Vimos sofrendo pressões com relação à independência do site Veja São José – hoje Vejo São José – sem abrir mão do domínio original. Primeiro quanto ao uso do brasão oficial do nosso município – um servidor da Imprensa Oficial sugeriu a retirada do brasão da cabeça do portal, a pretexto, entre outras coisas, de estarmos confundindo os internautas em relação ao site oficial de São José dos Campos, SP. Claro que não atendemos e, pelo jeito, parou por aí, embora persistam comentários de que o assunto teria sido enviado ao departamento jurídico da prefeitura.
Em seguida, advogados da Editora Abril nos notificaram ‘extrajudicialmente’ para exigir a retirada da marca vejasaojose.com.br do ar e a imediata transferência do domínio à citada editora. Recusamo-nos, após várias consultas. Assim sendo, e não restando outra alternativa, nos lançamos ao bom combate. Mais uma vez o Pequeno David enfrentará o Golias. Desta vez, uma disputa envolvendo a liberdade de expressão, essencial ao Brasil varonil.
De pronto, informamos que os que conosco estão, escrevendo ou colaborando, de qualquer maneira, não recuaram.
Agradecemos, de imediato, o apoio do jornalista Pedro Porfírio, da Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro que, corajosamente, nos defende (ver abaixo) no primeiro momento. Gratos somos também às pessoas que entenderem conosco alinhar-se.
Monopólio da informação para manter a desigualdade social
Pedro Porfírio, Tribuna da Imprensa, 6/10/05
‘Acabou a censura, mas obviamente continua havendo um controle sobre o noticiário, dependendo muito dos interesses das empresas jornalísticas. Então, não há censura, proibição, mas há um controle. Para o jornal não interessa que saiam certos tipos de notícia e então não se faz uma cobertura.’ (Luis Fernando Verissimo, em entrevista ao excelente site do jornal ‘Fazendo media’.)
Enquanto somos atraídos para os espetáculos lascivos de mau comportamento de uma classe política despudorada, o sistema vai consolidando seu modelo perverso fundado na atração do capital estrangeiro pela oferta de mão de obra cada vez mais aviltada e pelo monopólio da informação.
São duas coisas: uma é o sucesso do projeto subterrâneo de redução da renda dos assalariados, de destruição do serviço público pelo empobrecimento dos funcionários, pelo aviltamento de segmentos indispensáveis à formação do cidadão, como os professores, e até mesmo, num sentido mais sofisticado, pelo esvaziamento e sucateamento das Forças Armadas.
Outra coisa é o domínio deliberado dos canais de informações, que se valem de um arcabouço legal em desacordo com os fundamentos da nossa própria Constituição. Isto quer dizer que a sociedade acaba robotizada, numa conspiração sistêmica capaz de preservar intacta e direcionada a pirâmide social.
Antes de falar do agravamento da situação dos trabalhadores, dos que vivem de salários e vencimentos, gostaria de chamar sua atenção para a pressão organizada contra a livre manifestação do pensamento, que encontrou apoio incondicional do governo do ‘príncipe operário’.
Há duas vertentes que podem romper a curto prazo com o monopólio da informação: as rádios comunitárias, de baixo custo e influência local, e os milhões de sites, abertos quase a custo zero na Internet. Estes ainda são restritos aos que podem ter acesso a um computador, mas o crescimento dessa massa é visível, na proporção da queda de preços no setor e da disseminação de sistemas de acessos sociais, em grupos.
Contra as rádios comunitárias
As rádios comunitárias acreditaram no discurso do PT, que, no passado, correu atrás de uma legislação que assegurasse espaço a elas e se engajaram na campanha do Lula de olhos fechados.
De fato, não há nada mais democratizante, do ponto de vista da livre expressão, do que prestar serviço à comunidade sem depender de ‘grandes anunciantes’.
A necessidade da rádio local é cada dia maior, em face da política das redes de rádio, que transmitem em cadeia e limitam a informação a matérias de repercussão nacional.
Em mais uma peripécia da traição, o governo do PT/PC do B resolveu deixar o dito pelo não dito em relação às rádios comunitárias.
Nunca se perseguiu tanto esses veículos locais. E nunca essa perseguição foi tão implacável. Veja essa notícia, que dá uma idéia da política do governo federal a respeito: ‘Agentes da Polícia Federal de Niterói arrombaram, na manhã desta terça-feira, dia 4 de outubro, a sede de uma rádio comunitária na Rua Reverendo Armando Ferreira, no Largo da Batalha, em Niterói. A Rádio Pop Goiaba já tinha sido fechada pela Anatel, mas a direção da emissora conseguiu autorização do Ministério das Comunicações para funcionar em fevereiro deste ano. Segundo o diretor da rádio, Cláudio Sales, a emissora comunitária, que dá espaço principalmente aos músicos da cidade, faz parte de um projeto de extensão da UFF, ligado ao Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisa, da Faculdade de Antropologia, e à Faculdade de Comunicação( detalhes www.fazendomedia.com)’ .
Essa ação repressiva foi noticiada por ter acontecido ali, em Niterói. Mas essa é uma rotina que transforma num esforço de guerrilha a vontade de montar um veículo de alcance limitado e grande utilidade para seus ouvintes, como acontece em países como o Canadá. Esforço de que o PT usou e abusou, quando não estava no colo do sistema.
Pressões aos sites
Na internet, o sistema conta com a banalização dos sites. São tantos que, em tese, se contrapõem. Além disso, por sua própria tecnologia, são de controle quase impossível.
Impossível? Fui infeliz na conclusão. Se um site começa a ganhar leitores e ter importância como formador independente de opinião, pode esperar: mais dia, menos dia vão querer enquadrá-lo.
É o caso do site www.vejasaojose.com.br. Desculpe, ele agora se chama www.vejosaojose.com.br – isto se a poderosa Editora Abril se der por atendida em sua notificação, que obrigou a equipe do site mais respeitado de São José dos Campos a tirar o ‘veja’ do título.
Isso é o quê? Os advogados da editora alegam que a palavra ‘veja’ é privativa, mesmo como parte de um título maior que, com licença da grande mídia, tem tudo a ver. Olha que o site estava devidamente registrado no INPI e na central de títulos BR. Sua logomarca não tinha nada com a da revista. Mas os advogados alegaram que ela mantém edições regionais e isso confundiria o internauta.
Não é a primeira vez que Ricardo Faria e seus colegas enfrentam restrições. A Prefeitura local também questionou o uso do brasão da cidade junto à sua logomarca. Por que tanta pressão?
Afirmo com toda segurança: porque o agora www.vejosaojose.com.br pegou, é competitivo e, sobretudo, é independente, oferecendo a todos os brasileiros um noticiário fértil não apenas sobre a cidade de São José dos Campos e o Vale do Paraíba. Ele proporciona ao seu leitor informações e opiniões sobre os acontecimentos nacionais, sendo hoje, indiscutivelmente, uma referência em termos de mídia na rede. Se não fosse assim, se não tivesse dado certo, se não se constituísse numa resposta à altura de qualquer site nacional, não sofreria tanta pressão, porque está longe de ser panfletário, carbonário, seja lá o que for. É apenas um bom jornal e isso a grande mídia e os políticos do poder não podem admitir.
Depois, falarei do quadro cuja marca mais saliente é achatamento salarial de 2001 para 2003. Desculpe: minha indignação foi maior ao saber das pressões contra essa nova forma vitoriosa de ‘mídia alternativa’. (Veja também meu site www.pedroporfirio.com/)
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Equipe do site vejosaojose.com.br