Os jornais de terça-feira (17/5) tentam explicar as consequências do escândalo que envolve o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Khan, que continua preso em Nova York. Na sequência da negativa de um juiz americano de estabelecer uma fiança e libertar o dirigente, a imprensa nacional começa a especular sobre o futuro do FMI e, paralelamente, sobre os efeitos do acontecimento nas próximas eleições presidenciais na França.
Ao mesmo tempo, repercute artigos da imprensa européia e americana sobre a possibilidade de um representante dos países emergentes vir a ocupar o posto, talvez até um brasileiro.
A principal aposta dos jornais brasileiros é no nome do economista Arminio Fraga, hoje atuando no banco americano de investimentos J.P Morgan, que adquiriu a Gavea Investimentos, da qual ele era sócio controlador.
Presidente do Banco Central no segundo governo Fernando Henrique Cardoso, quando foi obrigado a administrar uma mudança brusca no câmbio, Arminio é uma figura de trânsito fácil nos bastidores do mundo financeiro, tendo sido apontado como um dos responsáveis por tranquilizar o mercado antes da posse de Lula da Silva na Presidência da República.
Uma pergunta
O noticiário tem, portanto, três vertentes.
Na primeira, a imprensa ainda digere os elementos mais banais de um escândalo que tem como epicentro a suposta incontinência sexual de uma das figuras mais importantes do poder global.
Na segunda vertente, discute-se os efeitos do episódio nas eleições francesas, uma vez que Dominique Strauss-Khan era considerado o candidato favorito à sucessão do presidente Nicolas Sarkozy. Sua provável retirada fortalece uma candidatura da extrema-direita, segundo os jornais.
A terceira questão levantada pela desgraça do diretor do FMI se refere a quem será seu sucessor.
No momento em que a Europa se debate em busca de uma solução para a crise financeira, que deixou endividados alguns dos países integrantes da União Europeia, a possibilidade de perder o mando no Fundo Monetário Internacional para um representante das nações emergentes se apresenta como um risco grande demais.
Diante de todo esse imbróglio, o leitor há de se perguntar:
– Quantos tarados ainda andam soltos por aí, ditando as regras do mundo?
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Observatório na TV
Uma série de polêmicas vem envolvendo a novela Amor e Revolução, do SBT, que vai ao ar de segunda a sexta, às 22h. Na semana passada, foi a imagem inédita na teledramaturgia brasileira de um beijo homossexual entre as personagens Marina e Marcela, o que provocou manifestações de júbilo de militantes do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e transgêneros (LGBTT).
Desde o início das transmissões, entretanto, é outro o debate que ganha volume. Com um enredo costurado por uma história de amor entre um militar e uma jovem militante de esquerda, a novela tem um diferencial. Ao final de cada capítulo, são veiculados depoimentos de pessoas que sentiram na pele os efeitos da ditadura militar, entre políticos, militantes e vítimas de torturadores.
Desde o lançamento do livro Tortura Nunca Mais, nada havia trazido à televisão a crueldade do regime de exceção tão às claras. Ainda mais em uma novela que vai ao ar em horário nobre.
Os depoimentos estão sendo compartilhados por meio de vídeos no site da novela e ganham ainda mais repercussão nas redes sociais.
No dia 14 de abril, o jornal O Globo noticiou que militares da reserva querem tirar a novela do ar. Segundo a reportagem, um abaixo-assinado criado por militares da reserva da Aeronáutica, encabeçados por José Luiz Dalla Vecchia, sustenta a estranha hipótese de que a novela poderia ser fruto de um acordo entre Silvio Santos e o governo federal, a fim de quitar as dívidas do grupo empresarial do apresentador. A alegação para tirar a novela do ar seria a de que o folhetim pode fazer com que a população se volte contra as Forças Armadas.
Para debater as reações que a novela tem gerado, o Observatório da Imprensa na TV de terça-feira (17/5) receberá em seus estúdios o autor da história, Tiago Santiago, e a jornalista Eliana Pace. Em entrevistas participam a ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Maria do Rosário, o repórter Chico Otávio, do Globo, o engenheiro Nilton Leão Duarte e o jornalista e escritor Flávio Tavares.
O Observatório da Imprensa na TV vai ao ar hoje, às 22h, ao vivo, em rede nacional, pela TV Brasil. Em São Paulo, no Canal 4 da Net e 116 da Sky.