A luta por um rádio melhor deve encontrar em meio a uma sociedade organizada opiniões para seu funcionamento, sua programação e sua condução, visto que o rádio é uma concessão pública que deve satisfazer os interesses da sociedade e os anseios populares para o bem da comunicação e para o fortalecimento da democracia. O rádio precisa de uma programação que una qualidade técnica e boas mensagens com participação ativa dos ouvintes na condução dos programas e com espaços para discussão do que se passa neste meio oportunizando aos usuários o dizer, o fazer e o querer. O rádio precisa de mais apoio dos setores econômicos, que devem patrocinar claramente programas voltados para a cultura, o bom entretenimento e que valorize a informação salutar e verdadeira em todos os setores da vida moderna.
Para existir qualitativamente, o rádio precisa ser repensado, ser discutido, ser debatido e ser questionado até que se tome um rumo de modernidade aliado ao respeito ao usuário que através de um processo de interatividade deve discutir a programação e deve opinar sobre o que se passa nesse meio de comunicação. O rádio precisa de uma avaliação constante e precisa ser modificado no sentido de conteúdo e visão não devendo ser utilizado por interesses políticos, religiosos ou econômicos que no instante momento acabam por desfazer o verdadeiro sentido da comunicação.
É urgente que os outros meios de comunicação façam um debate sério sobre o rádio, compreendendo sua história e analisando seu papel no cotidiano das pessoas para que se conheça sua importância e penetração na vida das famílias e no conduzir das sociedades. O rádio precisa de espaços nas outras mídias para ser divulgado, debatido e para que hajam propostas no sentido de seu crescimento e fortalecimento.
Garantia de construção da cidadania
O momento atual é de grande importância para procedimento de uma investigação crítica sobre o papel do rádio e entendimento dos interesses que hoje se escondem na prática de arrendamentos, nas incorporações de grandes redes e na venda de rádios a políticos ou grupos religiosos. É preciso que a sociedade entenda o papel de rádio como concessão pública e tome de conta de seu meio de comunicação para evitar monopólios pelos interesses que certamente não são da população em geral. O rádio precisa ser questionado para seu próprio bem e para o bem da comunicação, pois a boa comunicação é aquela em predominam ideais de justiça, democracia e liberdade para os seus usuários e os que fazem o rádio.
O rádio precisa de mais interesse do Poder Público, que tem de investigar a renovação de concessões e mapear o domínio deste meio de comunicação para fortalecer seu caráter de concessão pública que não vem sendo praticada pelos detentores das concessões que fazem de tudo para transformar o rádio em mercadoria determinada por interesses dos grupos políticos e econômicos hoje em vigor. O rádio precisa de apoio de todos os cidadãos para crescer e se fortalecer. É urgente a organização dos personagens que fazem o rádio em sindicatos, associações e grupos de pressão para lutar pela dignidade de seus personagens e respeito aos seus usuários.
Para fazer o rádio melhorar e crescer é preciso muita organização do povo que é seu usuário e dos que fazem o rádio que devem se organizar em mecanismos de pressão para desenvolver plenamente este meio de comunicação para o bem de todos que fazem nossa sociedade. O rádio precisa de muita luta para melhorar, pois temos vários problemas que só serão resolvidos com organização do povo que infelizmente ainda não compreendeu o valor deste meio de comunicação como elemento de coesão da sociedade e de construção da cidadania plena.
Os que se dizem proprietários do rádio precisam investir mais em tecnologia para gerar transmissões de qualidade e garantir ao ouvinte a informação verdadeira, respeitosa e ética. É preciso também fiscalizar a programação e agir firmemente em qualquer tipo de anomalia que possa ocorrer, pois somente teremos um rádio de qualidade se todas as partes interessadas derem sua contribuição para o bem deste meio e para garantia de construção da cidadania em meio ao processo de comunicação.
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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE