Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um negócio lucrativo

Acabo de ler o seguinte no JB:

“A Fifa e o COI (Comitê Olímpico Internacional) já vislumbram lucros recordes com as realizações da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Brasil. Segundo informações publicadas nesta quarta-feira (13/7) pelo jornal O Estado de S. Paulo, os órgãos ressaltaram o aumento da audiência dos dois eventos e conseguiram melhores acordos de patrocínio.

A publicação diz que a Fifa receberá só das seis maiores empresas parceiras para 2014 a cifra de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 2,5 bi), além de US$ 2,2 bilhões (quase R$ 3,5 bilhões) pelos direitos de transmissão televisiva – valor duas vezes maior que o da Copa de 2002.

Quanto ao COI, a entidade espera receber mais de US$ 4 bilhões (R$ 6,3 bi, aproximadamente) com os contratos com as emissoras de todo o mundo para a transmissão dos Jogos do Rio de Janeiro.” – ver aqui.

Um espetáculo financeiro

As Olimpíadas foram inventadas pelos gregos e realizadas de maneira regular por centenas de anos. Quando não estavam em guerra, as cidades-Estado gregas realizavam os jogos. Quando estavam em guerra, os comandantes gregos faziam um armistício e realizavam seus jogos como se não existisse nada mais importante que as disputas esportivas. No mundo grego, as Olimpíadas eram quase sagradas, uma celebração à atividade física e ao corpo humano. Os prêmios eram apenas dois: prestígio decorrente da vitória e uma coroa de louros. Prêmios em dinheiro não existiam e certamente a realização dos jogos não era um negócio.

As Olimpíadas modernas foram criadas com este espírito, mas logo se tornaram um evento mercadológico para fabricantes de artigos esportivos e fonte de negócios para empresários do setor turístico (hotéis, bares e similares). A nascente indústria de comunicação e, mais recentemente, dos construtores de Vilas Olímpicas, estádios e ginásios, se apropriaram ao evento e o tornaram o maior espetáculo financeiro do mundo.

Quem vai ganhar?

A Copa do Mundo, que começou mais ou menos na mesma época que as Olimpíadas modernas, sofreu uma mutação semelhante. De um torneio de times amadores, se tornou o que é hoje: um megaevento midiático-capitalista.

O que o COI e a Fifa esperam dos brasileiros? Que eles paguem as despesas dos dois eventos de maneira tranquila e depois se sentem nos estádios e ginásios (a maioria se sentará em frente de suas TVs) e assistam os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo. O COI e a Fifa embolsarão bilhões e a Rede Globo e suas concorrentes menores embolsarão centenas de milhões, mas quem pagará a infraestrutura dos eventos somos nós.

Quem são os brasileiros que vão ganhar com os Jogos Olímpicos e Copa do Mundo além do COI, Fifa e redes de TV? Os donos de construtoras, de hotéis, de bordéis, de restaurantes etc… bem como os políticos, que aproveitam os dois eventos para duplicar suas solicitações de “ajudas eleitorais”.

Pensando bem, eu ficaria melhor se assistisse aos dois eventos num país distante pela TV aberta.

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[Fábio de Oliveira Ribeiro é advogado, Osasco, SP]