Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Leitores gostam de ser surpreendidos

O jornalismo online permite que a entrega de conteúdo aos leitores seja personalizada. Existem sites que, com base nos gostos do internauta, filtram e recomendam artigos que lhe interessam. Esta personalização de conteúdo é vista com entusiasmo pela indústria. Mas, ao que parece, os leitores não ligam muito para a ideia.

Um estudo conduzido por Neil Thurman, um acadêmico de jornalismo da City University, em Londres, revelou que existe um descolamento entre o crescimento dos serviços de notícias personalizadas no Reino Unido e nos EUA e a resposta dos leitores. Há, em resumo, uma relutância dos leitores a site de notícias customizadas.

Thurman levou dois anos para concluir a pesquisa. Curiosamente, sua divulgação ocorre poucas semanas após o lançamento do Trove, site agregador de notícias criado pelo jornal americano Washington Post. Nele, os leitores informam suas preferências e o sistema determina que artigos eles verão.

Perfil de preferências

O acadêmico diz não se surpreender com os resultados de seu trabalho. Para ele, o estudo é um ‘alerta para novos sites como o Trove de que os leitores relutam em assumir o papel da seleção editorial, e continuam a gostar de descobertas acidentais’.

O que a maior parte dos leitores não sabe é que, mesmo quando não opta por participar da experiência de customização, é levado para dentro dela. Trata-se da customização passiva – sistemas que avaliam os gostos e hábitos dos internautas por meio de seu ‘comportamento’ online: que sites visita, o que compra, que buscas faz.

No período pesquisado por Thurman, a customização passiva de notícias cresceu 60%, enquanto a ativa, apenas 20%. As pessoas não querem ter o trabalho de montar seu perfil de preferências de notícias; por outro lado, editores de sites acreditam que os leitores não sabem prever direito seus interesses. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 12/5/11].