Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Vox Populi do Olimpo ao limbo

A imprensa tradicional do Brasil convencionou que o Instituto Vox Populi, que tem como um dos proprietários o sociólogo Marcos Coimbra, não possui credibilidade. Portanto, os jornais desta quarta-feira [20/10] ignoram os resultados do Vox Populi que mostram uma recuperação da candidata Dilma Rousseff nas sondagens para o segundo turno.


Segundo o instituto, Dilma teria agora 51% das intenções de voto contra 39% de José Serra. Na consulta anterior do mesmo instituto, Dilma tinha 48% e Serra, 40%.


Segundo o comitê de campanha da candidatura oposicionista, o Vox Populi não deve ser levado em conta porque também é contratado para fazer pesquisas para o Partido dos Trabalhadores. Há pelo menos duas outras empresas que prestam serviços concomitantemente ao PT e ao PSDB nesta campanha, em trabalhos sensíveis de análise, sem que isso cause a mesma estranheza.


É parte das manhas da disputa desvalorizar qualquer informação que possa favocecer adversários, e a atitude do PSDB é do jogo. O que nos compete observar aqui é o comportamento da imprensa.


Gênio e pária


Os editores de jornais devem ter a mesma opinião dos responsáveis pela campanha oposicionista, porque nenhum deles dá destaque aos novos dados do Instituto Vox Populi. Cada grupo de mídia tem seu instituto predileto, mas eles não costumam ignorar os números das outras pesquisas.


O Vox Populi foi citado muitas vezes, antes da votação em primeiro turno, e também recentemente, quando mostrou que a diferença entre os dois candidatos havia caído para 8 pontos. De repente, quando o Vox Populi registra uma recuperação da candidatura situacionista, o sociólogo Marcos Coimbra vira um pária no noticiário.


Mas nem sempre foi assim: quando coordenou a campanha do então candidato a presidente Fernando Collor, em 1989, Coimbra era considerado gênio. Suas análises eram apresentadas pela imprensa como verdadeiras revelações de oráculo. Em 2006, a revista Época publicou uma entrevista na qual apresentava Marcos Coimbra como ‘um dos mais atentos analistas políticos do país’.


O que faz a imprensa elevar certos personagens à categoria dos deuses e repentinamente lançá-los no limbo?


Cartas para a redação.