Bastante antes da crise financeira que abalou os Estados Unidos, em setembro de 2008, uma crise sem precedentes abalava os meios de comunicação europeus. Para o professor de História da Mídia na Europa José-Manuel Nobre Correia, os primeiros sinais dessa crise começaram a se revelar, paradoxalmente, como consequência de uma proliferação dos meios de comunicação que tivera origem na década de 1960. E essa crise se tornaria mais evidente nas décadas de 1970-80, com a desmonopolização do rádio, e nas décadas de 1980-90 com a privatização das emissoras estatais de televisão.
Se, por um lado, a proliferação dos meios reforçou o pluralismo, por outro estimulou uma segmentação significativa das audiências e, consequentemente, um enfraquecimento do potencial de difusão e uma queda na receita de publicidade.
Essa nova realidade, por paradoxal que fosse, provocou uma desestabilização no setor de revistas, do rádio e da televisão, com mudanças de propriedade, falências e fechamentos mais ou menos estrepitosos. Essa instabilidade incentivou, ou acelerou, sem dúvida, o fenômeno da concentração dos meios de comunicação em toda a Europa.
** A crise da mídia na Europa [em espanhol]
** União européia e a influência da mídia [em francês]
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Professor de História da Mídia na Europa e de Socioeconomia
da Mídia na Europa na Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica