Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Parcialidade e comprometimento com a verdade

A filosofia pode ser relacionada com o jornalismo de diversas formas. O Mito da Caverna é um exemplo claro, pois o jornalismo age como o homem que conseguiu sair da caverna e quer mostrar para os outros que existe muito mais que aquele lugar, a escuridão e as sombras. O jornalista tem como dever divulgar a informação com veracidade, abrindo os olhos de todo seu público, mostrando-lhe a realidade que existe muito mais além do que seus olhos podem ver.

A definição do que é filosofia é que não devemos aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem ter antes investigado e compreendido. Para qualquer pessoa, é importante obter esse senso crítico, mas para um jornalista essas características são essenciais, pois esse profissional não pode divulgar um fato sem ter investigado, questionado e compreendido aquela situação. Seria, inclusive, falta de ética da parte dele.

A atitude crítica da filosofia, que corresponde pela negativa; dizer não ao senso comum, pré-conceitos e pré-juízos; positiva, interrogar: O que é? Por que é? Como é? Quando vai produzir uma matéria, o jornalista tem que ter essa atitude crítica, se despir de tudo aquilo que ele foi criado ouvindo, seus pré-conceitos, ser imparcial retratando a verdade. Assim como na filosofia, no jornalismo quando se noticia algo factual existem também algumas perguntas para se responder no lead: Quem? O quê? Quando? Como? Onde? Por que? Para que os fatos sejam relatados da maneira mais esclarecedora possível.

Pregar uma coisa e fazer outra

Existe, de fato, uma relação muito próxima da filosofia com o jornalismo. Um jornalista, para ser completo, precisa entender de filosofia e, mais do que isso, aderir a esse pensamento filosófico. Ele deve admirar, se espantar e se distanciar. Olhar o mundo com outros olhos, como se nunca o tivesse visto antes.

Infelizmente, muitos jornalistas não possuem essas características e alguns veículos de informação, que deveriam repassar os fatos com total imparcialidade, acabam alienando ainda mais a população.

Franklin Martins, em seu livro Jornalismo Político, dá destaque para as mudanças que o jornalismo político passou nas últimas décadas. Ele acredita que hoje em dia os veículos de informação estão mais isentos no que diz respeito a esse assunto. Ou seja, antigamente, com a concentração maior de poder e um domínio da informação, os meios de comunicação apoiavam os candidatos de acordo com seus interesses econômicos e ideológicos. Como prova concreta disso ele dá destaque às principais manchetes da década de 50, fazendo uma comparação com o ano de 2002. E diz que anteriormente os jornais entravam em campanha; e que hoje a imprensa cobre a campanha.

Mas toda essa isenção abordada pelo autor não foi o que dominou a mídia na eleição de 2010, pois jornais e revistas se posicionaram. A imparcialidade é algo muito difícil de acontecer, pois quanto maior é o veículo de informação, mais dificuldades ele tem nesse tipo de questão. Interesses econômicos e ideológicos são levados em conta. Uma solução seria se o jornalismo fosse parcial, mas mantendo o comprometimento com a verdade. Isso seria muito mais honesto que pregar uma coisa e fazer outra.

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Estudante de Jornalismo