A revista Época e os jornais do fim de semana fazem uma radiografia do poder político no Brasil, concentrando-se na formação de fortunas com cargos públicos. Circulam na passarela dos milionários do voto governadores, deputados e senadores, suplentes e vice-governadores. Por absoluta impossibilidade, o levantamento deixa de lado prefeitos e vereadores, que, aos milhares, também devem estar contribuindo para inflar as estatísticas das fortunas compostas com dinheiro público.
Segundo Época, a figura pública mais bem sucedida em termos financeiros é a governadora de Santa Catarina, Ângela Amin, cujo patrimônio cresceu nada menos do que 750% de 2006 a 2010.
O Estado de S. Paulo contribui para pintar o retrato da política nacional com uma reportagem sobre o nepotismo na composição de chapas, revelando como os mandatos de senador e deputado vão passando de mão em mão dentro das mesmas famílias, como se o cargo eletivo fosse um negócio.
A Folha de S. Paulo reproduz investigação da Polícia Federal mostrando o Rio de Janeiro como o Estado campeão de crimes eleitorais como a compra de votos e caixa 2. Além disso, também faz seu levantamento sobre os novos-ricos da política e analisa o estranho hábito de candidatos de guardar dinheiro embaixo do colchão.
A revista Veja contribui com uma entrevista do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, na qual ele denuncia o domínio de muitas comunidades por parte de grupos criminosos, que decidem em quem os eleitores devem votar e fornecem uma espécie de salvo-conduto para candidatos apoiados pela bandidagem.
De olho
Dessa maneira se formam as bancadas dos fichas-sujas, que são abrigadas por muitos partidos porque os dirigentes partidários se interessam apenas pelo número de votos, não pela qualidade dos candidatos.
A soma das reportagens dá uma idéia de como se torna crucial para a democracia brasileira a efetiva aplicação da Lei da Ficha Limpa. A imprensa precisa ficar de olho no julgamento dos recursos encaminhados às instâncias superiores da Justiça por candidatos com maus antecedentes.
Essa é a mais básica e essencial reforma política ao alcance do Brasil.