digital, perceberá que os nomes não diferem dos que frequentam as paradas dos CDs físicos. Estão lá os mesmos Luan Santana, Maria Gadú, Restart, Victor & Léo, Beyoncé, Banda Calcinha Preta, Lady Gaga, Ana Carolina, Parangolé…
— Apesar da oferta quase ilimitada de artistas e canções que a internet nos dá, a grande maioria do público compra por impulso, vai atrás dos sucessos do momento.
Então, a verdade é que a teoria da cauda longa ainda não se confirmou — diz Ganem, referindo-se à tese de Chris Anderson, editor da revista ‘Wired’, que, no livro ‘A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho’, preconizou uma nova sociedade, na qual a receita total de diversos produtos de nicho, com baixo volume de vendas, seria igual à receita total de poucos produtos de grande sucesso. Continua na página 2
Responsável pelo desenvolvimento do Escute , Miguel Cariello, do marketing digital da Som Livre, diz que uma forma de incentivar a procura por novos artistas será através de playlists elaboradas por formadores de opinião, entre artistas, produtores e críticos. Recurso que estará entre as ferramentas do site e que também poderá ser mais um atrativo para seduzir os jovens que atualmente baixam música através dos programas p2p (do inglês peer to peer, ou par a par, permitindo que usuários compartilhem seus arquivos, sejam de música, filme, jogos etc.).
— Esse usuário hoje tem diversos problemas para consumir música: perde tempo tendo que buscar nos mais variados lugares a música que quer ouvir, fica exposto aos mais diversos tipos de vírus e invasões e ainda pode receber uma gravação sem qualidade técnica ou mesmo um arquivo corrompido que simplesmente não toca no MP3 player ou no computador — diz Cariello, acenando com as facilidades do Escute.
— Nossa intenção é oferecer um serviço que cubra todas essas deficiências e ainda entenda exatamente o que o público quer ouvir. Não estamos vendendo música. Estamos disponibilizando um serviço de acesso, organização e audição de música por um preço muito baixo.
R$ 14,90 por todo o catálogo O Escute vai entrar no ar no dia 16 de novembro, inicialmente com um acervo de 3,2 milhões de músicas, que deverá chegar a 5 milhões no início de 2011 — como comparação, a loja do iTunes trabalha com 12 milhões. Além do preço por faixa (R$ 1,79), a aposta é atrair sócios para entrar na ‘nuvem’, com quatro diferentes opções de assinatura.
No Plano Escute Total (R$ 14,90), com acesso completo ao site, o usuário poderá baixar e/ou ouvir todo o catálogo, seja na web ou no celular (aplicativos para iPhone e smar tphones ou WAP). No Plano Escute (R$ 9,90), o usuário poderá ouvir todas as faixas pelo site ou celular. No Plano Meu Estilo (R$ 9,90), o usuário poderá ouvir ou baixar todas as faixas de um gênero específico (são 18 opções) e de um tema (como ‘músicas de carnaval’ e ‘músicas de festa’).
E, no Plano Meu Artista (R$ 4,90), o usuário poderá ouvir ou baixar todas as faixas do seu artista favorito.
Resta saber se vai funcionar, se os jovens que cresceram na Era da Internet sem pagar um tostão por música mudarão de hábito.
— Estimamos que hoje um bilhão de faixas são baixadas ilegalmente no Brasil todo ano. Se formalizarmos 10% desse total, estamos falando de 100 milhões de faixas, cerca de oito milhões de CDs. O Escute é uma aposta estratégica da Som Livre para poder incentivar a legalização do mercado digital no Brasil. Estamos apostando alto para tentar minimizar a pirataria e convencer os brasileiros amantes de música de que vale muito mais a pena consumir de forma legal e segura — responde Cariello.
Diretor do iMusica, Felippe Llerena está há dez anos batendo na mesma tecla. O site nasceu com o propósito de vender música por download, num formato similar ao do iTunes, e hoje conta com os catálogos das multinacionais e de selos independentes brasileiros e estrangeiros. Mas apenas a receita dessa operação não paga as contas da empresa, que se reinventou co-mo fornecedora de know-how e agregadora de conteúdo para diferentes clientes que também operam com música.
O leque de empresas atendidas pelo iMusica inclui todas as operadoras de celular do Brasil e da América Latina — como a loja de fulltrack (a canção inteira) da operadora de telefonia Claro — e também sites estrangeiros como iTunes e Spotfy. Llerena vê como saudável a entrada em cena tanto do Power Music Club da GVT/Universal quanto do Escute da Som Livre: — Quanto mais sites, mais valor agregado ao hábito de consumo, também trazendo publicidade para nosso objetivo.
Esse movimento pode sensibilizar o mercado, fazer o usuário entender que o trabalho de quem produz música tem que ser remunerado.
Briga contra a pirataria O produtor Mazzola, que, à frente do Prêmio Música Digital, tem reunido todos os segmentos envolvidos, também aposta na ideia de que, quanto mais empresas disputando esse mercado, melhor.
— É saudável a entrada da loja da Som Livre e do Power Music Club. E há mais exemplos, como o da Rádio Bradesco, que compra conteúdo musical e disponibiliza de graça para os aparelhos iPhone e iPad de seus clientes. Ou seja, é grana entrando para os artistas e as gravadoras — diz, acreditando que o jogo começa a virar.
Prestes a lançar o Escute, o presidente da Som Livre sabe que a briga pelos consumidores será grande, mas…
— De certa forma, todo o conteúdo disponibilizado na internet é um competidor, sim. O mais perigoso, no entanto, é o pirata, que não paga impostos, direitos. As outras gravadoras podem e devem criar seus clubes e lojas diretas, mas isso não vai tirar o interesse dessas mesmas gravadoras e do consumidor no Escute — diz Ganem, lembrando que, historicamente, a Som Livre conquistou seu lugar graças às trilhas sonoras para a TV. — Esse papel é o grande diferencial mantido e reforçado no Escute, e é interessante para todos
Não estamos vendendo música. Estamos disponibilizando um serviço de acesso, organização e audição de música por um preço baixo Miguel Cariello, da Som Livre
É saudável a entrada da loja da Som Livre e do Power Music Club. É grana entrando para os artistas e as gravadoras Marco Mazzola, produtor
ROCK IN RIO
O GLOBO é o jornal oficial do evento
O Rock in Rio vai retomar ano que vem uma parceria histórica, iniciada no verão de 1985. Segundo Roberto Medina, a escolha do GLOBO como jornal oficial do evento não poderia ser diferente: — A parceria com O GLOBO é permanente. Esse acordo não poderia deixar de ser com O GLOBO, que é o jornal de grande referência do Brasil. Sendo do Rio, é claro que tínhamos que estar juntos de novo e dessa forma.
Para o diretor-geral da Infoglobo, Paulo Novis, apoiar a iniciativa do Rock in Rio em 2011 significa, antes de mais nada, reforçar o compromisso do GLOBO com o Rio e os seus cidadãos: — Promover a cultura é contribuir para a melhoria da educação, da economia e da qualidade de vida. O Rio de Janeiro vive um momento histórico pela retomada de sua economia e pelos investimentos gerados por oportunidades únicas que eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas representam. O Rock in Rio se insere nesse contexto, é mais um grande evento que volta ao Rio, onde nasceu, após uma carreira internacional de enorme sucesso. Contribuirá, de forma significativa, para a valorização do Rio no Brasil e no exterior. Por isso, O GLOBO apoia essa iniciativa como jornal oficial do evento, uma decisão em linha com o posicionamento ‘Muito além do papel de um jornal’.
Entre as ações que O GLOBO pretende desenvolver para o evento, estão uma edição especial para distribuição no local do Rock in Rio, produtos e interatividade a partir das plataformas digitais, além de benefícios exclusivos para os assinantes.
Medina lembrou outro aspecto importante da parceria para o público.
— Além das informações sobre o evento, O GLOBO presta vários serviços, desde orientação sobre trânsito e venda de ingressos a campanhas de conscientização para incentivar as pessoas a usarem transporte público.
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