O desmatamento na Amazônia Legal, que cobre nove estados brasileiros, subiu 27% segundo dados do satélite Deter, do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), representando 593 km² de terras, somente entre março e abril deste ano. Isso significa 444% a mais em relação ao mesmo período em 2010. Segundo Paulo Eduardo Artaxo Netto, que é professor doutor titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP, 18% da emissão de CO2 na atmosfera é causada por esse problema.
Só no Brasil, 56% da emissão total dos GEE (gases de efeito-estufa) se devem ao problema da devastação das florestas, enquanto a indústria é responsável por apenas 5%. Esse resultado tem efeito na vida terrestre, já que os ecossistemas absorvem o CO2, que é um desses gases. Ele se torna um inimigo por reter os raios ultravioletas, levando à elevação da temperatura do planeta. Mas essa atuação da natureza é limitada e por isso não tem dado conta do alto índice deles no ar. Um exemplo citado por Paulo Artaxo é a quantidade de petróleo queimado no mundo, que chega a cerca de 15 bilhões de barris por ano.
Outra problemática vem das queimadas para formação de pastos, que, segundo o professor, jogam uma quantidade gigantesca de partículas na atmosfera, produzindo assim o ozônio (O3). Ele tem efeitos nocivos à saúde humana, causando problemas respiratórios, e também nas florestas que não foram queimadas, reduzindo a sua capacidade de fazer fotossíntese, chegando a levar até a morte das plantas.
Governos precisam se unir
Esses problemas acontecem já há muito tempo. O desenvolvimento, que teve um grande impulso na Revolução Industrial a partir de 1850, se deu com a queima de carvão, que é um dos recursos energéticos mais poluentes que existem. Hoje, ainda sofremos com isso. Um exemplo são os equipamentos usados nas fábricas e campos, que são antigos e com tecnologia precária. Eles acabam consumindo mais energia e emitindo mais GEE. “Basta um banco como o BNDES fomentar programas para reequipar essa indústria que a eficiência e o ganho de capital dela melhoram, pois gasta menos energia e aumenta a produtividade econômica”, diz o professor em relação ao modelo industrial atual e o papel do governo nessa questão.
Artaxo afirma que “se quisermos evitar um aquecimento de 3 a 5 graus, não há alternativa a não ser reduzir as emissões desses gases o mais rápido possível e usar os recursos naturais do nosso planeta de modo mais inteligente”. Mas, para que essas medidas sejam tomadas, os governos precisam se unir, pois “nenhum governo isolado na região resolve os problemas sozinhos”, afirma.