Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Dilma fala sobre controle social da mídia


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 3 de novembro de 2010


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Flávia Tavares


‘Controle de conteúdo é absurdo’, avalia Dilma


Em entrevista a TV Bandeirantes, ontem à noite, a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) fez questão de esclarecer o que entende por controle social da mídia. Dividiu a questão em controle do conteúdo, o que classificou como ‘absurdo’, e em marco regulatório. ‘Um dos pontos a ser regulado é a participação de capital estrangeiro em empresas de comunicação’, declarou.


A petista reiterou ainda que fará um esforço para unir o País, dividido depois das eleições, e que será rigorosa nos critérios para compor sua equipe de governo. ‘Não terei a menor tolerância com malfeitos.’


PAÍS DIVIDIDO


‘Durante o processo eleitoral, discutem-se projetos e, embora dessa vez tenha ido um pouco além da medida, há um acirramento das posições. Agora, o eleito tem de ser presidente para todos os brasileiros, inclusive para os que votaram na oposição. Farei todo esforço para reunir o Brasil em torno de um objetivo, que é o crescimento do País e a melhoria de vida da população.’


DISPUTA DE CARGOS


‘Até mim a briga por cargos não chegou. Não tenho evidências de que haja essa disputa. Agora, acho justo que os partidos queiram estar representados. Terei o cuidado de ter um critério de preenchimento dos cargos que vai combinar capacidade técnica com condições políticas. Ao mesmo tempo, quero deixar claríssimo para todos aqueles que integrarem o governo que eu não terei a menor tolerância com malfeitos. Quem errou não será só afastado. Se errou e foi denunciado, vamos investigar e, se for o caso, punir, seja quem for.’


MULHERES


‘Procurarei colocar o máximo de mulheres no meu governo. Quanto à violência contra a mulher, serei implacável com o cumprimento da Lei Maria da Penha. A denúncia do agressor é importantíssima. Também é importante que os órgãos da polícia e da Justiça acolham essa denúncia.’


CONTROLE DA MÍDIA


‘Temos de distinguir duas coisas: marco regulatório e controle do conteúdo da mídia. O controle social da mídia, se for de conteúdo, é um absurdo. É um acinte à liberdade de imprensa. Não compactuo com isso. Se chegar à minha mesa qualquer tentativa de coibir a imprensa no que se refere à divulgação de ideias, propostas, opiniões, tudo o que for conteúdo, é o que eu falei: o barulho da imprensa é infinitas vezes melhor do que o silêncio das ditaduras. Outra coisa é o marco regulatório. Todo país regulamenta a participação do capital estrangeiro nas suas mídias, por exemplo. Teremos de regular de alguma forma também a interação entre as mídias. Mas temos de ter muito cuidado. Temos de fazer um marco regulatório que permita adaptações ao longo do tempo. Você não pode ter um marco que desconheça a banda larga. Se você vai poder ou não fazer televisão e em que condições. Isso o Brasil vai ter de regular minimamente. Até porque tem casos em que, se não se faz isso, deixa que haja uma concorrência desproporcional entre diferentes organismos.’


 


 


CRIME


Jair Aceituno


Bando invade jornal e tenta incendiar gráfica


A gráfica do jornal Correio Mariliense, em Marilia (435 quilômetros de São Paulo), foi arrombada e quase teve o prédio incendiado no fim da tarde de anteontem. Os invasores retiraram do local um computador, ferramentas e uma lata de graxa, avariaram a instalação elétrica e colocaram fogo em rolos de papel distribuídos em cinco pontos diferentes.


Alexandre de Souza/Correio MarilienseInvestigação. Diretor do veículo, lançado em 2007, estima prejuízo em pelo menos R$ 50 mil


A ação foi descoberta às 20h45 pelo funcionário Michel Gomes que, ao chegar ao prédio para trabalhar, encontrou a porta semiaberta e fogo em um dos rolos de papel. Dos dois computadores existentes na gráfica, os ladrões levaram o de maior capacidade, utilizado na pré-impressão do jornal. Essa escolha pelo equipamento de uso específico intriga os funcionários, principalmente porque outros equipamentos, inclusive impressoras, continuaram no local. Peritos coletaram material e provas do crime e devem apresentar um laudo em até 30 dias. Por enquanto, a polícia não tem suspeitos.


O diretor do jornal, Flávio Alpino, estima em R$ 50 mil os prejuízos e, pelo menos até agora, não arrisca uma motivação para o crime. ‘Não sei se foi roubo, se foi atentado, se queriam nos prejudicar ou apenas eram ‘nóias’ invadindo e roubando mais um prédio comercial da cidade, mas acreditamos que a Polícia Civil vai elucidar mais este crime em Marília’, afirmou.


O Correio Mariliense circula desde setembro de 2007. Começou como semanário e, desde janeiro do ano passado, é diário. Pertence ao mesmo grupo que opera a TV Marilia, distribuidora de tevê a cabo, e adota o slogan de independência em relação aos grupos políticos da região.


Antecedentes. Não é a primeira vez que a imprensa de Marília vira notícia por crimes contra empresas de comunicação. Em 2005, houve um atentado contra a sede da Central Marília Notícias, que edita o jornal Diário de Marília e opera as rádios Dirceu AM e Diário FM.


O prédio da empresa foi invadido e incendiado por correligionários do ex-prefeito e hoje deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP) em represália a reportagens críticas feitas pelos veículos. Vários dos envolvidos foram presos, julgados e condenados.


Para a polícia, as motivações políticas do crime cometido em 2005 eram mais claras que no de anteontem, embora essa hipótese também seja considerada.


 


 


REGULAÇÃO


Rosa Costa


Conselho de Comunicação vai ser revigorado


Esvaziado nos últimos quatro anos, o Conselho de Comunicação Social (CCS) está em fase de remontagem com a decisão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de pedir a entidades da mídia e sindicais que indiquem seus representantes.


Previsto na Constituição como auxiliar do Congresso nas questões relacionadas à mídia, o conselho teve suas atividades deturpadas pelos seus primeiros integrantes, sobretudo os representantes sindicais. Eles sugeriram medidas controladoras, como a de brecar a importação de filmes americanos e a de interferir na atuação de empresas nacionais.


Seu primeiro presidente, o ex-ministro da Justiça José Paulo Cavalcanti, evita comentar os impasses provocados pela divulgação das propostas radicais. Mas reconhece que, para ter o funcionamento adequado, o conselho precisa ter ‘integrantes qualificados’.


‘O momento é importante para o conselho voltar a funcionar e mostrar que a ideia de criar conselho de comunicação nos Estados é autoritária e absolutamente ilegal, é a cara do Macarthismo’, compara, referindo-se ao movimento de perseguição existente nos Estados Unidos nos anos 1950.


‘Mas para que funcione como deve ser, deve começar pelo critério na escolha de seus integrantes, pela qualificação dessas pessoas’, afirma.


Constituição. Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), a atuação de ‘pelegos’ tem de ser contida pela liberdade de expressão e de manifestação prevista na Constituição. ‘Se o conselho agir de forma contrária, estará desacreditando sua função e deverá ser extinto’, afirma.


Composto por 13 representantes das entidades da mídia, sindicais e da sociedade civil, o CCS foi instalado em 2002. Seu esvaziamento foi paulatino, a ponto de ele ter tido uma única reunião em 2007. Em 2008, nem mesmo seus integrantes foram indicados.


 


 


JORNAL NA INTERNET


Eric Pfanner, do New York Times


Mais de 100 mil pagam por sites de Murdoch


A News Corp., do empresário Rupert Murdoch, informou ontem que atraiu 105 mil clientes pagantes para a versão digital dos jornais The Times e The Sunday Times, de Londres, desde que começou a cobrar pelo acesso a seus sites em junho.


A companhia disse que ‘cerca da metade’ desses clientes eram assinantes regulares, ativos, dos sites dos jornais, versões para iPad ou edição para Kindle. O restante são compradores ocasionais. Outros 100 mil leitores ativaram as contas digitais gratuitas que estão incluídas nas assinaturas dos jornais impressos, segundo a News Corp.


A iniciativa da News Corp. vem sendo atentamente observada por analistas da mídia e anunciantes porque The Times e The Sunday Times estão entre os primeiros jornais de interesse geral proeminentes a erigir ‘pay walls’ (muros de cobrança), em torno de seu conteúdo digital. Outros jornais também estão agindo para introduzir serviços pagos na medida que a publicidade online tem ficado aquém das expectativas dos publishers de que ela possa algum dia substituir a minguante receita publicitária na mídia impressa.


‘Esses números mostram claramente que grandes quantidades de pessoas estão dispostas a pagar por jornalismo de qualidade em formatos digitais’, disse Rebekah Brooks, presidente-executiva da News International, o braço baseado em Londres da News Corp. que publica os jornais The Times.


A News Corp., que já cobra pelo acesso a The Wall Street Journal, estendeu recentemente seus planos de cobrar por conteúdo comandados por Murdoch, ao colocar outro jornal britânico, o tabloide News of the World, por trás de um muro de cobrança.


Finanças. A sabedoria convencional entre analistas de mídia é que seria difícil persuadir leitores a pagarem por noticiários gerais online, dada a profusão de notícias gratuitas disponíveis na web. Por contraste, algumas publicações especializadas em áreas como negócios e finanças tiveram um sucesso moderado com muros de cobrança.


O Financial Times, por exemplo, diz que atraiu 189 mil clientes pagantes para seu site, que usa um modelo que dá aos leitores online um número limitado de artigos gratuitos todo mês antes de começarem as cobranças.


The New York Times, que publica o International Herald Tribune, disse que pretende adotar uma abordagem similar quando começar a cobrar por seu site no próximo ano.


Nos jornais britânicos da News Corp., os muros de cobrança são menos porosos, requerendo que os leitores paguem para ver qualquer coisa além das primeiras páginas. O Times e o Sunday Times cobram 1 libra (cerca de R$ 2,75) por dia, ou 2 libras por semana, pelo acesso. A versão para iPad custa 9,99 libras (US$ 16 ou R$ 27,50) por mês.


Quando adotou o modelo pago, a News Corp. estimou que o número de visitantes dos sites do The Times e The Sunday Times cairia 90%.


Na verdade, o tráfego parece ter caído um pouco menos que isso. A Nielsen, agência de aferição de audiência de mídia, disse na semana passada que o número médio de visitantes únicos mensais dos sites dos jornais da Grã-Bretanha caiu 42%, para 1,78 milhão, no terceiro trimestre, depois do surgimento dos muros de cobrança. / TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 3 de novembro de 2010


 


ELEIÇÃO


Maria Clara Cabral


Vizinho de Dilma cria ‘comitê’ para jornalistas em sua casa


Há cerca de 40 anos, Robério Simionato mudou-se com a família para uma rua de terra no Lago Sul, em Brasília. Hoje, o local é asfaltado, um dos pontos mais nobres da capital federal e nunca foi tão agitado.


O aposentado, que não gosta de revelar a idade, é vizinho da presidente eleita, Dilma Rousseff. Por isso, de dois dias para cá, a rotina de sua rua mudou completamente. Encheu de carros parados em qualquer direção, jornalistas atrás de notícia, fotógrafos e políticos ilustres que vão e voltam.


Encantado com o movimento, Robério resolveu participar de alguma forma do que classificou como um ‘dos momentos mais importante para o país’.


Abriu então as portas de sua casa para os profissionais da imprensa, cedendo água, banheiro, mesas, cadeiras e adaptadores para laptops. O aposentado montou até uma pequena biblioteca, colocando seus livros à disposição.


‘É um orgulho saber que as notícias que vão para o mundo todo vêm da minha garagem. É um dever cívico’, afirmou ele.


Robério diz ter votado em Dilma, mas afirma que abriria suas portas também se o vizinho ilustre fosse o candidato derrotado, José Serra (PSDB).


Assim como Robério, outro vizinho de político já se tornou conhecido de jornalistas durante coberturas importantes da política.


Em 2006, no escândalo do mensalão, Ricardo Lobo, que morava próximo de Roberto Jefferson resolveu escrever um blog sobre a rotina de visitantes do ex-deputado, que foi o responsável por denunciar o caso. Ainda hoje a página está no ar e é atualizada (vizinhodojefferson.blogger.com.br).


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A inundação


Enquanto outros focavam a eleição americana, o ‘Financial Times’ abriu a manchete online ‘Asiáticos apertam à espera do Fed’, com os juros de Índia e Austrália. Logo abaixo, ‘Emergentes se abraçam para enfrentar inundação de dinheiro’, com reportagem de Hong Kong informando que, ‘com a perspectiva de mais dólar ainda, a expectativa é que uma série de governos na Ásia e na América Latina considerem adotar controles de capital’. Uma terceira reportagem explicou que ‘os emergentes aguardam nervosos a decisão’ do banco central americano, hoje, sobre a ‘nova rodada de afrouxamento quantitativo’, QE2 no original. E avisa que a aposta é que o Fed compre meio trilhão de dólares do Tesouro, imprimindo moeda. Meio trilhão que, alerta o ‘FT’, ‘achará rapidamente o caminho dos emergentes’.


Já a Casa Branca afirma via agências e ‘New York Times’ que ‘o grande tema’ do G20, dia 11 na Coreia, é a política cambial da China.


//DILMA E A GUERRA CAMBIAL


Dilma Rousseff, ‘em diferentes entrevistas à TV’, respondeu à ansiedade da cobertura externa sobre a política cambial do Brasil. Entre outros, o ‘Wall Street Journal’ afirmou ser ‘a preocupação mais urgente’ para o país e destacou a avaliação de Dilma, de que ‘os sinais de guerra cambial são fortes’.


O ‘FT’ também correu com os ‘primeiros comentários sobre guerra cambial’. Sublinhou que ela espera do G20 uma reação forte o bastante para ‘levar alguns países’ a valorizar suas moedas realisticamente. Dilma estreia no grupo ao lado de Lula, sublinhou o jornal, na semana que vem. O ‘FT’ também anota novas medidas que estariam sendo estudadas pelo Brasil na ‘guerra cambial’, como financiamento de longo prazo e isenção de impostos para exportação -e uma ação antidumping contra a China.


//DE HU PARA DILMA


Ontem no ‘China Daily’, ‘China congratula Rousseff, do Brasil, por vitória na eleição’. Foi em mensagem do presidente Hu Jintao, com registro para a ‘parceria estratégica’.


Na cobertura, o jornal estatal ressaltou em título, com agência, que a ‘Economia é prioridade para líder no Brasil’ -e que a ‘recém-eleita Dilma Rousseff enfrenta desafios’.


Continuidade O argentino ‘La Nación’, no editorial ‘A continuidade brasileira’, destaca que ‘O exitoso governo de Lula se torna um desafio para Dilma Rousseff’. E acrescenta que ‘o mesmo se passou no Chile, após outro bem-sucedido, Ricardo Lagos, mas Michelle Bachelet conseguiu impor seu estilo’. Acredita que o mundo ‘começará a conhecer’ Dilma no G20.


Ratificação O colombiano ‘El Tiempo’, no editorial ‘Uma mulher na Presidência do Brasil’, descreveu a vitória como ‘ratificação, pelos cidadãos do maior país da América Latina, de sua confiança na gestão de Lula’. Saudou o ‘pragmatismo’ de Dilma, mas apontou ‘desafios formidáveis’.


Espaço próprio Os chilenos ‘El Mercurio’ e ‘La Tercera’ publicaram os editoriais ‘O Brasil de Dilma’ e ‘As perspectivas do Brasil depois do triunfo de Rousseff’. O primeiro ressalta que ‘os desafios não são poucos’. O segundo, que o resultado ‘confirma que o Brasil seguirá o rumo traçado por Lula’, mas ela ‘deve buscar seu próprio espaço’.


Arco-íris Dias depois de apoiar a eleição de José Serra em editorial, o ‘FT’ publicou ontem novo editorial, agora sobre a vitória de Dilma, enfatizando que ‘continuidade é a palavra no Brasil’. Desta vez o jornal questiona principalmente a ‘política externa de arco-íris’ de Lula, que seria de manutenção mais difícil com a sucessora.


Inveja O britânico ‘Guardian’ deu o editorial ‘Peça difícil de substituir’. Abre dizendo que ‘Obama deve estar com inveja’, mas também que Dilma ‘venceu depois de uma dura e por vezes feia campanha, em que foi acusada de ser anticristã, querer legalizar o aborto e ser uma terrorista, por resistir à ditadura militar que a prendeu e torturou’. No final, por outro lado, ‘o serviço já está feito e ela pode ter uma lua-de-mel mais curta que seu criador’.


Potência Em seu editorial, o espanhol ‘La Vanguardia’, de Barcelona, afirma que ‘O desafio de Rousseff’ é que ‘ela recebe um Brasil que está emergindo como uma potência não apenas latino-americana, mas de vocação mundial’.


BRASIL, NÃO Em meio à cobertura eleitoral nos EUA, o ‘Los Angeles Times’ abriu espaço, inclusive primeira página, para uma longa reportagem contra a rodovia transoceânica que ‘se aproxima da realidade, culminando a campanha de Lula para cimentar a liderança de seu país na região’, mas que ‘ameaça um modo de vida’ no Peru


 


 


TELECOMUNICAÇÕES


Marcelo Bechara de Souza Hobaika


Regulação 2.0


O ano é 2010. O Brasil inicia um novo capítulo nas telecomunicações brasileiras. Pouco mais de uma década após a privatização do setor, assistimos ao auge de sua consolidação na saída da Portugal Telecom (PT) da Vivo, hoje totalmente controlada pela Telefônica, e na aquisição pela mesma PT de parte do controle da Oi.


O cenário é dinâmico o bastante para continuar se transformando.


Outros atores, como Embratel e TIM, também experimentaram ajustes de mercado, sempre na direção da formação de grupos que visam a oferta de multisserviços convergentes.


Com isso, nosso mercado passa a contar com três grandes ‘players’: espanhol, mexicano e luso-brasileiro. Conta ainda com importantes atores da Itália, França e EUA. As ferramentas de regulação criadas nos anos 90 já não atendem plenamente às necessidades do setor.


Daí a importância de uma atualização focada nas políticas de acesso às redes de alta velocidade, na isonomia entre agentes e, sobretudo, no trato de usuários cada vez mais maduros e exigentes.


Assim, a nova ordem regulatória impõe à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que se aproxime dos consumidores, buscando ampliar os canais de comunicação e implantando novas ferramentas de interação, como as redes sociais.


Da mesma forma, o processo sancionador deve ser repensado, na busca de benefícios reais para os usuários. Assim como ocorre em outras autarquias, a Anatel deve dispor de instrumentos que representem alternativas eficazes aos milhares de processos que hoje abarrotam a Agência e o Judiciário.


Na promoção da competição, a Anatel deve considerar as plataformas multisserviços e os pacotes convergentes como realidade. A regulação das tecnologias precisa ser compatível com o cenário atual, acompanhando as evoluções e se adequando às novas necessidades.


Nos próximos anos, o Brasil enfrentará desafios estruturantes. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aponta nessa direção.


É preciso aliar a política do Executivo à consequente atuação regulatória para cumprimento de metas, sobretudo para o atendimento da demanda crescente por banda larga.


Devemos ter em mente que o setor representa cerca de 6% do PIB; é, portanto, instrumento de desenvolvimento do país. Segundo relatório do Banco Mundial, repetido como mantra, cada aumento de dez pontos percentuais na banda larga corresponde a um incremento de 1,3% no PIB de um país.


Nesse contexto, um dos desafios será o de promover uma espécie de ‘programa de aceleração’ do Plano Geral de Atualização da Regulamentação, elaborado pela Anatel como forma de turbinar o Programa Nacional de Banda Larga.


Isso tornará a agência nacional cada vez mais de telecomunicações e menos de telefonia.


Na última década, a Anatel se estabeleceu e acumulou experiência suficiente para se reinventar. Agora, precisa se adaptar ao cenário atual, como forma de se manter protagonista na regulação setorial.


A harmonização das políticas públicas com a regulação deve representar soluções com impacto social, por meio de propostas criativas para maior cobertura e qualidade dos serviços. É um novo capítulo, pautado não apenas no ambiente de convergência de tecnologias, mas no encontro da regulação com o real interesse público.


MARCELO BECHARA DE SOUZA HOBAIKA, 31, é procurador-geral da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


‘Chico Xavier’ rouba espaço de minisséries na Globo


Após serem reduzidas a microsséries, as habituais minisséries que inauguravam o ano ao lado do ‘Big Brother Brasil’ ganharão concorrência pesada na Globo: longas-metragens adaptados para TV.


Os sucessos de bilheteria ‘Chico Xavier’ e ‘O Bem Amado’, duas produções da Globo Filmes, irão ao ar na emissora em janeiro, divididos em quatro episódios cada um, como microsséries.


A ideia, ensaiada desde o ano passado, assume a vaga antes garantida para produções como ‘Maysa’- orçada em R$ 9 milhões- que foi ao ar em janeiro de 2009.


Além de mais econômica, a troca pode resultar em uma audiência maior.


‘Chico Xavier’, longa dirigido por Daniel Filho, bateu a casa dos 3,4 milhões de espectadores no cinema e não deve fazer feio na televisão.


Se der certo, o reaproveitamento de filmes poderá ganhar força na Globo, que há tempos sonha com essa integração maior com as produções da Globo Filmes.


Mesmo assim, a emissora garantiu, via assessoria, que continua investindo em produções próprias no período.


Citou como exemplo uma nova microssérie baseada em obra de Chico Buarque, produção de quatro capítulos e dirigida por Roberto Talma, que vai ao ar na segunda semana de janeiro.


TÁ PODENDO


Eis Pedro (Eriberto Leão) entre seus dois amores em Insensato Coração, sucessora de Passione: Marina (Paola Oliveira) e Luciana (Fernanda Machado)


Beijo gay Se em novela o tema engatinha, na série ‘Clandestinos’ (Globo), de João Falcão, um beijo gay aparecerá sem pudores. Surgirá como um beijo técnico entre dois atores, mas já vale.


Promessa Ratinho foi avisado de que seu contrato com o SBT, que vence em dezembro, será renovado nos próximos dias, mas que seu programa deve ser reformulado.


Enlatado Além de totalmente perdido no Cartoon Network, o velho’Chaves’ fez os fãs sentirem saudades do SBT: ganhou edição ainda pior e chamadas em espanhol.


Fôlego ‘Legendários’ fechou o mês de outubro com média de 10 pontos de audiência na Record. (Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo).


Vale tudo Não desfocar logotipos de patrocinadores em painéis, bonés e camisetas de jogadores durante entrevistas. É o que a Record promete ao Clube dos 13, se comprar o Brasileirão de 2012. O contrário do que a Globo faz.


Mais um O SBT renovou por mais uma temporada o ‘Topa ou Não Topa’ (Endemol), de Roberto Justus. Isso deve adiar, novamente, a estreia de ‘O Grande Desafio’.


Fuso Em referendo no domingo, a população do Acre decidiu que o Estado deve voltar a ter duas horas a menos em relação ao horário de Brasília. Com o horário de verão, três horas. Se o Congresso aprovar a ideia, a Globo mudará a grade da região- com trocas como o ‘JN’ indo ao ar antes de ‘Ti-ti-ti’- para ajustá-la à classificação indicativa.


 


 


Clarice Cardoso


Discovery grava três episódios de ‘Dez Anos Mais Jovem’ no Brasil


A auxiliar de secretaria Daiana Rodrigues é a primeira ‘vítima’ do Discovery Home & Health a entrar numa vitrine de vidro e ter a imagem avaliada por cem passantes em São Paulo.


Ela estrela o primeiro dos três episódios do ‘Dez Anos Mais Jovem’ gravados no Brasil. ‘No começo do programa, você se sente um alien. Vê as pessoas apontando, julgando e até se penitencia por sua aparência’, disse ela à Folha, sobre a experiência. ‘Após a transformação, a história muda, né?’, ri.


Embelezar o sorriso, aliás, foi o principal motivo que a levou a se inscrever no programa, que submete as inscritas a uma transformação comandada por especialistas como o cabeleireiro Wanderley Nunes e a dermatologista Ligia Kogos. Depois, pede a transeuntes que sentenciem a idade que ela aparenta ter.


O objetivo é que aparentem dez anos menos.


Além desses episódios do formato (já produzido pelo SBT), o canal gravou com três mexicanas para uma temporada a ser exibida em países da América Latina, mas não no Brasil.


NA TV


Dez Anos Mais Jovem


Episódios gravados no Brasil


QUANDO hoje, 10/11 e 17/11, às 21h30, no Discovery Home & Health


CLASSIFICAÇÃO 12 anos


 


 


 


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