Decano da crônica política, 55 anos de jornalismo, líder sindical atuante em defesa da classe e da dignidade profissional, ocupante de importantes cargos administrativos e de convivência com o poder, sem com dele se confundir no exercício da profissão, além de autor de vários livros e de teses e ensaios sobre a ciência da Comunicação Social.
Esse, o perfil do jornalista Virgílio Horácio de Castro Veado, autor de Nação Ultrajada – Constituinte ou Revolução. Obra de fácil leitura, formato de bolso e com apenas 63 páginas, o trabalho do jornalista aborda com coragem e sem meias palavras, o momento ‘vergonhoso da nossa História’.
O livro é inovador, porque está sendo vendido em bancas de jornais e revistas a preço popular, e moderno na diagramação, pois é apresentado em forma de perguntas e respostas, transformando o repórter em entrevistado, para esclarecer questões que envolvem a classe política, os partidos e até o presidente da República. O jornalista não se prende a simples relatos de fatos que afligem e assustam a opinião pública, mas emite conceitos e analisa, com clareza de linguagem e firmeza nas declarações, o que se passa dentro e fora dessa crise institucional que vive o país.
Coerente com a formação humanística, o jornalista é também advogado, e preocupado com a obrigação de participar da formação da opinião pública, dever inerente à profissão, Virgílio Veado diz que este livro foi escrito em menos de dez dias, no auge da crise e movido por sentimentos de cidadania.
Nação Ultrajada trata de todos os elementos, ou muitos deles, que se misturam nessa chamada ‘crise do governo Lula’: causas da crise, reforma política, impeachment e estratégia do presidente (se ele sabia ou não dos fatos), comportamento da imprensa, os mineiros no ‘valerioduto’, o instrumento do habeas-corpus, e a verdade sobre a delação premiada.
‘Descabidas e despropositadas’
Uma questão, no entanto, destaca-se quando o jornalista apresenta a solução para o país sair deste imbróglio: ele propõe a convocação, pelo presidente da República, de uma Assembléia Nacional Constituinte Exclusiva. Diz que esse é o ‘único remédio e não há melhor alternativa, dentro dos parâmetros do figurino democrático, diante do colapso das instituições políticas’. E ele garante mais, justificando também o título do livro: ‘ou o país adota essa opção, ou se expõe a uma convulsão incontrolável, pior ainda, a um novo golpe de Estado. E isso deve ser evitado a qualquer custo’.
O jornalista justifica sua tomada de posição. Diz que não tem qualquer compromisso, a não ser com o país, não é do mercado financeiro e não tem vínculo com nenhum partido ou grupo. Por isso, está à vontade para apresentar, ‘com absoluta convicção e independência doutrinária, uma proposta concreta, clara, efetiva, juridicamente eficaz, politicamente correta, tecnicamente adequada’.
Virgílio Veado não detalha o processo da Constituinte, porque isso não lhe compete, mas deixa claro que ela deve ser exclusiva e com poderes ilimitados, ‘até mesmo de derrogar as chamadas cláusulas pétreas’. Fala também com clareza que a ‘Constituinte seria eleita pelo voto direto e popular, com o lançamento de candidatos avulsos, que não necessitariam filiar-se a partidos políticos para concorrer. Os representantes não teriam direito a subsídios ou ajuda de custas, apenas o reembolso de despesas comprovadamente efetuadas, durante o exercício do cargo. O candidato à Assembléia Nacional estaria inelegível pelo período de oito anos e, promulgada a Carta, ele voltaria às suas atividades normais, sem nada pretender adiante’.
O jornalista esclarece outras questões sobre a sua proposta e pede ‘um basta à empulhação e aos remendos em uma colcha eticamente irrecuperável. O povo não suporta mais tanta falta de compostura’. Diz que com a convocação da Assembléia Nacional Constituinte Exclusiva , ‘o presidente Lula, hoje desacreditado e até ridicularizado no país, por declarações irreverentes, descabidas e despropositadas, teria uma grande oportunidade de redimir-se perante a Nação ultrajada, pois ele está passando dos limites ao falar tantas mentiras para enganar o povo’.
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Jornalista