Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Sexta-feira, 12 de novembro de 2010 PANAMERICANO Elvira Lobato Crise atropela expansão de TV de Silvio A descoberta do rombo financeiro no PanAmericano pegou o SBT de surpresa, no momento em que investia para ampliar sua rede de emissoras. Há apenas três meses, o grupo fechou acordo para comprar a parte dos outros sócios na emissora de Araçatuba (interior de São Paulo). O pedido de autorização para o negócio já foi até registrado na Anatel. O grupo se posicionou, também, para instalar uma emissora em São José dos Campos (SP), importante polo do Vale do Paraíba. Há dois anos, ele comprou 50% da empresa TV Studios de Teófilo Otoni, vencedora das licitações públicas para a compra de concessões de televisão em Manhuaçu (MG) e em São José dos Campos. Segundos consultores do mercado de radiodifusão, o SBT buscava fortalecer sua rede, depois de ter perdido afiliados para a Record em alguns Estados. No cadastro oficial de acionistas de emissoras de radiodifusão, do Ministério das Comunicações, consta que o Grupo Silvio Santos tem dez emissoras próprias de televisão ativas, das quais duas são em sociedade com pessoas de fora da família. A maioria das concessões está em nome da filha Cintia, do irmão Henrique Abravanel, da cunhada Carmen Torres Abravanel e da irmã Sara Benvinda Soares. Em nome de Senor Abravanel -verdadeira identidade de Silvio Santos-, estão registradas apenas as emissoras da capital paulista (cabeça de rede do SBT), do Rio de Janeiro e de Brasília. A distribuição das concessões por diferentes membros da família é prática usual na radiodifusão, uma brecha legal encontrada para contornar o limite de propriedade de concessões por acionista determinado pela legislação: dez emissoras de TV em âmbito nacional (sendo cinco UHF e cinco VHF) e máximo de duas por Estado. Três empresas do grupo Silvio Santos -Liderança Capitalização, PanAmericana de Seguros e PanAmericana Prestadora de Serviços- são acionistas indiretas nas emissoras de Brasília (10%), São Paulo (35%) e Ribeirão Preto (50%). FOCO NA TV ABERTA Diferentemente da grande maioria dos radiodifusores do país, Silvio Santos não possui rádios. Seu foco sempre foi a TV aberta, embora tenha pequena participação (10%) na rede de televisão a cabo TV Cidade. Segundo informações de executivos do mercado, outra evidência de que o SBT foi apanhado de surpresa na crise do PanAmericano é que o grupo cogitou comprar o controle da TV Cidade, poucos meses atrás, mas o negócio foi descartado por Luiz Sandoval, presidente do Grupo Silvio Santos. Ricardo Feltrin SBT negocia venda de horário para evangélicos Silvio Santos já tem na mesa propostas suficientes para aumentar o faturamento do grupo, diante da necessidade de saldar a dívida de R$ 2,5 bilhões com o FGC. Ao menos três igrejas evangélicas fizeram nas últimas 48 horas ofertas para comprar horário na madrugada do SBT. Por meio de sua assessoria, o SBT diz que ‘não são novas as ofertas (de igrejas), mas até o momento não surgiu nenhuma proposta que tenha interessado’, confirmando negociações. Duas delas disputam a atenção: o ministério do pastor Silas Malafaia e a Igreja Internacional da Graça de R.R.Soares. Emissários de Soares teriam oferecido R$ 10 milhões por mês por cinco horas diárias. No primeiro trimestre de 2009 Soares já havia ofertado a Silvio Santos R$ 5 milhões por três horas, mas a emissora recusou. A Universal de Edir Macedo, que é cunhado de R.R.Soares, também sinalizou a Silvio com novas ofertas ontem. A assessoria do SBT não quis comentar as negociações. Por enquanto, é a única TV aberta sem qualquer programação religiosa (até a Globo tem a ‘Santa Missa’ católica). AUDIÊNCIA A eventual locação dessa faixa horária também pesará muito porque a madrugada é a única faixa horária em que o SBT encosta ou fica em 1º lugar no ibope. Ontem, por exemplo, entre as 5h e as 6h, o SBT foi líder em São Paulo com 3,7 pontos -à frente de Globo (2,9) e Record (1,7). Vender isso seria matar também esse último orgulho do empresário e apresentador. Em compensação, entre a 0h e as 4h o ibope do SBT é fraco e a emissora quase sempre fica em 3º lugar, atrás da programação religiosa da Record. Vender essa faixa horária não significaria portanto grande prejuízo para a audiência. Em setembro último, Silvio revelou a um amigo que já pensava se aposentar do vídeo no final deste ano. Aos 80 anos (no próximo dia 12), ele se queixou de cansaço e do desgaste provocado pela guerra do ibope. Guerra que nos últimos três anos fez o SBT perder não só a vice-liderança mas inúmeros profissionais para a Record, da área técnica e da artística, como sua mais famosa ‘cria’: Gugu Liberato. Cirilo Junior ‘De olho em tudo’, Eike Batista não descarta interesse no SBT O empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, admitiu ontem que pode ter interesse em empresas do Grupo Silvio Santos, como o SBT e o banco PanAmericano. Questionado sobre rumores dando conta do interesse, afirmou que está ‘de olho em tudo’. ‘A gente olha tudo. O que dá para arbitrar e fazer melhor a gente olha’, afirmou, após fazer palestra na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Sem desmentir em nenhum momento as especulações em torno das empresas de Silvio, o bilionário não confirmou se já iniciou negociações com o dono do SBT. Mais tarde, no entanto, Eike voltou atrás, e, por meio de sua assessoria de imprensa, negou a possibilidade de comprar o SBT. No início da tarde, havia dito ainda que seria interessante ter um canal de televisão, já que anunciou, nesta semana, a criação da IMGX, joint venture com a americana IMG, uma das gigantes mundiais na área de entretenimento e esportes. ‘Jamais entraria para competir com a AmBev ou com o Submarino. O Brasil tem áreas de excelência que competem com qualquer player mundial. Mas o Brasil tem um outro lado, que é o Brasil ineficiente. Então tudo que é ineficiente no Brasil a gente enxerga um espaço gigante.’ Para uma plateia que lotou o salão da Firjan, Eike anunciou que as empresas do grupo EBX vão investir US$ 27 bilhões de 2010 a 2012. Reafirmou o interesse em fabricar carros no país, destacando que a frota de veículos tem potencial para triplicar até 2020. Para isso, comentou estar negociando com empresários chineses, coreanos e europeus. A ideia é começar a produzir em até três anos, em área do porto de Açu, complexo industrial que está sendo erguido no norte fluminense. ‘Por que não convencer uma BMW a ir para lá?’, indaga. O empresário confirmou que ainda estuda fazer IPO (lançamento de ações na Bolsa, na sigla em inglês) da holding EBX. ‘Temos agilidade para mudar de rumo. Ficamos sempre preparados, estamos crescendo. Temos capital e acesso a capital, tem mais grupos estrangeiros querendo investir no país.’ Sobre a venda de parte dos ativos da OGX, braço de petróleo e gás de seu grupo, Eike afirmou que segue negociando com as chinesas Sinopec e Cnooc. ‘Está tudo se encaminhando bem’, limitou-se a declarar. O empresário admite negociar até 30% dos blocos que a OGX detém. A empresa de petróleo tem descobertas estimadas em 5,5 bilhões de barris de óleo e gás. As reservas, porém, ainda não foram provadas. A OGX prevê iniciar a produção em 2011, chegando a 1,3 milhão de barris/dia em 2019. TODA MÍDIA Nelson de Sá Sem autoridade No Council on Foreign Relations, ‘conclamações pela redução coordenada dos desequilíbrios’, feitas pelos EUA, ‘estão sendo eclipsadas pelas críticas à ação do Fed’, feitas por China, Alemanha, Brasil. O ‘Wall Street Journal’ de Rupert Murdoch foi mais direto, em sua manchete on-line à noite, ‘Hu rejeita [rebuffs] Obama enfraquecido’. Abaixo, ‘retomada econômica anêmica e surra eleitoral deixam os líderes mundiais questionando a autoridade dos EUA’. Antes no ‘WSJ’, ‘Obama é desafiado [challenged] a defender a política do Fed’. Abrindo o texto, ‘Lula disse na quinta que pressionaria Obama a explicar as ações recentes do Fed, que, acreditam os brasileiros, terão implicações negativas para vários países’. //ALERTA DE BOLHA No alto da home do ‘Financial Times’, a reportagem ‘Corrida para ações levanta temor de uma bolha em preparação nos Brics’ alerta que ‘o dinheiro está indo para lugares bem tangíveis’ -o pré-sal no Brasil e outros três, na Rússia, na Índia e na China, investimentos controlados por empresas de capital aberto que vêm apresentando saltos nas Bolsas regionais. Cita analistas que veem ‘uma bolha nos Brics, inflada ainda mais pelo Fed’. Em entrevista à BBC Brasil sobre o G20, o representante brasileiro no FMI, Paulo Nogueira Batista Jr., disse que ‘o Brasil deve concentrar esforços nas medidas que possa tomar no âmbito local, porque no global vai demorar’. Stiglitz vs. Fed Joseph Stiglitz, ex-assessor econômico do governo Clinton, se juntou ao coro americano de ataques ao Fed. Ao canal financeiro CNBC, ao ‘WSJ’ e às agências, em Hong Kong, declarou que ‘desvalorização competitiva é uma forma de crescimento que vem em prejuízo de outros’ e ‘deverá trazer problemas para a economia global’. Apontando ‘risco de bolha nos emergentes’, principalmente Índia, defendeu que recorram a controles de capital. Greenspan vs. Fed A crítica feita anteontem pelo ex-presidente do Fed a seu sucessor, Ben Bernanke, que estaria ‘buscando uma política de enfraquecimento da moeda’, foi respondida ontem pelo próprio secretário do Tesouro, Timothy Geithner. Dizendo ter ‘enorme respeito por Greenspan’, com quem trabalhou ‘por anos’, Geithner declarou à CNBC: ‘Não vamos jamais buscar enfraquecer nossa moeda como um meio de obter vantagem competitiva’. //A CHINA COMPRA O MUNDO Com a ilustração e o enunciado acima, na capa, a ‘Economist’, a exemplo do ‘Barron’s’ dias antes, destaca as aquisições chinesas ao redor do mundo, ‘fazendo ofertas por tudo, do gás americano à energia elétrica brasileira’. Enfatiza no editorial que não vê problema, ‘O mundo deve se manter aberto para os negócios’. Anota que nem todas as grandes empresas chinesas são estatais. E que, ‘quanto mais investir, mais seus interesses se alinharão aos do resto do mundo’. Na reportagem, intitulada ‘Como é ser comprado por uma firma chinesa’, é menos otimista. PASSOU Após o apoio dos EUA à Índia e do Reino Unido ao Brasil, a ‘Economist’ apoiou a reforma da ONU dizendo que ‘o momento unipolar da América passou’ ‘Deadlock’ O colunista de política externa do ‘FT’, Gideon Rachman, comentando os apoios dos últimos dias à Índia e ao Brasil no Conselho de Segurança, ironizou que ‘está na moda’, garante ‘aplausos e gratidão’, mas listou os adversários de ambos e de outros candidatos e previu, de novo, ‘beco sem saída’. Hillary diz não No vaivém do esforço diplomático de agendar uma reunião entre Europa, EUA e o Irã, para buscar um acordo sobre o programa nuclear, o destaque da ABC News anunciava ontem, apesar da pressão crescente de Teerã, ‘Secretária Clinton: não exite um papel para Turquia e Brasil nas negociações com o Irã’. MÉXICO Sede de jornal é atacada por homens armados A sede do jornal ‘El Sur’ em Acapulco, sul do México, foi atacada na noite anteontem por homens armados, que dispararam tiros contra o prédio. Segundo a Secretaria de Segurança do Estado de Guerrero, ninguém ficou ferido, apesar de funcionários estarem no local no momento do ataque. Devido à violência do narcotráfico, ONGs classificam o México como o país mais perigoso para a imprensa nas Américas: 12 jornalistas já foram assassinados em 2010. TENDÊNCIA Mariana Barbosa Jornais debatem fusão de Redações impressa e digital Em debate sobre redações integradas durante o seminário internacional de jornalismo on-line MediaOn ontem no Instituto Itaú Cultural, o editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, disse que uma de suas missões ao assumir o cargo foi integrar efetivamente as redações do jornal e do on-line. ‘Eliminamos o duplo comando e estamos transformando a redação em um centro captador de notícias que funciona 24 horas’, disse. ‘O repórter sai para a rua sem necessariamente saber onde a informação será publicada. Isso cada vez importa menos.’ Segundo Dávila, não existe uma ‘fórmula certa’ para integrar as plataformas analógica e digital. ‘Ninguém no mundo está seguro sobre onde isso vai chegar.’ Dávila, que dividiu o palco com o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou ainda que o jornal conta com uma equipe ‘futurística’, criada para pensar sobre novas plataformas e novas mídias, incluindo redes sociais. Gandour fez uma apresentação sobre a evolução do processo de integração. Afirmou que os jornais saíram da fase de reaproveitamento puro e simples de conteúdo e estão hoje caminhando para uma ‘convergência’ entre as mídias impressa e digital. Para Gandour, os tablets, como o iPad, resgatam o valor da edição e o prazer da leitura com calma. ‘O leitor vê valor [na leitura nos tablets] e até topa pagar por isso.’ INTERNET Cristina Fibe Executivo compara ‘confusão’ de mídias sociais ao boom na internet As chamadas mídias sociais são hoje, nos Estados Unidos, o principal foco dos publicitários para atingir consumidores, mas ‘o nível de confusão’ em torno dessas plataformas é equivalente ao boom da internet nos anos 1990, quando se investiam muitos recursos sem a certeza do sucesso. A opinião é de Greg Coleman, presidente do Huffington Post, cujo site teve uma ‘explosão’ de acessos após o investimento em mídia social. ‘O que estamos fazendo agora é pegar as nossas ferramentas de mídia social e aplicá-las à comunidade de marketing’, afirma. ‘O apetite pelo marketing real, honesto, é uma das coisas mais fortes que eu já senti’, afirmou Coleman, ontem, na conferência ‘Digital Hollywood’, em Nova York. ‘Todos [os publicitários] querem criar uma página no Facebook e acham isso uma grande ideia’, disse. Para ele, o objetivo dos marqueteiros é usar todas as ferramentas sociais para enviar a mensagem ‘de uma forma diferente’, mais ‘autêntica’. Roger Keating, vice-presidente sênior responsável por mídias digitais no grupo Hearst Television, acha que as plataformas móveis, como os celulares, são ‘claramente’ a tecnologia emergente, com a qual produtores de conteúdo e publicitários deveriam se preocupar. ‘Mas ainda estamos obcecados com as mídias sociais’, afirma. INFORMAÇÃO Pais de autistas lançam a primeira revista sobre o tema Pais de autistas se uniram para produzir a primeira publicação brasileira sobre o transtorno, que atinge 1,8 milhão de indivíduos no país. A ‘Revista Autismo’, com periodicidade semestral, traz no número zero textos de especialistas e artigos sobre linhas terapêuticas antagônicas e pouco conhecidas. ‘A ideia é dar os dois lados da história, como reza o bom jornalismo’, diz o editor, Paiva Junior, jornalista de São Paulo que é pai de um menino autista de 3 anos. ‘Outro fator é que pretendemos sempre deixar claro o que é chancelado pela medicina tradicional e o que são tratamentos alternativos.’ O autismo afeta a sociabilidade, a comunicação e o comportamento. Paiva, que está escrevendo um livro para incentivar o diagnóstico precoce, foi procurado por outros pais, que idealizaram a revista. O primeiro foi o paulista Martim Fanucchi, que faz a edição de arte. Outro é Waldemar Casagrande, dono de uma gráfica em Santa Catarina, onde é impressa a publicação. A primeira edição é vendida por encomenda a preço de custo (R$ 2,50). Os textos estão disponíveis no site www.revistaautismo.com.br FUTEBOL Martín Fernandez wi-fi Ronaldo nunca esteve tão presente. Em campo, ou fora dele, o camisa 9 do Corinthians nunca se expôs tanto como nas últimas semanas. Amanhã, contra o Cruzeiro, vai completar uma série de seis partidas seguidas -não foi substituído em nenhuma das cinco anteriores. Ronaldo já jogou seis jogos seguidos neste ano, entre março e abril, Paulista e Libertadores, mas foi sacado em três dessas partidas. Ontem, fez questão que sua entrevista coletiva fosse transmitida ao vivo pelo Twitter, algo inédito até para ele. ‘Viciado não, é [um termo] forte demais. Mas eu gosto muito de internet’, disse o Fenômeno, que não desgruda do Blackberry. Nesta semana, ele já havia dado uma entrevista de uma hora para a página de um de seus patrocinadores no Facebook -todas as perguntas foram de seguidores dele. Tamanha exposição é um recorde para os padrões de Ronaldo, que deu menos de uma coletiva por mês desde que chegou ao Corinthians, em dezembro de 2008. ‘Estou usando muito [a internet] para me defender, para corrigir notícia falsa ou para criticar quem está querendo me sacanear’, disse ele. Quando a transmissão pelo Twitter foi interrompida, um fã perguntou ‘cadê o gordo?’ -frase que o próprio Ronaldo leu em voz alta. MARATONA Depois de atuar em cinco jogos seguidos, Ronaldo afirmou que consegue aguentar as quatro partidas que faltam para o fim do Brasileiro. ‘No dia seguinte a cada jogo o corpo chora muito, reclama muito, é bem dolorido, bem desgastante e, com 34 anos, eu não tenho a mesma recuperação de um jogador com 21, 22 anos.’ A última vez que o atacante conseguiu atuar em nove partidas seguidas -como pode acontecer agora- foi em 1997, quando ele ainda defendia a Internazionale. ‘Mas teve uma série boa em 2002, de sete jogos…’, disse, nostálgico, em relação à Copa do Mundo daquele ano, quando anotou oito gols em sete partidas. ‘Que saudade daquela velocidade. Mas a força continua a mesma, a precisão também, e vamos com tudo o que tenho hoje’, disse. ‘Antes, corria muito mais, agora corto caminhos.’ Com Ronaldo, o Corinthians enfrenta o Cruzeiro amanhã, no Pacaembu. Os dois times estão empatados com 60 pontos (o time paulista tem melhor saldo), atrás do Fluminense, que tem 61. TELEVISÃO Keila Jimenez Grupo SS representa 20% do faturamento do SBT A crise envolvendo o Banco PanAmericano deve afetar, consequentemente, o faturamento comercial do SBT. A Folha teve acesso a pesquisa do Ibope Monitor sobre investimentos publicitários em TV aberta, que aponta que 20% do faturamento do SBT, de janeiro a setembro, veio de anunciantes ligados a empresas do Grupo SS. Segundo o estudo, que soma valores de tabela (sem descontos) pagos por anúncios nas emissoras nos dez principais mercados do país, o SBT faturou, de janeiro a setembro deste ano, cerca de R$ 4 bilhões. Desses, 20%, cerca de R$ 811 milhões, vieram de anunciantes como Liderança Capitalização, Jequiti, Jequitimar, PanAmericano (um dos maiores anunciantes do canal) entre outras empresas da holding. Os outros 80%, R$ 3,2 bilhões, saíram do mercado anunciante em geral. Vale lembrar que são valores brutos, sem os descontos praticados pelas TVs, que vão de 10% a 85% em alguns casos. A pesquisa do Ibope mostra que a participação das empresas do Grupo SS entre os anunciantes do SBT é tão importante que, sem elas, a rede tem faturamento inferior ao da Bandeirantes, que acumulou no período cerca de R$ 3,4 bilhões. Globo lidera a lista com faturamento de R$ 7 bilhões, seguida por Record, com R$ 4 bilhões. SERTANEJO Com os protagonistas Amanda (Patricia Barros) e Eduardo (Flávio Tolezani), Chitãozinho e Xororó gravam participação na inédita ‘Corações Feridos’ (SBT) Barquinho O ‘SPTV 1ª edição’ (Globo) vai retomar na terça-feira o seu projeto flutuador. O equipamento, que ano passado percorreu rios checando a qualidade das águas, desta vez investigará as represas que abastecem a cidade. Colega Amaury Jr. contratou a filha de Datena, Letícia Wiermann, como correspondente, em Miami, de sua atração na RedeTV!. Humor Paulinho Serra, Tatá Werneck e Rodrigo Capella, do ‘Quinta Categoria’ renovaram contrato por dois anos com a MTV. Help Após ser promovida a diretora da ‘Moda Brasil’, Help (Betty Gofman) encarnará em ‘Ti Ti Ti’ (Globo) um look Anna Wintour, a famosa editora da ‘Vogue’, que inspirou ‘O Diabo Veste Prada’. Conselho O Ministério da Justiça lança no dia 18 uma consulta pública para a reformulação das normas de classificação indicativa no país. A consulta, que acontecerá durante 30 dias no site do órgão, disponibilizará ao público os critérios de avaliação utilizados pelo ministério, como exemplos de cenas adequadas a cada faixa etária. Gatos A peça ‘Qualquer Gato Vira-lata Tem Uma Vida Sexual Mais Saudável Que a Nossa’ de Juca de Oliveira, será a base do especial de fim de ano que ele criou para a Globo, ‘Diversão.com’ (Globo). As gravações da comédia começam no fim do mês. Repaginado A partir de amanhã, o ‘UFC – Sem Limites’ (Rede TV!) ganha um novo cenário virtual e muda a vinheta de abertura. Laura Mattos Cultura, agora, diz que não vai voltar a ter publicidade infantil A notícia de que a Cultura pretendia voltar a ter publicidade na programação infantil surpreendeu ONGs de defesa da criança. Desde janeiro de 2009, comerciais eram vetados nas 12 horas diárias voltadas a esse público. Foi um corte de faturamento significativo para a emissora, que vive em dificuldades financeiras. A declaração sobre a mudança de posicionamento foi dada pela gerente de marketing do canal, Flávia Cutolo, em um evento da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), no último dia 4. Cutolo disse que, baseada em análises de que a criança ‘tem percepção crítica’, a Cultura iria ‘rever a determinação’. Suas declarações foram confirmadas à Folha pela assessoria da emissora. No dia seguinte, Cutolo recebeu ligações questionando a decisão, entre elas uma do Instituto Alana, de defesa do consumidor e da criança. Uma assessoria de imprensa externa contratada pelo novo presidente da TV Cultura, João Sayad, enviou à Folha uma nota dizendo que somente o canal infantil pago da emissora, a TV Rá-Tim-Bum, terá publicidade. A assessoria não quis informar por que a gerente de marketing deu outra informação a anunciantes. Procurada pela Folha, Cutolo não quis dar entrevista. LITERATURA Mônica Bergamo Salseiro literário O Grupo Editorial Record não vai mais participar do Prêmio Jabuti de literatura para ‘não compactuar com uma comédia de erros’, segundo Sergio Machado, presidente da empresa. Ele não se conforma com o fato de ‘Leite Derramado’, de Chico Buarque de Hollanda, ter sido agraciado como ‘livro de ficção do ano’, quando ficou em segundo lugar na categoria romance, perdendo para ‘Se Eu Fechar os Olhos’, de Edney Silvestre, editado pela Record. ‘O Jabuti virou um concurso de beleza, com critérios de programas como os de Faustão e Silvio Santos’, diz. NADA A DECLARAR O grupo, que reúne editoras como Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio e Verus, enviou correspondência ontem à CBL (Câmara Brasileira do Livro) dizendo ainda que a premiação deste ano foi ‘pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial’. Procurada pela coluna, a CBL não se manifestou. ************ O Estado de S. Paulo Sexta-feira, 12 de novembro de 2010 MÍDIA NO BRASIL Sobre regulações e controles Durante dois dias, especialistas internacionais em regulação e outros convidados da Secretaria de Comunicação da Presidência da República estiveram reunidos em Brasília para ‘debater os impactos das mudanças tecnológicas, seus desafios e oportunidades na nova era da digitalização’, de modo a ‘fornecer subsídios para legisladores, reguladores, formuladores de políticas públicas e segmentos empresariais e da sociedade civil que lidam com as diversas questões relacionadas às comunicações’. A realização do encontro foi proposta pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência em outubro, quando o governo desistiu da ideia de encaminhar ao Congresso um projeto de lei sobre o marco regulatório das comunicações eletrônicas, optando por transferir essa responsabilidade para o sucessor de Lula. Segundo anunciou no encerramento do seminário o ministro Franklin Martins, os subsídios recolhidos durante os debates serão oferecidos, primeiro, à consulta pública, e em seguida, após a formatação de um pré-projeto, encaminhados à presidente eleita, a quem caberá decidir se, como e quando enviá-lo ao Congresso Nacional. A realização desse Seminário despertou interesse e criou polêmica por duas razões principais: primeiro, porque um marco regulatório das comunicações eletrônicas é realmente necessário, dada a completa desatualização da regulamentação em vigor, datada de 1962; depois, porque os habituais defensores do ‘controle social’ da mídia pegaram carona na iniciativa para tentar colocar mais uma vez em pauta a ‘necessidade’ do controle dos conteúdos nos veículos de comunicação. Logo depois de eleita, Dilma Rousseff disse claramente o que pensa sobre o assunto, em entrevista à TV Bandeirantes: ‘Temos de distinguir duas coisas: marco regulatório e controle do conteúdo da mídia. O controle social da mídia, se for de conteúdo, é um absurdo. É um acinte à liberdade de imprensa. Não compactuo com isso. Se chegar à minha mesa qualquer tentativa de coibir a imprensa no que se refere à divulgação de ideias, propostas, opiniões, tudo o que for conteúdo, é o que eu falei: o barulho da imprensa é infinitas vezes melhor do que o silêncio das ditaduras.’ Mais claro, impossível. Quanto ao marco regulatório, no caso das comunicações eletrônicas é necessário disciplinar, por exemplo, a participação do capital estrangeiro e a interação entre a mídia digital e a radiodifusão (rádio e televisão), entre outras questões. Durante o seminário, o próprio ministro Franklin Martins botou fogo na discussão ao mencionar a possibilidade de ‘enfrentamento’: ‘A discussão está na mesa. Terá de ser feita. Pode ser num clima de enfrentamento ou de entendimento’, disse, em tom de sequestrador de embaixador. E desdenhou dos que manifestavam preocupação com a possibilidade de o tal ‘controle social’ desbordar para a pura e simples censura da mídia: ‘Essa história de que a liberdade de imprensa está ameaçada é bobagem, fantasma, um truque. Isto não está em jogo.’ Não obstante, não é de geração espontânea a desconfiança em relação às verdadeiras intenções dos defensores do ‘controle social’ da imprensa. Essa desconfiança, reiterada durante o seminário por dirigentes de entidades representativas dos veículos de comunicação, tem a ver, por exemplo, com as discussões que se travaram um ano atrás, também sob o patrocínio da Presidência da República, na Conferência Nacional de Comunicação. Essas discussões já começaram a produzir efeito em vários Estados, em cujas Assembleias Legislativas tramitam projetos que objetivam de alguma forma criar controles sobre os veículos de comunicação. Isso para não falar na ofensiva contra a liberdade de imprensa na Venezuela, na Bolívia e na Argentina. Após o encerramento do seminário, certamente se dando conta da conveniência de recalibrar o tom do discurso carbonário da véspera, o ministro Franklin Martins tratou de colocar a questão em termos civilizados: ‘A regulamentação nas comunicações eletrônicas, especialmente quando se trata de concessões públicas, é uma tarefa que cabe ao Estado fazer, à sociedade discutir, ao Congresso legislar e às agências, depois, fazer a regulação e fiscalizar.’ Agora é com a futura presidente. PANAMERICANO Glauber Gonçalves e Kelly Lima Eike Batista desmente possível compra do SBT Alvo de rumores de que estudava a compra do SBT, o empresário Eike Batista deixou em aberto a possibilidade de adquirir a rede de televisão de Silvio Santos. Mais tarde, no Twitter, disse que suas empresas não tinham interesse no SBT, contrariando a declaração anterior. Ao participar de homenagem do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio, Eike foi questionado se seria interessante ter um canal de televisão, visto que o Grupo EBX anunciou na quarta-feira uma joint venture com a multinacional de mídia, esportes e entretenimento IMG, Eike economizou na resposta: ‘Claro. Interessa, sim’. Apesar de parecer animado, o empresário foi vago. ‘Estamos olhando tudo que dá para arbitrar e fazer melhor’, disse. ‘O Brasil tem áreas de excelência em que compete com qualquer player mundial, mas tem outro lado que é ineficiente. Em tudo o que é ineficiente enxergamos espaços grandes.’ As especulações surgiram na quarta-feira, embaladas pelas notícias referentes a fraudes no Banco Panamericano, pertencente ao grupo do apresentador, e ganharam vulto no serviço de microblogs Twitter. O SBT e outras empresas do Grupo Silvio Santos foram dados como garantia em um empréstimo de R$ 2,5 bilhões tomados do Fundo Garantidor de Crédito para cobrir um rombo financeiro no banco. Essa não é a primeira vez em que é aventada a entrada de Eike no setor de comunicação. Em julho, usuários do microblog especularam sobre o interesse do empresário na compra do Jornal do Brasil. Na ocasião, ele negou os boatos. TENDÊNCIA Marili Ribeiro Jornais avançam na convergência de mídias É consenso nos grandes jornais que o braço online assume papel expressivo no futuro do negócio da difusão de notícias. O que ainda não se encontrou é o modelo ideal para tornar essa operação lucrativa. No Brasil, as discussões sobre o tema ainda tratam das etapas da convergência entre a versão impressa e a atividade online de forma a mantê-las próximas e, com isso, se atingir o máximo de eficiência. Por três dias, estiveram no Brasil apresentando suas soluções na área especialistas como Aron Pilhofer, editor de interactive news do jornal The New York Times, Susan Grant, vice-presidente executiva da rede americana CNN, e Matthew Eltringham, responsável por mídias sociais na britânica BBC. Eles e os profissionais brasileiros do setor participaram da quarta edição do fórum Media On 2010 – Seminário Internacional de Jornalismo Online, patrocinado pelo Itaú Cultural e pelo Portal Terra, em São Paulo. Para o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, os jornais no País já saíram da fase de simples reaproveitamento na internet do conteúdo produzido para o jornal impresso e estão hoje caminhando para uma convergência entre as mídias impressa e digital. Mais do que isso ainda, ele vê com otimismo a chegada de tablets, como o iPad. Para Gandour, esses aparelhos chegaram para resgatar o valor da edição, além de voltar a proporcionar o prazer da leitura com calma. ‘A construção de uma reportagem requer tempo de concentração e reflexão’, disse. Ele acredita que ‘o leitor vê valor e até topa pagar por isso’. A questão do resgate da reflexão na notícia, tanto no processo de produção como na leitura, foi tema do painel realizado ontem no final da manhã, dividido por Gandour e pelo editor executivo da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila, com mediação do diretor de redação do Diário de S. Paulo, Leão Serva. ‘Antes não havia nem celular e o repórter voltava da rua pensando sobre os dados que colheu, chegava, ia ao café, conversava com colegas, trocava ideias. Na hora de redigir ele já havia refletido bastante. O jornalista hoje é bombardeado por uma avalanche de informações, com a qual precisa saber lidar. O tempo de reflexão ficou bastante comprimido. Nem sempre mais informação é informação melhor’, disse Gandour. ‘O mesmo se passa com os leitores, e os tablets resgatam o valor do conteúdo editado e organizado, o que proporciona uma leitura mais calma e atenta.’ Para Dávila, a agilidade dos repórteres mais íntimos do universo online é capaz de trazer para o cotidiano das redações um retorno imediato de audiência – retorno que pode alterar a confecção da notícia em produção. Ele reconhece, entretanto, que não existe ainda uma fórmula para integrar as plataformas analógica e digital. ‘Ninguém sabe ainda onde isso vai parar’, disse. TELEVISÃO Cristina Padiglione Apenas US$ 250 mil levam RedeTV! a Paris RedeTV! cruza as fronteiras pela primeira vez e inaugura seu canal internacional por Paris, em 1º de dezembro. E como o dono da TV é o mesmo dono da Tecnet, que desenvolve softwares sob medida, a operação saiu quase uma pechincha. ‘Gastamos em torno de US$ 200 mil com equipamentos e US$ 40 ou US$ 50 mil com canalização’, disse o presidente da casa, Amílcare Dalevo. Um jantar no Palácio de Versailles, com Amaury Jr. e sua câmera, marcará a estreia na capital francesa. Segundo Dalevo, o sinal deverá chegar a outras regiões da França em 2011. A programação será basicamente a mesma daqui, com ressalvas a cenas esportivas de direitos restritos ao Brasil. Te perdoo Com corte de cabelo sob encomenda para a ocasião, Carolina Ferraz faz par com Dalton Vigh em Mil Perdões, episódio da série Amor em Quatro Atos, baseada em canções de Chico Buarque. No ar em janeiro, na Globo. 351comerciais foram inscritos na 32ª edição do Profissionais do Ano, prêmio da Rede Globo ao mercado publicitário. Os vencedores serão conhecidos no dia 23 ‘Silvio Santos quer cobrir rombo do Panamericano com ajuda dos universitários’ Hélio de La Peña, no Twitter, sobre o aporte no banco do Grupo SS A Praça é Nossa teve seu horário de gravação alterado de terça para quarta-feira na próxima semana. E daí? Bem, é uma exigência da emissora por problemas de cronograma no uso dos estúdios, fator que também pode ser afetado pela temporada de contenções de despesas do grupo. MTV e Marimoon assinaram contrato para botar o nome da blogueira-VJ em todo tipo de produto a ser licenciado por ela. De roupas a produtos tecnológicos, passando por bonecas e cadernos, sai tudo pela Divisão de licenciamentos da MTV. Como uma das poucas pessoas que hoje podem dizer que conviveram com Monteiro Lobato, Lygia Fagundes Telles vai ao Jornal da Cultura amanhã para falar sobre a polêmica racista em torno do livro Caçadas de Pedrinho. Ao vivo, às 21h. Dexter chega à tela da RedeTV! no próximo dia 6, noite de segunda-feira, colado ao Operação de Risco, programa policial que tem por praxe bater o CQC no Ibope. Diretora artística da RedeTV!, Mônica Pimentel quer tornar as noites de segunda uma faixa fixa para as séries compradas pela casa. Hildebrando Pascoal, deputado preso no Acre, foi entrevistado na prisão por Marcelo Rezende. É cena para o Domingo Espetacular deste fim de semana, na Record. E o GNT segue em ritmo de canal aberto, com mudanças em cima da hora: depois de anunciar Glória Maria para o lugar de Marina Silva, o Marília Gabriela Entrevista mudou de novo e avisa que a sabatinada deste domingo será a médica Nise Yamaguchi. Cacá Rosset vira árabe, dono de uma banca de jornal na frente da Estação da Luz, em participação especial na série Amor em Quatro Atos, da Globo. O programa será todo gravado em São Paulo. Alline Dauroiz Chico traduzido em imagens Aos 66 anos e 45 de carreira, Chico Buarque não precisou de qualquer efeméride para fazer de 2010 seu ano de homenagens. Além dos recentes Prêmio Jabuti de melhor ficção e Prêmio Portugal Telecom, pela obra Leite Derramado, o cantor e compositor foi agraciado com o projeto multimídia Chico Paratodos. Desde que saiu do papel, em dezembro passado, a ideia já rendeu o livro Essa História Está Diferente – Chico por Dez Contos, o longa em produção Olhos nos Olhos, de Karim Aïnouz, e, em janeiro, chega à TV sob forma de minissérie da Globo, Amor em Quatro Atos, gravada em São Paulo e no Guarujá, na Baixada Santista. Com direção de núcleo do expert em programas musicais Roberto Talma, a série de quatro capítulos é inspirada em cinco canções de Chico: Ela Faz Cinema e Construção – que viraram um só episódio dirigido por Talma, com roteiro de Antônia Pellegrino -; Mil Perdões, com texto de Estela Renner e Tadeu Jungle e direção de Jungle; Folhetim e As Vitrines, capítulos roteirizados por Márcio Alemão e dirigidos por Bruno Barreto – que, aliás, faz sua estreia na TV. Criador do projeto, Rodrigo Teixeira, sócio da RT Features (produtora de O Cheiro do Ralo e coprodutora da minissérie juntamente com a Globo) explica que, apesar de já ter trabalhado com Barreto em dois longas, a escolha do diretor não foi sua. ‘O Tadeu Jungle foi convite meu e, quando conheci o Talma, ele disse que seriam ele o Bruno os diretores dos outros episódios’, explica Teixeira. ‘E sabe que nunca vi o Bruno tão feliz? Ele está trazendo para a TV uma linguagem de cinema.’ Linguagem e minúcia. Na última terça feira, o Estado acompanhou o trabalho do diretor, que gravava cenas externas na Avenida Paulista e no Parque Trianon, em plena hora do rush. Para uma cena de cerca de 30 segundos com Vladimir Brichta, o protagonista Ari, de Folhetim e As Vitrines, foram necessárias três horas de filmagem, das 19h30 às 22h30. ‘(Gravar) numa esquina da Paulista nesse horário, é coragem, hein?’, dizia uma senhora ao tentar atravessar o bolo de figurantes, câmeras e equipe de produção que se aglomerava na Rua Peixoto Gomide. Um pedestre de terno, confundido pela produção com um figurante, quase foi ‘puxado’ para a cena, Como a ideia inicial era gravar o cair da noite, com as luzes da avenida se acendendo, a equipe de produção calculou que a gravação iria até as 20h30, e a cada grito de ‘corta’, perguntavam: ‘Esse deve ser o definitivo, né?’ Em cena no parque, com os atores Gustavo Machado e Alice Assef, Barreto não gostou quando a equipe, preocupada em perder a pouca luz do dia para a cena de Brichta, o apressou. ‘Não trabalho assim. Vou terminar esse ‘insert’ aqui.’ Marcado por personagens de humor na TV, Brichta diz que, além do fato de poder mostrar sua faceta dramática, o que o atraiu para o projeto foi justamente esse cuidado e rigor emprestados do cinema. ‘Realmente (o trabalho) é cansativo. Mas é só imaginar que é um longa, que geralmente é rodado em dois, três meses, feito em três semanas e meia.’ O ator fará par com Camila Morgado e Alinne Moraes, esta última a prostituta Vera, ‘dessas mulheres que só dizem sim’, eternizada na letra de Folhetim. Para Mil Perdões foram escalados Dalton Vigh, Carolina Ferraz, Gisele Fróes e Cacá Rosset. Em Ela Faz Cinema/ Construção, o elenco principal fica por conta de Marjorie Estiano, Malvino Salvador e Gero Camilo. Dinheiro privado. Apesar de fazer parte do projeto que originou o livro de contos inspirado em dez canções de Chico, a série é uma segunda obra de ficção. ‘Das dez músicas que viraram conto, escolhi a que seria filme e apresentei outras nove para a Globo decidir’, conta Teixeira. Feito nos mesmo moldes dos projetos da RT Features Camisa 13 e Amores Expressos – para os quais foram chamados autores que escrevessem livros sobre futebol e amor, que seriam transformados em filme -, a ideia agora é transformar a série de TV em DVD e, depois, promover um evento musical. E, como em 2007, o anúncio de Amores Expressos gerou polêmica porque usaria dinheiro da Lei Rouanet para custear a viagem dos autores pelo mundo, Teixeira se apressa em dizer que, dessa vez, o projeto orçado em R$ 12,5 milhões não conta com verba de incentivos. ‘Nosso patrocinador é a Caixa Econômica Federal, e esse dinheiro é verba de marketing ‘, diz. ‘A única coisa é que a Caixa é um banco público, não privado.’ Quanto a Chico, que, para a surpresa de Teixeira topou o projeto na hora e logo dispôs 400 canções para a escolha do repertório, a reação não poderia ter sido melhor. ‘Ele está extremamente feliz. Do livro, elegeu seu conto predileto: Construção, do mexicano Mario Bellatin. Sobre a série: ele é amigo do Talma e, para Dona Flor e seus Dois Maridos, do Bruno, compôs O Que Será. Poderia haver, agora, homenagem melhor?’ ************