Neste momento, vem à minha mente uma verdade: ninguém respeita os professores, pois professor é massa falida, é artigo de última necessidade em um país de ignorantes. Recentemente, em Fortaleza, vimos tal situação no momento em que a Guarda Municipal de Fortaleza, exorbitando de sua posição tradicional, promoveu todo tipo de agressão aos educadores que, desesperados e desesperançados com a traição promovida pelos vereadores da Câmara Municipal, tentavam impedir a votação de uma mensagem da prefeitura que violentava a classe e descumpria a Lei do Piso, que foi promulgada pela Presidência da República e vem sendo rasgada pelos governadores e prefeitos de todo país – e até desvirtuada pelo próprio Ministério da Educação. A situação em questão foi documentada pela mídia televisiva e mostrou uma sanha assassina dos guardas municipais, que utilizaram de aparelho repressivo extremamente descomunal para professores e professoras desarmados e sem nenhum tipo de proteção especial.
A ação da Guarda Municipal de Fortaleza beirou os períodos mais negros da ditadura. Quem passava na frente era agredido firmemente pelos agentes repressores da prefeitura, que tiveram seu comandante à frente do processo a partir de ordem dada pelo presidente da Câmara Municipal. A ideia era trucidar, bater e agredir educadores que estavam lutando por uma minguada quantia a mais em seus contracheques, como preconiza a Lei do Piso já em vigor, mas sem respeito nem ação prática. A pergunta que nos vem à mente é: para que a Lei existe, se ninguém cumpre? O governo federal não tem poder de fazer com que a lei seja cumprida? Onde estão os representantes da lei que não colocam os gestores no seu devido lugar? A prefeitura de Fortaleza e os governos de todo o país cospem na lei e humilham os educadores, que pensavam que tinham direito.
Qual o sentido do jornalismo?
A mídia não cumpre bem sua função, pois só noticia o conflito sem entrar no âmago da questão, que é o cumprimento da lei. Não coloca a sociedade como interlocutora da verdade da situação dos educadores, que hoje estão atolados em dívidas patrocinadas pelas prefeituras através dos empréstimos consignados e têm quase todo seu salário descontado através da agiotagem com anuência dos gestores municipais. Nos jornais e nos noticiários de TV é comum colocar criancinhas como vítimas dos professores – que, por sua vez, estão apenas lutando pelos seus direitos. A luta pela educação deveria envolver a mídia, que só utiliza esta faceta da sociedade em momentos de greves ou em casos de violência eventual nas escolas. A grande mídia deveria dar espaços à educação em seus momentos e programações, pois a educação é uma bandeira que deve fazer parte de um clamor firme da sociedade.
A prefeitura de Fortaleza tem grande espaço na mídia para ameaçar os professores, pedir ilegalidade da greve e ainda conta com jornalistas amestrados para dizer que os professores são irresponsáveis, baderneiros e que não estão com razão. Qual o sentido do jornalismo? Hoje, qualquer governante sabe que as verbas de publicidade são um grande jogo de barganha e que podem comprar opiniões e até mudá-las. A prefeita de Fortaleza tem grande espaço em um jornal da cidade para dizer o que quer e esta mesma oportunidade não é dada a quem pensa diferente. Isso é jornalismo?