A televisão brasileira completou 60 anos no mês de setembro e está estagnada. Não há inovação. Uma emissora copia a outra. Os realitys shows invadiram a nossa tela. Toda a emissora nacional tem um. Ninguém quer ficar de fora. Como se não bastasse o decano Big Brother, de janeiro a abril na TV Globo, as outras emissoras programaram suas versões. A Record tem a Fazenda, a Bandeirantes, o Busão, e a Globo lançou o game Hipertensão. A receita é sempre a mesma. Homens de corpos sarados, mulheres bonitas, rostos conhecidos, cenas do cotidiano, tudo com um objetivo: atrair a audiência do espectador.
Essa fórmula, entretanto, está cansando os telespectadores mais exigentes. Em todas as faixas etárias há insatisfação. Muda-se de canal e continua-se no mesmo lugar. É hora de agir, senhores diretores. Quem vai ousar e oferecer uma TV aberta interativa ao espectador? Quando as emissoras vão usar os quatro canais digitais a que cada aberta tem direito? Por enquanto, só se fala em qualidade de imagem, desprezando a inteligência do espectador. A Globo criou recentemente o canal ‘Viva’ na TV a cabo só com reprises das suas produções. Por que isso não pode ser utilizado num dos canais digitais disponíveis? Outra coisa: quando teremos um lado de B de cada canal? Ou seja, cada emissora reprisando os seus melhores produtos ou mesmo oferecendo-os on–demand? Aliás, os espectadores já fazem isso: publicam os capítulos da novela no YouTube no dia seguinte. A TV ainda não conseguiu oferecer isso.
Telespectador é tratado como burro
A nossa TV parou no tempo e no espaço. Os seus programas são dos anos 60 e 70. Ainda estão no ar Hebe Camargo, Silvio Santos e Chico Anísio. Quando vamos proporcionar opções e interatividade de verdade ao telespectador? Os jogos de futebol são um exemplo. Não evoluíram em termos de transmissão. Dependemos sempre do diretor de TV. Não conseguimos interferir em nada. Por que não disponibilizar os gols da partida que estamos vendo num simples clique? Ou os gols das outras partidas que estão sendo realizadas ao mesmo momento? O telespectador virou um refém. São duas horas ouvindo a voz do narrador. Se o jogo está fraco, a situação fica insuportável.
Além de não oferecer interação, as emissoras ainda passam a mesma partida. No sábado, dia 2 de outubro, era esta a situação. A Globo e a Band ofereceram Santos e Palmeiras para o estado de Santa Catarina. Na mesma hora, o Fluminense estava jogando com o Prudente e o Grêmio jogava na Bahia contra o Vitória. E os torcedores desses times que moram em SC como ficaram? É isso que está errado. O telespectador é tratado como burro. Como se não pensasse. A lógica parece ser essa. Ficar sem opção ou tentar alguma coisa na TV a cabo. Resumindo: ou a TV aberta muda ou vai ficar pra trás: o telespectador percebeu e já está buscando alternativas.
******
Professor de Telejornalismo da Univali, Itajaí, SC