A rede mundial de computadores trouxe a público o caso do presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que está sendo acusado de abusar sexualmente de uma camareira de hotel na cidade Nova York. Strauss-Kahn teria tentado fugir, mas foi detido quando embarcava em um voo para Paris, cidade onde reside.
O site português TVI24, na matéria entitulada “Strauss-Kahn: alegada vítima é guineense”, traz uma abordagem interessante do fato, que diz menos do caso e mais de ética jornalística. Ao fim da notícia, é possível ler o subtítulo: “E a presunção de inocência?” Ele traz a opinião pertinente da secretária geral do Partido Socialista Francês, Martine Aubry, que diz: “Com respeito por esta jovem, gostaria que fosse respeitada a presunção de inocência. Fiquei muito chocada com as imagens. […] Não se pode humilhar alguém que ainda não foi julgado.” As imagens que podemos recolher no Google sobre o caso mostram, invariavelmente, Strauss-Kahn algemado, sendo detido, ou sentado num banco (dos réus?) à frente de uma autoridade policial.
A opinião da secretária nos faz refletir a respeito de valores-notícia, como a barbárie, e ainda sobre ética jornalística. Um crime bárbaro como o estupro deve ser julgado como tal, mas não deve sofrer um pré-julgamento por parte de leigos como nós, jornalistas ou aspirantes a tal. Mais grave: sabemos da importância da condução de opinião pública que nos é conferida.
Há que se refletir, em situações como essa, sobre inúmeros casos relatados pela imprensa nos quais julga-se, condena-se e prejudica-se personalidades e “ meros mortais” antes mesmo que a polícia e a justiça consigam entender o caso. Não pretendo provar a inocência de ninguém. Apenas concordo com Aubry quando o assunto é o direito sagrado à cabeça erguida, que a imprensa costuma negar sem piedade.