Quando se usam termos técnicos que não são do conhecimento de todos, é preciso que, ao final da explicação, haja um comentário que vai detalhar o que aquela adjacência queria dizer. Quando se fala algo público, é obvio que nem todos têm conhecimento para saber o significado de certas falas. E mesmo os mais intelectuais podem se esquecer do sinônimo de algum palavreado.
Delfim Netto [economista], que no dia 4 de abril fez um comentário num programa de TV, definiu assim sua explicação, ao que ele chamou de animal, em referência às empregadas domésticas, durante entrevista: ‘É preciso entender em que sentido foi feito o comentário.’ Eis aí uma bela tática do porquê ao final de uma fala. É preciso compreender que diversos públicos podem estar assistindo no caso.
Com a explicação e o pedido de desculpas às empregadas domésticas, o ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto, disse que considera o episódio uma ‘tempestade num copo d´água’. Claro, até pode, sim, ser considerado isso, mas algo provocado por uma fala que poderia ter sido mais apropriada naquele momento, com colocações que fossem de mais fácil assimilação.
O real motivo da fala
O programa no qual Delfim participou é um programa que talvez não interesse a todas as camadas da sociedade por ter seu foco no lado político, mas o que tem de se observar é que o público, principalmente num domingo à noite, é bem rotativo e, mesmo que um assunto, ou entrevistado não seja algo que possa interessar, dependendo do contexto por alguns minutos, o telespectador pode gostar do tema em questão.
Então o que se observa é que, como aparentemente o programa atinge classes mais elevadas da sociedade, este seria o real motivo da fala que Delfim explicou, aí sim, com detalhes: que a intenção foi mostrar que no processo de ascensão social em curso na sociedade brasileira, a figura desse profissional tende a desaparecer. Seria bem mais simples se inicialmente a elucidação tivesse este ritmo.
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Jornalista, Taboão da Serra, SP