Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Empresário reaparece sem explicar acusação

Depois de um mês desaparecido, o empresário Guillermo Zuloaga, proprietário do canal venezuelano Globovision e comerciante do setor de veículos, reapareceu em Washington. Ele acusa o governo venezuelano de persegui-lo por fazer oposição. Naturalmente o empresário está aproveitando a oportunidade para amplificar a sua oposição. Está denunciando a ‘perseguição’ na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos.


Zuloaga, entretanto não responde à acusação da Procuradoria venezuelana segundo a qual ele se seu filho cometeram crimes de usura e associação criminosa por manterem 20 veículos para depois aumentar o preço de venda. Os meios de comunicação conservadores e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), a entidade que reúne o grande patronato midiático das Américas, vão aproveitar a oportunidade para denunciar supostas restrições à liberdade de imprensa.


Na verdade, antes de tomar qualquer decisão, as entidades deveriam prestar mais atenção aos fatos da história que envolve Zuloaga e o seu filho. A Globovision segue no ar fazendo cerrada oposição à revolução bolivariana. Em vários países da América Latina existem empresários do setor midiático que desenvolvem atividades em outros ramos de negócio. Se eventualmente cometem irregularidades podem estar sujeitos as penas da lei como qualquer cidadão. O fato de serem proprietários de um veículo de imprensa não os torna isentos se cometerem falcatruas.


Critério único


Zuloaga, que tem ódio ao governo Hugo Chávez, antes de qualquer coisa deveria se explicar diante da Procuradoria que o acusa de irregularidades. Se conseguir provar que a acusação não se justifica, o que até agora não fez, poderá fazer as denúncias que faz diariamente. Mas, sem explicar, perde a credibilidade de ao reaparecer em Washington e acusar pura e simplesmente o governo venezuelano.


A mídia conservadora nos mais variados quadrantes do continente latino-americano vai amplificar a denúncia de Zuloaga e aproveitar a oportunidade em função das eleições que se realizarão na Venezuela, em setembro. Não será surpresa alguma se em mais essa oportunidade os colunistas de sempre voltarem com toda força suas baterias contra a revolução bolivariana.


Por essas e muitas outras, para evitar cair em armadilhas preparadas pelo conservadorismo é necessário estar atento aos fatos e exigir também que as tomadas de posição não se façam apenas pelos argumentos de uma das partes. E, no caso Zuloaga, isentar um empresário apenas pelo fato dele ser proprietário de um canal de televisão não é o critério mais justo para ser fazer justiça e ir ao encontro da verdade.


De qualquer forma, vale seguir acompanhando o noticiário procedente de Washington sobre o caso Zuloaga. Vale também exigir que o critério informativo não seja baseado apenas pelo critério do pensamento único.


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Em Tempo: Segundo informação da Telesur, nas terça-feira (13/7), documentos do Congresso dos Estados Unidos tornados públicos revelam que jornalistas venezuelanos opositores do governo do presidente Hugo Chávez receberam pelo menos quatro milhões de dólares através de associações civis estadunidenses na Venezuela. Espaço Público e o Instituto de Imprensa e Sociedade são as principais organizações venezuelanas beneficiadas pelo financiamento que o Departamento de Estado norte-americano canaliza através da Fundação Panamericana para o Desenvolvimento (PADF por sua sigla em inglês), Freedom House (Casa da Liberdade) e a Agência de Desenvolvimento Internacional (Usaid), assinalam os documentos. Os documentos indicam também que a Fundação Panamericana para o Desenvolvimento destinou em 2007 mais de 700 mil dólares para um projeto denominado ‘O fomento da liberdade de imprensa na Venezuela’. (M.A.J.)

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Jornalista