“Eu me preocupo com a posição do Post nos mercados de mídia de Washington e nacional”, afirma o ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton, na primeira frase de sua coluna publicada em 7/8. Antes de assumir o cargo em março, Pexton passou vários meses conversando com editores e repórteres da maior parte das publicações com sede em Washington ou com sucursais na cidade. Todas passavam por mudanças e alta rotatividade de colaboradores.
A necessidade de corte de custos e as novas tecnologias eram apenas parte destas reestruturações. Para o ombdusman, a maior razão para as mudanças foi as organizações terem compreendido que a demanda para o jornalismo em Washington estava crescendo. E elas quiseram se remodelar para preservar ou expandir seu mercado.
A cidade ainda é indispensável; decisões tomadas em Washington afetam o mundo de modo diferente das tomadas em Bruxelas ou Pequim, por exemplo.
A crescente demanda por notícias de Washington é o motivo pelo qual a Bloomberg lançou o canal Bloomberg Government, investindo mais de US$ 100 milhões e contratando talentos do jornalismo em toda a cidade com pacotes de benefícios e salários atraentes. Também por este motivo o site Politico faz tanto sucesso e tenta competir com a Bloomberg, e a agência Reuters aumentou sua cobertura sobre a capital e contratou o principal repórter político do Post, Dan Balz. Foi por isso, ainda, que o New York Times levou para sua sucursal de Washington alguns dos maiores talentos da redação do Post.
Na direção contrária
Mas o Post, enquanto outros veículos crescem, continua a encolher e a cortar cargos. A empresa tem investido em iniciativas não jornalísticas – como o portal de busca de serviços Service Alley, o site educativo Master Class e a página de compras com desconto The Capitol Deal. Em relação ao jornalismo, há menos entusiasmo e uma postura mais defensiva, ressalta Pexton. Vale lembrar os pontos positivos: um novo site, com uma audiência cada vez maior, mais interatividade com os leitores, por meio de mídias sociais e comentários, assim como uma redação de dois andares, com 625 profissionais talentosos. Mas a estratégia do Post de ser um guia indispensável de Washington, embora seja boa, é hoje muito mais uma questão de marketing do que de fato a missão do jornal.
A “fraqueza” da maior parte dos rivais do Post, como Politico, New York Times e Bloomberg, é fazerem jornalismo para duas audiências limitadas: as elites no poder e os ricos. O público do Post deveria, portanto, ser o restante, aqueles que querem monitorar o governo. O futuro do jornal não está na elite, mas no povo, avalia Pexton. O jornal deve ser uma fonte de qualidade, oferecendo notícias aos moradores da região e do resto do país. Isto significa que o Post não pode ser uma publicação liberal ou conservadora, defende o ombudsman. Deve, sim, ser questionadora e apaixonada pelas notícias.