O retorno do ex-presidente Lula à arena política, se, por um lado, anima o noticiário, por outro nos remete ao velho faroeste com a velha e desgastada trilha sonora contra a imprensa.
Estes quase seis meses do governo Dilma Rousseff produziram um agradável clima de distensão: na esfera internacional, o país abandonou a insistência em apoiar regimes despóticos, o que atentava contra a vocação democrática da sociedade brasileira, e na esfera doméstica provocou a desativação do ruidoso confronto contra a mídia. As divergências entre governo e empresas de comunicação saíram do ringue e foram encaminhadas à mesa de negociação, de onde jamais deveriam ter saído.
Agora, preocupado com a repercussão das revelações da Folha de S. Paulo sobre o aumento do patrimônio do ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, o presidente Lula interrompeu a sua opção pelo banco dos reservas e entrou em campo chutando uma instituição que neste caso exibe uma excepcional moderação.
Resposta
A imprensa apontou de forma objetiva, sem adjetivação, fatos graves na alta administração federal, o procurador geral da República reconheceu a gravidade, pediu explicações ao ministro Palocci. A fúria do presidente Lula é injustificada, deletéria, e corre o risco de estimular retaliações.
A mídia brasileira merece uma marcação cerrada, precisa ser fiscalizada de perto. A melhor prova foi o quase silêncio que se seguiu às revelações da BBC sobre os escândalos na CBF. No caso Palocci, o habitual pool jornalístico não chegou a se armar, cada veiculo tratou de cobrir o caso à sua maneira, sem afobações, o que não significa que o velho canibalismo tenha desaparecido de todo.
A disparatada manifestação do presidente Lula já mereceu do jornalista Janio de Freitas uma resposta à altura (veja aqui), logo virão outras. Isso não ajudará o ministro Palocci, nem ajudará a presidente Dilma Rousseff.
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