Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Da série ‘O Príncipe vs. o Operário’

Se não bastasse toda aquela disputa vexatória ocorrida na eleição passada, em 2010, promovida principalmente pelo candidato do PSDB, para completar a ópera o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em mais um de seus dizeres perolados, demonstrando ainda um possível ressentimento, resolveu desafiar o também ex-presidente Lula a uma nova eleição. Não se sabe onde e nem para qual cargo político.

Na coluna de Mônica Bergamo, reproduzindo-se direto da Folha, foi dito pelo ‘príncipe’: ‘Ele se esquece que eu o derrotei duas vezes. Quem sabe ele queira uma terceira. Eu topo.’

Ora, venha-se e convenha-se que, tendo em vista um considerável balanço no ego dos partidos de linha mais conservadora, tais como PSDB, DEM e seus parceiros, que tiveram derrotados grandes nomes da política, os quais vigorosamente representavam o partido, nada mais justo que um ‘ex-campeão’ de votos levantasse um polêmico desafio a fim de ajudar seus companheiros em mais uma batalha, já que a primeira mulher eleita no Brasil frustrou a vitória de um dos mais notórios expoentes da experiência política no brasileira, segundo ele mesmo: José Serra.

A ideia talvez seja muito boa porque poderia ter diferentes facetas. A primeira delas seria a de imaginar que FHC já fez o que tinha que fazer pela política, então resolveu ir no ‘se colar colou’, e quem sabe conseguir deixar de presente um último suspiro para revigorar o seu partido, a fim de se pensar um dia na possibilidade de um outro presidente tucano. A segunda faceta, e mais remota, é ele ter fé e acreditar que tem totais condições de disputar de igual para igual com um dos mais populares presidentes que a República federativa que o Brasil já teve. A terceira e última faceta, e talvez bem real, seria o gosto amargo do ressentimento de não ter alcançado, mesmo com tanto acervo intelectual, todos os feitos que ele tanto almejou, toda a vaidade e reconhecimento frente às diversas nações, tudo isso alcançado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enfim, qualquer das três facetas em que o FHC se encaixe, trata-se nitidamente do que se pode chamar de ‘picaretagem política’. No mais, uma boa sugestão seria: em vez de provocações picuetadas, o ex-presidente poderia aproveitar os seus estudos de Sociologia e elaborar uma nova tese científica a fim de estudar o fenômeno do seu desafiado, seguindo a problematização: ‘Por que ele, e não eu?’

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Bacharel em Direito e especializando em Gestão Pública, Natal-RN