Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A impunidade está em vigor

Impunidade vem do latim e significa falta de castigo e escapar à punição. Está em vigor na política e fora dela. Esse é o caso de Jaqueline Roriz, deputada federal pelo PMN-DF que foi flagrada em vídeo, de 2006, recebendo propina do mensalão e teve seu pedido de cassação aceito pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A coisa não parou por aí. Em sua alegação disse que o episódio (o flagra) ocorreu antes de seu mandato como deputada federal. Na votação do plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (30/8), Jaqueline foi absolvida por 265 votos contrários e 166 favoráveis.

De outro lado, a mídia e a sociedade civil se calam ante o uso indevido do dinheiro público. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) mentiram ao afirmarem que não colocariam verbas públicas nas obras do Itaquerão. Juntos, liberaram cerca de R$ 490 milhões. Ou seja, usar dinheiro público para a construção é imoral. É aviltar nossa cidadania. Quem perde com isso? Nós, brasileiros, que vamos pagar a conta.

Por sua vez, Ricardo Teixeira, que é alvo de incontáveis denúncias e escândalos em sua gestão à frente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), segue firme em berço esplêndido. Tem mais: Teixeira é presidente do COL (Comitê Organizador Local) da Copa de 2014. Por que ainda permanece no cargo e de onde vem seu enorme poder?

Finalmente, nos três casos acima, a impunidade prevalece. Na verdade, tudo isso ocorre com a aprovação da mídia, que se mostra apática e menos combativa. O mesmo se aplica à sociedade civil. Fica claro, portanto, que a impunidade é força motriz da ausência dos valores éticos.

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[Ricardo Santos é professor e jornalista, São Paulo, SP]