Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

UOL, notícia e opinião

Com o título ‘Ex-poderosos da Era Lula perdem espaço no governo Dilma’, a UOL destaca uma matéria que pretende sugerir que o governo Dilma colocou na berlinda vários ‘capa preta’ do governo Lula. Ledo engano. A lista do ostracismo envolve: Hélio Costa (PMDB-MG), Marina Silva (PV-AC), Ricardo Berzoini (PT-SP), Ciro Gomes (PSB-CE), Aldo Rebelo (PC do B-SP), Osmar Dias (PDT-PR), Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), Ana Júlia (PT-PA), Gim Argello (PTB-DF) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Desta lista, um ou dois tiveram real poder (ou parcial) no governo Lula. A lista, portanto, induz a erro do leitor.

Hélio Costa e Marina Silva nunca estiveram no núcleo duro do governo. Ao contrário. Estiveram para compor alianças com interesses muito específicos. Marina amargou um total isolamento e muitas derrotas para a área econômica. O mesmo ocorreu com setores mais vinculados à igreja católica progressista. Faziam figuração e compunham uma imagem e até certo trânsito por segmentos organizados da sociedade que sempre estiveram na base política do petismo. Mas o lulismo os rejeitou desde sempre.

Aldo Rebelo e o PCdoB sofrem do mesmo descaso. Seria preciso lembrar a UOL da história deste cavaleiro da triste figura?

Outros citados fizeram parte do esquema de alianças e controle sobre as bases parlamentares. Mas dizer que eles eram poderosos ou muito poderosos na gestão Lula é um exagero muito distante da realidade.

Houve quedas, sem dúvida. Mas o ostracismo de grandes nomes ocorreu durante o governo Lula: Zé Dirceu, Benedita da Silva e Gushiken são dois nomes de fácil lembrança. Outros, foram resgatados ou se resgataram, como Tarso Genro e Marta Suplicy, além de Aloisio Mercadante.

Esta mistura de notícia com opinião acaba roendo o rigor da grande imprensa.

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Sociólogo