A partir desta semana, o Google e seus parceiros – a Sony e a Logitech – começam na rua seu ambicioso projeto de TV via internet. A Google TV, como foi batizada, tem um grande desafio pela frente: ser vitoriosa em um mercado onde outras gigantes da tecnologia, como Apple e Microsoft, só conseguiram conquistar migalhas de audiência.
A plataforma une o software da empresa de buscas ao hardware de outras companhias para transformar a televisão do usuário em um centro de entretenimento conectado à web. O conjunto permite acesso a sites, aplicativos específicos e vídeos sob demanda. Você pode assistir à programação desejada a qualquer momento. Um conceito de interatividade similar à proposta da TV Digital no Brasil, que ainda não decolou.
Uma barreira para esse tipo de iniciativa é a constante briga com grupos responsáveis pela criação de conteúdo, como as indústrias da música e do cinema. Durante anos, essa empresas entraram em conflito com a internet, em um relacionamento do tipo ‘bate e assopra’, onde processos de direitos autorais e acordos momentâneos eram feitos. Para conviver em harmonia, tanto o Google quanto os grupos de mídia devem tecer acordos cuidadosos para não canibalizar o conteúdo já existente na TV paga. O modelo de negócios da Google TV varia de acordo com a flexibilidade dos parceiros. No caso da Amazon e da Netflix, deve prevalecer o aluguel de filmes e seriados. A Amazon deve oferecer capítulos de seriados a partir de 0,99 dólares, dependendo da popularidade das obras. Já a Netflix deve cobrar uma mensalidade de 8,99 dólares pelos filmes do seu catálogo. Uma porcentagem dos lucros, ainda não divulgada, deve ser repassada ao Google.
No caso de canais como o HBO, TNT, CNN, Cartoon Network e Adult Swim, deve haver uma programação específica ou até mesmo a criação de formas alternativas de distribuição de conteúdo. Algo que deverá ser explorado também pelos jornais The New York Times, USA Today, além da National Broadcasting Company (NBC) e da National Basketball Association (NBA), responsável pela liga profissional de basquete dos Estados Unidos. Esses grupos devem criar aplicativos com notícias e clipes de vídeo para a TV via internet. Lojas de música virtuais como a Vevo, Pandora e Napster devem manter seus modelos de distribuição de áudio por streaming. Outro detalhe importante é que, pelo menos no momento, a Google TV não tem a intenção de matar a programação tradicional. O equipamento pode ser conectado ao receptor de TV a cabo (ou satélite) para que o usuário possa alternar entre as programações a qualquer momento.
Principais concorrentes
Embora seja ousada, a iniciativa do Google não é muito original. A nova aposta da gigante de buscas não é muito diferente da WebTV, da Microsoft, anunciada em 1997 e renomeada MSN TV em 2001. Um receptor e um controle que, ligados ao televisor, proporcionam interatividade e a possibilidade de montar sua programação. Devido à falta de interesse do público, logo os dispositivos foram retirados do mercado, apesar da empresa continuar dando suporte aos proprietários.
A Apple teve um pouco mais de sucesso nesse ramo. Em 2007, lançou a Apple TV, um dispositivo de reprodução e armazenamento de mídia que necessitava de um computador – com os sistemas Mac OS ou Windows – rodando o iTunes. Mais tarde, uma atualização faria com que o aparelho funcionasse sem a necessidade dessa conexão. Na atual versão, anunciada em 2010, a Apple TV perdeu sua capacidade de armazenamento para dar espaço ao conteúdo vindo da internet e de outros dispositivos da marca, como iPads e Macs, utilizando a tecnologia sem fio da empresa. Proprietários do receptor podem acessar conteúdo disponível na loja do iTunes, além de material fornecido pela Netflix, YouTube, MobileMe e Flickr.
A principal diferença entre a Apple TV e a Google TV é a flexibilidade. O Google fornece o software e o conteúdo dos parceiros, enquanto empresas como a Sony e Logitech fornecem o hardware necessário para realizar a conexão. O usuário não paga para utilizar a Google TV, o que não é verdade para o hardware necessário para acessar seus recursos. A Sony já anunciou sua linha de televisores NSX-GT1, com telas de 24, 32, 40 e 46 polegadas, e preços que variam entre 599 dólares e 1.399 dólares. Já o reprodutor de Blu-ray NSZ-GT1 será comercializado por 399 dólares. O pacote da Logitech, que traz teclado, receptor e controle sai por 299 dólares. Já a Apple TV custa 99 dólares.