O fim de semana foi marcado em todo o mundo por um espetáculo sem precedentes, autêntico reality show, dramático, emocionante, angustiante, literalmente sufocante.
Jornais, revistas e televisão mostraram um vídeo gravado nas profundezas do inferno a 700 metros abaixo do solo pelos mineiros chilenos soterrados há 25 dias na mina de cobre de San José, norte do Chile.
De acordo com as primeiras estimativas, o resgate só se completará dentro de três meses. Situação inédita, porque os sobreviventes estão sendo atendidos, medicados, vestidos e alimentados continuamente através de estreitos dutos e sondas ligadas à superfície.
Isolamento coletivo
Experimentados, treinados para emergências, os mineiros souberam se organizar para sobreviver, mas cinco já apresentam sinais de depressão psicológica. Perderam 10 quilos cada um nesta primeira fase.
O vídeo que gravaram na quinta-feira (26/8) acalmou as famílias mas também exacerbou o voyeurismo da mídia. Esta história ficará semanas em cartaz. No Chile, por solidariedade, no resto do mundo por curiosidade, depois talvez por morbidez.
Na capa da edição desta semana, Veja mencionou a ‘mais longa e documentada experiência humana de isolamento coletivo’ e lembrou que o resgate poderá trazer ensinamentos para a medicina, psicologia, viagens espaciais.
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