Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As faces da violência

A violência é um mal que afeta toda a população, independente de nível social, de idade ou sexo. Expressa-se de variadas formas e também são muitas as suas consequências. Devido à sua constância, jornais, revistas, rádio, televisão, enfim, toda a mídia, dedica-lhe grande espaço.

‘Marido mata mulher por não aceitar separação’; ‘Assalto à mão armada mata duas pessoas e deixa três feridas’; ‘Uso de drogas é um dos principais fatores da violência familiar’; ‘Chacina: Adolescente entra na escola com pistola, mata seu professor e deixa dez colegas feridos’. Manchetes como essas já fazem parte de nosso cotidiano, seja ao ouvirmos o programa de rádio pela manhã, ao ligarmos a TV ou ao acessarmos a internet. Cada vez mais presentes em nossa realidade, atos de violência e de agressividade têm sido temas de destaque nos meios de comunicação de massa.

A mídia, quando introduz em sua pauta temas que abordam a violência, age sobre a sociedade em duas etapas: a primeira é o agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting), a segunda seria a construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação).

‘Um agressor em potencial’

1. O agendamento da violência como assunto de discussão imediata (agenda-setting). A mídia torna os temas ligados a violência em espetáculo diário dignos de serem visto por um grande público. Como por exemplo, podemos citar o caso da menina Eloá Cristina (2008) em que o sequestro da adolescente pelo ex-namorado se tornou um reality show, tendo inclusive a morte da vítima sendo antecipada pelo principal telejornal da TV brasileira.

2. A construção de um universo simbólico que a longo prazo condiciona a óptica que o receptor irá ter da realidade (aculturação). Os cidadãos vivem constantemente amedrontados, ao saírem nas ruas, devido ao grande índice de violência urbana propagado pela mídia.

‘Uma senhora de 60 anos disse: `Antes, se eu encontrasse uma criança na rua, passava a mão em sua cabeça. Hoje, eu tenho medo dela.´ Essa mudança demonstra que o outro (a criança, o jovem, o adulto) é sempre percebido como um agressor em potencial’ (Psicologias, 1999).

A violência difundida diariamente nos meios de comunicação é um dos fatores que contribuem para a generalização dessa reação coletiva.

Programação infantil

Outro agrave que diz respeito à difusão da violência pela grande mídia é a programação voltada para o público infantil. As crianças ficam durante horas assistindo desenhos violentos que acabam estimulando a prática de ações semelhantes. Enquanto isso, observa-se que atrações educativas não conseguem abocanhar nem mesmo a metade da audiência.

Cabe aos veículos de comunicação de massa saber empregar o potencial que têm, promovendo o desenvolvimento dos seres humanos, a educação e o respeito a todos. Assim, é preciso fazer uma remodelagem na forma em que a violência é transmitida pela mídia, mostrando que este é um mal a ser evitado.

Dessa forma concluímos que apesar de a mídia ter o privilégio do pleno alcance, falta-lhe encontrar o sentido de indutora da cidadania e provocar no indivíduo o interesse pelo bem comum. É necessário que os responsáveis pelos meios de comunicação levem ao público uma programação séria que promova a ética e a cidadania, pois estes meios são muitas vezes responsáveis pela formação da personalidade do indivíduo e programações em que apenas o primeiro lugar na audiência importa acabam induzindo o grande aumento da violência.

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Graduanda de Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB