Censura do governo chinês à mídia não é novidade; mas jornais ignorarem a proibição é algo sem precedentes. Foi o que aconteceu diante da proibição de cobertura negativa sobre um acidente envolvendo dois trens de alta velocidade em Wenzhou, ocorrido no dia 23/7, no qual 40 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
A ordem de não publicar matérias negativas ocorreu depois da visita do premiê Wen Jiabao a Wenzhou, na qual ele pediu “transparência” e prometeu punir os responsáveis. Jornais foram alertados a evitar qualquer menção ao acidente, “exceto notícias positivas ou informações divulgadas por autoridades”. No entanto, alguns resolveram se arriscar e publicaram matérias críticas ao modo como o governo lidou com o desastre e à falta de transparência na investigação.
O Economic Observer, conceituado semanário de economia, divulgou um especial de oito páginas sobre o acidente, com uma fotografia do trem distorcido, sob a manchete “Sem milagres em Wenzhou”. Na parte inferior da página, havia um editorial em formato de carta a Xiang Weiyi, garota de dois anos descoberta viva nas ferragens 21 horas depois do acidente – que matou seus pais –, após as buscas terem sido oficialmente interrompidas. “Quando você crescer, como vamos te contar que, mesmo depois de eles terem declarado que não havia mais sinais de vida nas ferragens e terem começado a limpar o local, você ainda lutava no escuro?”.
Códigos
Já o Beijing News escolheu contar a história por meio de códigos, com um artigo de capa sobre a quebra, em um museu de Pequim, de uma peça da dinastia Song. Segundo a matéria, o vaso quebrou em seis peças – foram seis os vagões descarrilhados – e o acidente aconteceu por falha de informações. Acima do texto, uma fotografia com a legenda “Velocidade da China”, com o nadador chinês Sun Yuan quebrando o recorde mundial em Xangai, mas que também pode ser interpretada como uma obsessão do governo por trens de alta velocidade.
Até mesmo o jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, disse que a China não precisa de crescimento do PIB às custas de manchas de sangue. A proibição a matérias negativas gerou diversas críticas de jornalistas também nas redes sociais. “Minha matéria não vai ser publicada hoje e eu tenho de escrever em outro lugar. Preferia ter deixado a página em branco com duas palavras – sem falas”, escreveu um repórter. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 2/8/11] e Peter Fulham [Slate, 1/8/11].
Censura do governo chinês à mídia não é novidade; mas jornais ignorarem a proibição é algo sem precedentes. Foi o que aconteceu diante da proibição de cobertura negativa sobre um acidente envolvendo dois trens de alta velocidade em Wenzhou, ocorrido no dia 23/7, no qual 40 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
A ordem de não publicar matérias negativas ocorreu depois da visita do premiê Wen Jiabao a Wenzhou, na qual ele pediu “transparência” e prometeu punir os responsáveis. Jornais foram alertados a evitar qualquer menção ao acidente, “exceto notícias positivas ou informações divulgadas por autoridades”. No entanto, alguns resolveram se arriscar e publicaram matérias críticas ao modo como o governo lidou com o desastre e à falta de transparência na investigação.
O Economic Observer, conceituado semanário de economia, divulgou um especial de oito páginas sobre o acidente, com uma fotografia do trem distorcido, sob a manchete “Sem milagres em Wenzhou”. Na parte inferior da página, havia um editorial em formato de carta a Xiang Weiyi, garota de dois anos descoberta viva nas ferragens 21 horas depois do acidente – que matou seus pais –, após as buscas terem sido oficialmente interrompidas. “Quando você crescer, como vamos te contar que, mesmo depois de eles terem declarado que não havia mais sinais de vida nas ferragens e terem começado a limpar o local, você ainda lutava no escuro?”.
Códigos
Já o Beijing News escolheu contar a história por meio de códigos, com um artigo de capa sobre a quebra, em um museu de Pequim, de uma peça da dinastia Song. Segundo a matéria, o vaso quebrou em seis peças – foram seis os vagões descarrilhados – e o acidente aconteceu por falha de informações. Acima do texto, uma fotografia com a legenda “Velocidade da China”, com o nadador chinês Sun Yuan quebrando o recorde mundial em Xangai, mas que também pode ser interpretada como uma obsessão do governo por trens de alta velocidade.
Até mesmo o jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, disse que a China não precisa de crescimento do PIB às custas de manchas de sangue. A proibição a matérias negativas gerou diversas críticas de jornalistas também nas redes sociais. “Minha matéria não vai ser publicada hoje e eu tenho de escrever em outro lugar. Preferia ter deixado a página em branco com duas palavras – sem falas”, escreveu um repórter. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 2/8/11] e Peter Fulham [Slate, 1/8/11].