Por ter usado capangas para ameaçar de morte o jornalista Gessi Taborda, obrigando-o a paralisar a distribuição do periódico Imprensa Popular na cidade de Candeias do Jamari, o prefeito Chico Pernambuco terá de pagar indenização ao jornalista [ver remissão abaixo]. A decisão foi exarada pelo desembargador Eurico Montenegro Júnior, no dia 7 de outubro, em audiência de instrução, no Tribunal de Justiça, em Porto Velho.
O jornalista aceitou a decisão conciliatória – concordando com o valor da indenização proposta – porque, como explicou, ‘a decisão do desembargador atendeu ao seu pleito maior, que era o de ‘mostrar, didaticamente, que o prefeito de Candeias do Jamari, embora bronco, não está acima da lei e não será, como imaginava, premiado pela impunidade pelos danos que costuma praticar contra as pessoas que não concordam com seus métodos de administrar e fazer política’.
O jornalista disse esperar que ‘o desfecho desse processo’ estimule outras pessoas ofendidas e ameaçadas pelo prefeito ‘a procurar socorro na Justiça’, onde o ofensor ‘certamente será condenado a pagar novas indenizações’. Com a decisão do desembargador Eurico, o jornalista Gessi Taborda disse que o jornal Imprensa Popular voltará a circular em Candeias do Jamari, ‘em respeito à população laboriosa do município, que como qualquer outra tem direito de ter acesso aos veículos de comunicação, independentemente de sua postura editorial em relação ao prefeito’.
Editorial: Quatro anos de Imprensa Popular
Com a edição de 23 de outubro, Imprensa Popular completa seu 4° aniversário de fundação. Parece muito pouco para um jornal e bem seria se este fosse um veículo nascido para atender aos interesses do establishment.
Em se tratando de um veículo alternativo nascido com vontade de renovar a imprensa – sobretudo a escrita –, de reinventar um estilo de mídia independente, sem a contribuição dos grandes financistas e sem o beneplácito dos mais fortes núcleos de poder, quatro anos de existência é, para nós principalmente, uma marca invejável. Chegarmos outra vez às mãos dos leitores com esta edição dá-nos a sensação de que estamos conseguindo adquirir a maturidade fundamental para continuar dando nossa contribuição à sociedade rondoniense em nesta sua busca por um horizonte definido de progresso com oportunidades democratizadas para todos seus filhos.
Em quatro anos de lutas constantes, tanto no aspecto político, filosófico como no econômico, Imprensa Popular tem enfrentado muitos sofrimentos [ver remissões abaixo] e, por que não dizer, muitas perseguições. E só tem sobrevivido graças à generosidade de seus leitores e ao aprendizado de seus condutores com os percalços que marcaram sua curta trajetória.
Nesse período sofremos mais com a censura travestida de legalidade do que qualquer outro periódico rondoniense. Foram duas apreensões e várias intimidações no sentido de impedir sua livre distribuição e sua livre manifestação de pensamento, de crítica e informação.
Começamos como mensário, chegamos a semanário e hoje estamos circulando um máximo de três vezes por mês, em conseqüência da absoluta falta de recursos para cobrir custos de uma circulação semanária regular. Este é um sofrimento que ainda não conseguimos superar porque não mudamos nossa posição de mantermos a linha de imprensa do leitor, ao contrário de defensor dos interesses dos grupos que poderiam financiar esse projeto.
E mesmo assim Imprensa Popular continua sendo o mais importante alternativo da mídia impressa rondoniense, o mais lido principalmente na capital do estado.
Ao entrarmos agora no 5° ano de existência, queremos que Imprensa Popular continue a ser um jornal inovador, o preferido da juventude, sobretudo da juventude estudantil, dos acadêmicos, dos intelectuais, da elite política, empresarial, dos acadêmicos e também do povão que se já acostumou a recebê-lo graciosamente, pelo nosso sistema de distribuição dirigida.
Estamos convencidos de que daremos continuidade a um jornal com a coragem de fazer jornalismo acreditando que o Brasil não vive mais à margem da liberdade de imprensa. Por isso Imprensa Popular continuará sendo um veículo influente, disposto a participar das lutas das novas gerações. Queremos um jornal economicamente viável sem ter de vender a sua alma, mas vendendo apenas espaços publicitários.
Queremos manter a independência editorial, a profissionalização da redação, a isenção da informação, garantindo para a nossa equipe de colaboradores a liberdade de expressão, pois só assim Imprensa Popular continuará símbolo de um jornalismo sério, verdadeiramente comprometido com as conquistas e fortalecimento da democracia.
Em Rondônia, a existência de veículos de comunicação como este é fundamental para o verdadeiro exercício das liberdades democráticas, embora muitos núcleos de poder trabalhem contra essa idéia. Afinal, estamos numa terra em que todos os grandes veículos de comunicação estão ligados a grupos políticos e, assim, existem para defender os interesses desses grupos.
Hoje Imprensa Popular é gerido por uma nova empresa. A anterior foi desativada em virtude de uma legislação que permite ferir de morte, por sansões econômicas draconianas, quem está apenas nascendo, quem não tem o suporte dos grandes conglomerados e fortunas. Mas, certamente, com a mágica do trabalho e do tempo, este periódico deverá atravessar os obstáculos para se consolidar com um patrimônio inalienável da população rondoniense, tornando-se depositário de seu esforço na aculturação e democratização da nossa sociedade.
Ao completarmos quatro anos dessa ousadia registramos nossos agradecimentos aos leitores, aos nossos anunciantes e também aos demais jornais que ajudam a combater o monopólio da imprensa, tão prejudicial a todos. Muitos opinam que em Rondônia há títulos em demasia no mercado editorial. Essa não é a nossa visão. Uma sociedade complexa e multifacetada como a nossa comporta muitos títulos dispostos a disputar leitores de maneira leal e honesta. A população deve dispor de fontes de informações diferentes.
Bem, Imprensa Popular continuará defendendo a democracia, a livre iniciativa, os direitos humanos, o povo rondoniense, buscando manter sua independência em relação aos partidos políticos, aos sindicatos e às corporações podendo, inclusive, criticá-los ou aplaudi-los. Queremos ser, com a sua ajuda e sua participação, baluarte do desenvolvimento rondoniense.
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Repórter, estudante de Jornalismo