Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A midiacridade elitista

Mais uma vez a mídia direitista brasileira mostra o quanto o seu poder persuasivo sobre as massas populares pode ser perigoso. Com o único intuito de defender a ascensão elitista sobre as camadas menos influentes, a direita usa de todos os seus artifícios de manipulação para distorcer a realidade e virá-la a seu favor. Como vem fazendo há décadas, ela se aproveitou, mais uma vez, de um suposto “tropeço” do governo para denegrir e legitimar suas ideias acerca do governo petista, que já não eram muito boas, mas que, com esse golpe engenhoso da mídia nacional, ficaram pior ainda.

Todos os que ouviram falar da polêmica que envolve o MEC e a autora Heloísa Ramos sabem onde quero chegar. A obra Por uma vida melhor, de Heloísa, foi alvo de inúmeras críticas por apresentar aos alunos como as variantes da língua podem ser perfeitamente explicadas. Sem fugir do padrão culto da língua, a autora tenta romper completamente com os conceitos de “certo” e “errado”, demonstrando que a língua é um organismo vivo e que é completamente incoerente tentar adotar uma única forma como sendo a “certa”, no caso a norma culta de nossa língua.

Com base neste preceito, os grandes jornalistas da direita de nosso país pegaram trechos em que a autora explica como funcionam as variantes linguísticas e difamaram o MEC, a autora e a obra, sem ao menos levar em conta o contexto em que as frases foram empregadas.

Um triste e equivocado episódio

Todos os que tiveram acesso ao material didático aprovado pelo MEC puderam observar que havia um capítulo especial na obra onde era tratado o tal assunto sobre o “preconceito linguístico”; e com bom senso e ética, que todo o bom leitor deve ter, compreenderam o que a autora queria defender. As célebres frases “nós pega o peixe” e “os menino pega o peixe” foram retirados deste capítulo e sofreram fortes criticas. Segundo alguns jornalistas mais fanáticos pelo onipotente FHC, essa foi uma tentativa suicida do governo oficializar a ignorância “lulista”. Nesta jogada suja para afetar a inexistente credibilidade petista, a mídia nacional jogou na lama o nome e a seriedade do MEC com relação à pré-seleção destes livros didáticos que são distribuídos para todo o Brasil.

Em resposta à polêmica criada pela imprensa elitista, o Ministério da Educação afirmou que as obras não serão recolhidas. “Já foi esclarecido que as pessoas que acusaram esse livro não tinham lido. Uma pena que as pessoas se manifestaram sem ter lido”, afirma o ministro Fernando Haddad. O Programa Nacional do Livro Didático, do próprio MEC, defende que é preciso trocar os conceitos de “certo e errado” por “adequado e inadequado”.

A doença antipetista que infectou quase toda a imprensa nacional e que, como consequência, resultou neste triste e equivocado episódio, não para por aí. Outros fatos como, por exemplo, a falsa polêmica por trás do feminino de presidente, que ficou provado ser presidenta, foi mais um lamentável ocorrido difamado pela “midiacridade(ops! Acho que é mediocridade) elitista.

Faces diferentes da mesma moeda

Esse joguete que faz a grande impressa direitista para distorcer a opinião pública, que com alheia concepção concorda e aprova sem pestanejar as informações dadas, mostrou-se mais uma vez um caso sério e que merece destaque. A oposição, agora, parece se divertir com a divulgação de polêmicas fabricadas para persuadir os espectadores deste grande show, que se tornou a política nacional, a acelerar sua chegada ao tão esperado poder que controla como um ventríloquo controla os seus bonecos, o nosso país.

Se essa mesma energia que gasta nossa egoísta elite nacional para afastar a esquerda do poder fosse convertida para benefícios que contribuíssem para o desenvolvimento do país, acredito que todos nós estaríamos mais bem servidos, obrigado…

A direita e a esquerda são faces diferentes da mesma moeda, mas, mesmo assim, ainda é a mesma moeda. Pense.

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[João Gustavo Oliveira é estudante de Jornalismo, São Sebastião do Paraíso, MG]