A mídia parece apostar na própria mídia nestas eleições – e o reflexo disso já aparece na imprensa e nos noticiários (e neste próprio Observatório) – sendo o principal palco o televisivo, a grande arena onde os candidatos à presidência e aos governos estaduais jogam todas as cartas, do marketing à tarimba política, com o início do horário da propaganda eleitoral.
Os resultados dessas apostas logo vão aparecer nas próximas pesquisas de intenção de voto, com as quais os pleiteantes poderão saber se estão no caminho certo ou não, e a partir disso corrigir rumos. Para a mídia, especificamente a impressa, cabe o papel de análise do desempenho dos candidatos e de suas propostas, deslindadas na arena televisiva.
Até o momento, no entanto, a aposta que a mídia faz nela própria tem rendido elogios à sua atuação, como nas entrevistas aos presidenciáveis na bancada do JN, ou no primeiro debate, na Band, apesar de certo engessamento com tantas regras e acordos.
O perigo da espetacularização
O nível da campanha, pelo menos na primeira semana, tende a manter certo grau de civilidade, o que é natural, até que se não mude o tom ou não bata o desespero naqueles que estão em desvantagem.
A mídia tem as suas preferências (e apostas) – vale observar o seu comportamento ao longo da campanha. Entretanto, fica a impressão que poderia mais, como nas entrevistas citadas, a falta de questionamentos mais aprofundados em alguns pontos, devido ao tempo reduzido, ou de tirar proveito de ganchos oferecidos pela fala dos candidatos.
Talvez a mídia deva apostar um pouco mais nos leitores, para não correr o risco de perder-se em análises de superfície, esquecendo-se do que verdadeiramente importa nas propostas de cada candidato; e nem se deslumbrar consigo, assumindo um papel que não é o seu, com o perigo da espetacularização de candidatos ou fatos. Vamos observar.
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Servidor público, Jaú, SP