Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Após expulsão de repórter, BBC retoma transmissão

A BBC voltará a transmitir sua programação diretamente do Irã um ano e seis meses depois que seu correspondente, Jon Leyne, foi forçado a deixar o país, durante os protestos após as polêmicas eleições presidenciais de 2009, noticia Ian Black [The Guardian, 10/11/10]. A atitude está sendo interpretada como um afrouxamento nas relações tensas do Irã com o Reino Unido e o Ocidente, especialmente porque a BBC é frequentemente acusada pela linha dura iraniana de agir como um braço de propaganda do governo britânico.

O primeiro sinal público veio com uma matéria publicada esta semana por um funcionário iraniano da sucursal da BBC em Teerã, que ficou aberta mesmo com a saída de seu último correspondente. Executivos da BBC esperam que agora surja um período de construção de confiança. Leyne, um correspondente altamente experiente, chegou a ser acusado de organizar o assassinato de Neda Agha Soltani, jovem cuja morte foi filmada durante os protestos, e que se tornou símbolo da opressão do governo iraniano. O jornalista deve ser substituído por James Reynolds, ex-correspondente em Pequim. Reynolds não ficará inicialmente em Teerã, mas deve fazer viagens regulares para lá. Em sua ausência, um funcionário da BBC produzirá matérias online e de rádio.

Aparente abertura

Em outro sinal inesperado de progresso, o ministro de Cultura e Orientação Islâmica do Irã, Mohammad Hosseini, indicou que consideraria de maneira positiva um pedido para um correspondente da BBC persa. O canal vem sendo alvo de hostilidade contínua, incluindo interferência sistemática de seus sinais, desde que começou a funcionar, em janeiro do ano passado.

Poucos jornalistas receberam permissão para visitar o Irã desde a controversa reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad e apenas por curtos períodos de tempo, em eventos oficiais. Os poucos baseados em Teerã são sujeitos a restrições severas. O Irã concordou em permitir que o canal por satélite Euronews abra um escritório na capital depois que lançou seu serviço em persa, para competir com o da BBC e também com a Voz da América. Há também indícios de que o canal saudita al-Arabiya tenha permissão de voltar a transmitir no país depois de ter sido obrigado a fechar sua sucursal depois das eleições.