Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tutor de jornalistas em Washington

Na segunda-feira (29/8), José Meirelles Passos, 62, comentava uma reportagem que preparava sobre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A namorada, Lucila de Beaurepaire, jornalista de O Globo como ele, quis saber detalhes. “Não vou falar, tem muito jornalista aqui.” Seria uma conversa normal de repórteres, a não ser pelo fato de ele estar em uma cama do Hospital Samaritano, em Botafogo (zona sul do Rio), nos momentos finais da luta contra o câncer, diagnosticado no meio de 2010. Transformar o quarto de hospital em uma minirredação mostra como Meirelles considerava o jornalismo “um trabalho que me dá prazer”, como definiu certa vez.

De 1988 a 2008, ele foi correspondente do jornal carioca em Washington. Lá, fruto da personalidade acolhedora e dos bons conselhos que dava, virou um patrono informal de jovens jornalistas que passavam pela capital norte-americana. Antes, havia trabalhado para a revista Veja em Buenos Aires.

Participou de coberturas em mais de 40 países, de assuntos tão variados como as duas guerras do Iraque e Copas do Mundo. Ao longo da carreira, ganhou os prêmios Esso e Vladimir Herzog, entre outros. “Encantador como pessoa, foi um dos repórteres mais excepcionais que conheci. Sensibilidade para o sentido do fato e talento para expô-lo extraordinários. Foi bom ter podido dizer isso a ele várias vezes”, afirmou Janio de Freitas, colunista e membro do conselho editorial da Folha.

O jornalista morreu ontem, no Rio. Deixa duas filhas e dois netos, que moram em Washington.

 

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