Desde que o presidente Hugo Chávez assumiu o poder, em 1999, o governo da Venezuela já fechou três canais de TV e 32 emissoras de rádio críticas a ele, revogando suas licenças de funcionamento. Na semana passada, pela primeira vez, um tribunal ordenou o fechamento de um jornal, o 6to Poder, e a prisão de seus editores, por terem insultado funcionários públicos, incitado o ódio e ofendido mulheres.
O jornal publicou uma fotomontagem com seis funcionárias públicas, incluindo a presidente da Suprema Corte, Luisa Estella Morales, e a promotora pública Luisa Ortega Díaz, vestidas como dançarinas em um bordel gerenciado por Chávez. O artigo tinha a intenção de ressaltar a subordinação ao presidente de poderes constitucionalmente independentes do governo. As seis mulheres reagiram organizando um protesto. Uma delas pediu uma investigação criminal. O partido de situação alegou que o artigo fazia parte de um plano da oposição para derrubar o governo.
A editora do6to Poder, Dinorah Girón, foi presa horas depois da edição chegar às bancas – posteriormente foi solta e poderá esperar o julgamento em liberdade. O publisher do jornal está foragido. A velocidade com que o governo reagiu contrasta com a resposta letárgica a queixas semelhantes feitas contra a mídia estatal. O editor e publisher do El Nacional, um dos jornais mais importantes do país, por exemplo, ainda espera por uma resposta da autoridade de regulamentação de telecomunicações depois de reclamar por ter sido xingado por Mario Silva, apresentador chavista da TV estatal.
O fechamento do 6to Poder provocou reações diversas. Alguns oponentes de Chávez condenam a censura, mas criticam os baixos padrões jornalísticos da publicação. Por outro lado, alguns chavistas condenaram o fechamento de um jornal tão pouco lido, por dar munição para os críticos do regime. Informações da Economist [27/8/11].