Tanto a mídia nacional como a internacional ainda patinam desarvoradas nos desdobramentos da morte de Osama bin Laden. As grandes questões permanecem intocadas e a maior delas, mãe e madrasta de todos problemas, é o fanatismo religioso – que não é uma exclusividade islâmica.
O mundo está há algumas décadas dominado por um fundamentalismo clerical que abarca as principais confissões e inflama todos os credos. Quanto mais consciente e racional torna-se a humanidade mais delírios e irracionalidade provoca. Esta é uma diabólica gangorra que, ao menos, deve ser identificada.
A bandeira da guerra santa empunhada com tanto ódio por bin Laden passou para muitas mãos, algumas menos manchadas de sangue, mas todas dominadas pela mesma exaltação.
Propaganda guerreira
O Egito, apontado como paradigma de uma redemocratização pacífica, foi cenário na sexta-feira (6/5) de um sangrento confronto entre muçulmanos e cristãos coptas em que morreram sete pessoas e cem ficaram feridas. No domingo (8/5), em seu artigo semanal no diário espanhol El País, o prêmio Nobel de literatura Mario Vargas Llosa denunciou o arcebispo de Lima que está açulando a Opus Dei peruana a ir para as ruas contra o candidato esquerdista Ollanta Humula (ver ‘A hora da verdade‘, em espanhol).
Religião e política produzem um coquetel explosivo que só a mídia teria condições de desativar, desde que tivesse coragem de enfrentar os fanatismos religiosos e não se importasse em desagradar parte de sua audiência.
Bin Laden, dizem alguns, jamais deu um tiro, as armas que apareciam nas suas fotos e vídeos funcionavam com peças de propaganda. Mas era propaganda guerreira, clamando por massacres. O fanatismo religioso está mais visível no Oriente Médio, mas também está solto na Europa e no Novo Mundo. Ele produziu o 11 de Setembro em Nova York e agora o Primeiro de Maio, no Paquistão.