A violência é um mal que afeta toda a população, independente de nível social, de idade ou sexo. Expressa-se de variadas formas e também são muitas as suas consequências. Devido à sua constância, jornais, revistas, rádio, televisão, enfim, toda a mídia, dedica-lhe grande espaço.
‘Marido mata mulher por não aceitar separação’; ‘Assalto à mão armada mata duas pessoas e deixa três feridas’; ‘Uso de drogas é um dos principais fatores da violência familiar’; ‘Chacina: Adolescente entra na escola com pistola, mata seu professor e deixa dez colegas feridos’. Manchetes como essas já fazem parte de nosso cotidiano, seja ao ouvirmos o programa de rádio pela manhã, ao ligarmos a TV ou ao acessarmos a internet. Cada vez mais presentes em nossa realidade, atos de violência e de agressividade têm sido temas de destaque nos meios de comunicação de massa.
A mídia, quando introduz em sua pauta temas que abordam a violência, age sobre a sociedade em duas etapas: a primeira é o agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting), a segunda seria a construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação).
‘Um agressor em potencial’
1.
O agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting). A mídia torna os temas ligados a violência em espetáculo diário dignos de serem visto por um grande público. Como por exemplo, podemos citar o caso da menina Eloá Cristina (2008) em que o sequestro da adolescente pelo ex-namorado se tornou um reality show, tendo inclusive a morte da vítima sendo antecipada pelo principal telejornal da TV brasileira.2.
A construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação). Os cidadãos vivem constantemente amedrontados, ao saírem nas ruas, devido ao grande índice de violência urbana propagado pela mídia.‘Uma senhora de 60 anos disse: `Antes, se eu encontrasse uma criança na rua, passava a mão em sua cabeça. Hoje, eu tenho medo dela.´ Essa mudança demonstra que o outro (a criança, o jovem, o adulto) é sempre percebido como um agressor em potencial’ (Psicologias, 1999).
A violência difundida diariamente nos meios de comunicação é um dos fatores que contribuem para a generalização dessa reação coletiva.
Programação infantil
Outro agrave que diz respeito à difusão da violência pela grande mídia é a programação voltada para o público infantil. As crianças ficam durante horas assistindo desenhos violentos que acabam estimulando a prática de ações semelhantes. Enquanto isso, observa-se que atrações educativas não conseguem abocanhar nem mesmo a metade da audiência.
Cabe aos veículos de comunicação de massa saber empregar o potencial que têm, promovendo o desenvolvimento dos seres humanos, a educação e o respeito a todos. Assim, é preciso fazer uma remodelagem na forma em que a violência é transmitida pela mídia, mostrando que este é um mal a ser evitado.
Dessa forma concluímos que apesar de a mídia ter o privilégio do pleno alcance, falta-lhe encontrar o sentido de indutora da cidadania e provocar no indivíduo o interesse pelo bem comum. É necessário que os responsáveis pelos meios de comunicação levem ao público uma programação séria que promova a ética e a cidadania, pois estes meios são muitas vezes responsáveis pela formação da personalidade do indivíduo e programações em que apenas o primeiro lugar na audiência importa acabam induzindo o grande aumento da violência.
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Graduanda de Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB