Os analistas da política começam a admitir que a eleição presidencial está definida em favor da candidata governista Dilma Rousseff. Também aparecem textos na imprensa internacional afirmando que há poucas possibilidades de surpresas daqui até o próximo domingo. Ainda assim, as edições dos jornais seguem recheadas de denúncias, repercutindo um pouco do que foi o penúltimo debate deste segundo turno entre os candidatos.
Mas há novidades.
Uma deles é produzida pela Folha de S.Paulo, que realizou aquela velha tática de antecipar o resultado de uma licitação para demonstrar que o processo de contratações para o setor público é feito com cartas marcadas. Desta vez, o jornal paulista antecipa a escolha do consórcio de empresas que seriam encarregadas das obras de dois lotes da linha 5 do metrô de São Paulo. A licitação foi aberta quando José Serra era governador do estado.
A Folha também publica um artigo, de autoria do físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que considera pífia a atuação de Serra como ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso. Munição para o último debate, na Rede Globo.
Agressividade diminuiu
Para alguns analistas apressados, pode parecer que a Folha de S.Paulo, considerando perdida a candidatura do PSDB, tenta equilibrar seu conteúdo diante das evidências de que teremos um novo governo do PT. Mas o histórico do jornal paulista não autoriza essa interpretação.
A Folha tem sido, em sua fase moderna, inaugurada no final dos anos 1980, o jornal mais surpreendente do país. Para o bem e para o mal. É possível que novas pesquisas do Datafolha, ainda não divulgadas ao público, tenham influenciado o jogo das pressões internas no jornal.
Outro aspecto interessante que diferencia a edição de terça-feira (26/10) dos jornais é a admissão de que a quebra de sigilos fiscais de figuras ligadas ao PSDB pode ter sido produzida por personagens do próprio partido, na disputa pré-eleitoral entre os então governadores de São Paulo e de Minas Gerais, José Serra e Aécio Neves.
Os diários continuam recheados de escândalos, alguns requentados, mas percebe-se que o nível da agressividade diminuiu. Mesmo porque há muitas evidências de que o barulho da imprensa não define o voto da maioria.
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A Justiça atrasada
Tudo indica que os brasileiros vão voltar às urnas, no domingo (31/10), sem ter uma decisão do Judiciário sobre o critério para a confirmação de candidaturas.
Com grande número de candidatos eleitos ainda sub judice, questões importantes como a formação das bancadas no Congressso Nacional e nas Asssembléias Legislativas ficam em suspenso. Esse é o tema desta terça-feira (26/10) do Observatório da Imprensa na TV.
Alberto Dines:
Na quarta-feira (27) o Supremo retomará a discussão da Lei da Ficha Limpa, desta vez enfocando o caso de Jader Barbalho, que renunciou para não ser cassado. O julgamento anterior, sobre o caso de Joaquim Roriz, terminou empatado e ficaram em suspenso mais de 200 candidaturas sufragadas por cerca de oito milhões de eleitores. Teme-se que o empate volte a repetir-se.
Será uma desgraça institucional porque a promessa de dirimir a questão antes do segundo turno não poderá ser cumprida. É uma situação inédita. A imprensa ainda não conseguiu alertar a sociedade para os riscos de manter sub judice um pleito que compreende a sucessão presidencial (evidentemente fora da discussão). O Observatório da Imprensa desta noite vai tratar novamente da Ficha Limpa. Hoje pela TV Brasil, às 22 horas, ao vivo. Em São Paulo pelo Canal 4 da Net e 181 da TVA.