A televisão, ao contrário do que se imaginava, contribui para a integração das famílias brasileiras de classe média. E a programação, que muitos acreditavam ser assimilada de forma passiva pelos telespectadores, é analisada, criticada e várias vezes repudiada por esses grupos, o que acaba por influenciar até a escolha dos conteúdos de programas e propagandas televisionadas.
Essas são algumas conclusões do estudo ‘Família e televisão: mais que televisão e subordinação’ – dissertação de mestrado defendida recentemente na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e um dos 24 projetos que serão apresentados no IV Telecongresso Internacional de Jovens e Adultos, que se realizará entre os dias 18 e 20 de outubro na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. ‘Em alguns momentos [o ato de assistir televisão em família] é um elo de socialização’, explica a autora do trabalho, a jornalista Mônica Costa de Oliveira Zacarias.
A agora mestra em Ciências Sociais destaca que uma das conclusões de sua tese é que graças à interação familiar ‘a pessoa aprende a ver TV e a classificar como bom ou ruim’ um determinado programa, de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo núcleo familiar em que convive.
Tal processo se caracteriza por análises e discussões entre os integrantes da família sobre o que assistem, que acontecem quase simultaneamente à apresentação dos programas. Segundo a jornalista, mesmo quando o debate surge depois da apresentação, ele é válido pois reforça a conclusão de que assistir televisão não é um ato meramente passivo para esse grupo específico.
‘Posso dizer com certeza que o padrão que identifiquei quanto à interação da família com a televisão, assim como a postura questionadora em relação aos programas (novelas, telejornais, propagandas), se refere a grupos urbanos oriundos da classe média’, detalha Oliveira Zacarias.
Como nossos pais
A jornalista sublinhou que um aspecto curioso identificado por sua tese é que os filhos – ao terem descendentes – acabam por repetir os parâmetros que seus pais defendiam quanto à classificação (boa ou ruim) de uma determinada programação, mesmo que tenham divergido no passado. Ela, que entrevistou 41 pessoas de 13 núcleos familiares, lembrou que ‘todos admitiram que reproduzem o que aprenderam, mesmo que tenham discordado de seus pais’.
O IV Telecongresso Internacional de Jovens e Adultos, com o tema ‘Mídia e Educação: Incluir na Sociedade do Conhecimento’, é promovido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), Universidade de Brasília (UnB) e Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
O evento será aberto na terça-feira (18/10), às 9 horas, pelo presidente da CNI e do Sesi, Armando Monteiro, pelo reitor da UnB, Lauro Morhy, e pelo coordenador editorial da Unesco no Brasil, Célio da Cunha. Nos três dias do Telecongresso, serão realizadas conferências e mesas-redondas geradas em Brasília e transmitidas pela Infovia CNI para os Departamentos Regionais do SESI e os núcleos em todo o Brasil. As participações dos conferencistas internacionais serão transmitidas via satélite pela Embratel.
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Da assessoria de Imprensa do IV Telecongresso Internacional de Jovens e Adultos (imprensa@cni.org.br)