Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Paulo Rogério

‘A imprensa é capaz de enfrentar a onipotência de governantes e a leniência dos legisladores, mas não costuma animar-se diante da arrogância de juízes’. Alberto Dines, jornalista

A buraqueira nas estradas que cortam o Ceará é pauta recorrente nos jornais. Não chega a ser novidade falar do desleixo com que elas são cuidadas, principalmente as chamadas BRs. Em um mês, porém, a pressão da imprensa diante do descaso acabou provocando forte reação política. O POVO investiu no tema e saiu na dianteira da discussão. Primeiro no dia 13 de abril ao denunciar, na editoria Fortaleza, mudança da rota de ônibus devido aos buracos na BR 222. Um bom mapa mostrou a situação deplorável de cada quilômetro federal. A editoria Política assumiu posteriormente a discussão no dia 29 de abril e esquentou o debate.

No último domingo o especial ‘Irresponsabilidade e omissão nas BRs’ fez uma radiografia do Dnit mostrando investimentos, interesses políticos e o mau uso do dinheiro público. Foi o suficiente para acender o pavio e provocar manchetes diárias. O POVO cumpriu assim seu papel, denunciando o problema, analisando e apresentando opiniões diversas e acompanhando desdobramentos. Aliás, é o que se espera, especialmente depois da manchete de sexta-feira, 13: ‘Cid diz que vai provar corrupção em Ministério’.

Acompanhamento que não tem sido feito sobre o que aconteceu com os envolvidos na Operação Mão Dupla desencadeada em 2010 e que resultou na prisão da cúpula do Dnit-CE. Após a liberação dos suspeitos, ninguém mais soube o que aconteceu. Na verdade o processo foi citado uma única vez, dia 10, em indagação ao Ministério dos Transportes. A resposta foi evasiva e não se falou mais sobre o assunto. Ora, o leitor quer saber também como estão essas investigações e não meras desculpas. Que se procure a PF ou a Controladoria e detalhe o que aconteceu com essa turma. Afinal, adianta denunciar corrupção se não há punição?

Destaque questionável

Domingo, dia de decisão do Estadual 2011, reinauguração do estádio Presidente Vargas. Em campo, um Ceará próximo de uma conquista após longo jejum. Do outro lado, o Guarani em busca de seu primeiro Estadual. Ingredientes para várias pautas. Apesar disso, O POVO abriu o caderno de Esportes do dia 8 não para um dos 22 jogadores. Quem ganhou foto na capa, além de duas páginas centrais foi um dirigente: Evandro Leitão, presidente do Ceará. Pelo twitter, o leitor Paulo Rocha qualificou a edição como ‘na contramão do jornalismo esportivo’. O editor adjunto de Cotidiano, Rafael Luiz, até concorda que valorizar os dirigentes faz parte do passado. Porém, alega que foi uma ‘exceção’ justificada.

‘A administração de Evandro Leitão revolucionou o Ceará e promoveu algo que nenhum dirigente conseguiu em 100 anos: a autossuficiência’. Para Rafael o título acabaria com qualquer contestação. ‘Leitão era o personagem principal por tirar um peso das costas em caso de título. De forma sábia, O POVO captou isso’. Realmente Evandro tem seus méritos. Tanto que virou suplente de deputado estadual e secretário estadual. Tudo após ser presidente do Ceará. Mas a aposta tirou do leitor a oportunidade de saber, por exemplo, o que pensavam os ídolos de cada time, como seriam a segurança e a entrada no novo estádio ou qual o esquema de trânsito. Não vejo sabedoria nessa ausência.

Diferentes visões

Semana passada na coluna ‘Face opressora’ fiz uma análise da cobertura jornalística sobre a morte de Osama bin Laden. O editor executivo do Núcleo Conjuntura do O POVO, Guálter George, não concordou com as críticas. Diz que deveria ter sido ouvido. Discordei, mas abro espaço para ele na coluna. O editor diz que o ombudsman ‘comete uma série de erros, em meio a observações corretas, no que se propõe a fazer uma análise do que O POVO publicou entre 3 e 7 de maio’. Correção, a análise é do período de 2 a 6 de maio.

Para ele há dois equívocos. ‘Aponta-se uma opção que não fizemos pela simples reprodução de textos das agências e na ausência das críticas’. A explicação é imensa – tem cerca de 1.800 caracteres. Impossível neste espaço. Em resumo, aponta o que foi noticiado nas editorias citando quadros, editorial – ambos comentados por mim – e artigos. Pois bem. O enfoque da crítica foi a pouca cobrança contra as violações dos EUA aos direitos humanos, até aquela semana relegada a artigos e pouco quadros. Sugeri que representantes muçulmanos no Ceará fossem procurados. Nada ainda saiu. Já quanto ao material de agências, o editor diz que textos foram produzidos com base nas informações que chegavam. Uma questão de semântica. Novidade mesmo seriam pautas locais ou, como disse na coluna, ‘criado as próprias pautas’.

Esquecido pela mídia: Resultados da Operação Marambaia no Ceará

FOMOS BEM

TRANSPORTE PÚBLICO

Série na editoria Fortaleza tem mostrado como é a rotina de usuários em linhas de ônibus de Fortaleza.

FOMOS MAL

GP CAIXA Jornal não cobriu uma das principais provas do atletismo brasileiro que é realizada em Fortaleza.’