Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os mimados pela imprensa

O indiciamento e a prisão do goleiro Bruno Fernandes, atleta do Flamengo, traz à tona uma questão relevante sobre como a imprensa trata, ou deve tratar, as celebridades do mundo esportivo.


O colunista Luiz Garcia, do Globo, aborda o tema na edição de terça-feira (13/7), cobrando dos clubes que cuidem melhor da formação moral e cívica de seus atletas – se não por uma questão ética e humanitária, pelo menos por interesse de preservar seu patrimônio.


A jornalista Ruth de Aquino, que assina a página ‘Nossa antena’, na revista Época, também comenta na edição corrente os danos financeiros sofridos pelo Flamengo com o envolvimento do goleiro Bruno no desaparecimento da jovem Eliza Samudio. E observa que os clubes costumam transformar jogadores em astros mimados, vaidosos, indisciplinados e sem limites.


Mais cuidado


Os dois jornalistas fazem a ressalva de que o caso que envolve o goleiro é um episódio extremo, mas faz parte de um contexto que inclui a omissão dos clubes no acompanhamento da vida privada de seus atletas.


Ruth de Aquino lembra outras histórias de mau comportamento, como o do atacante Edmundo, que em dezembro de 1995 se envolveu num acidente de trânsito, no qual morreram três pessoas.


Bruno Fernandes era o capitão da equipe, o que demandaria ainda maior cobrança por parte da direção técnica do Flamengo, por sua ascendência e influência sobre os demais atletas. Seu substituto, o goleiro Marcelo Lomba, também foi acusado, no ano passado, de agredir uma ex-namorada.


Segundo a Folha de S.Paulo, a diretoria do Flamengo está dando sinais de que irá cuidar melhor de seus atletas fora de campo. A presidente do clube, a ex-nadadora olímpica Patrícia Amorim, reuniu os jogadores na segunda-feira (12/7) para lhes pedir maior cuidado com o comportamento.


Mais celebridades


Ocupada em relatar os detalhes do crime atribuído ao goleiro Bruno Fernandes, a imprensa ainda não entrou para valer nesse aspecto da questão.


Afinal, até onde deve ir a privacidade das celebridades do futebol?


Até onde vai a responsabilidade dos clubes, que normalmente prendem esses jovens a contratos rigorosos ainda na adolescência, submetendo-os ao regime de reclusão das concentrações?


Onde se aplica, nesse caso, o Estatuto da Criança e do Adolescente?


Perguntas que os jornais deveriam estar fazendo, na reabertura do Campeonato Nacional, que vai lançar novos candidatos a celebridades.


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A nova Copa vem aí


Os olhos do mundo esportivo se voltam para o Brasil, escolhido para sede da próxima Copa do Mundo, em 2014.


As notícias de terça-feira (13) dão conta de que as obras de estádios, rodovias, aeroportos e de toda a infraestrutura necessária para abrigar um evento dessa magnitude estão atrasadas. Claramente, o noticiário esportivo, nesse caso, começa a ser contaminado pela disputa eleitoral, com políticos sendo convidados a dar suas opiniões.


É função da imprensa manter os olhos da população abertos para desvios e sinais de irregularidades. No entanto, é preciso definir o que são atribuições de autoridades públicas e o que é papel de entidades privadas, como a CBF e a Fifa.


Se a cobertura da Copa que vai acontecer daqui a quatro anos começar enviesada, pode terminar errante como a trajetória da ‘jabulani’.


A seleção volta a campo, renovada, dentro de um mês, em jogo amistoso. Os torcedores estarão de olho, para formar suas opiniões e renovar suas esperanças de um novo título. Mas é preciso também observar a imprensa.




Alberto Dines:


A cobertura da Copa foi quadrada e os balanços foram pífios. E antes mesmo de entrar no ritmo de 2014 é preciso examinar os grandes fracassos de 2010. Em campo e fora dele. O presidente Lula deu o tom: tocou no problema crucial e tabu – a renovação no comando da CBF.


A mídia não esteve bem nesta Copa e o culpado não foi o técnico Dunga. Quer fazer um replay crítico? Então assista à edição de hoje do Observatório da Imprensa na TV. Às 22h, pela TV Brasil, ao vivo, em rede nacional. Em São Paulo, Canal 4 da NET e 181 da TVA.