Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A antecipação do veredicto eleitoral

Na manhã do domingo (31/10) das eleições as manchetes de Estadão e de Folhão foram chocantes. Dizia uma: ‘Ibope aponta vitória de Dilma por 12 pontos’. E a outra: ‘Dilma Roussef deve ser eleita hoje, diz Datafolha’.


Muito se escreveu sobre a influência das pesquisas nas decisões do eleitorado e julgo lembrar que a divulgação dos resultados das pesquisas já foi proibida nos dias ou semanas que antecedem a data da eleição. É incoerente proibir a propaganda eleitoral e permitir a publicação do placar da pesquisa no próprio dia da eleição.


Uma boa parte dos indivíduos sempre se guia pela opinião da maioria. É o famoso espírito gregário, também conhecido como ‘instinto de manada’ ou de maria vai com as outras. Talvez na Suécia as pesquisas não alterem as intenções de voto, porém uma democracia cujo nível de conscientização política ainda elege tiriricas não deveria estar sujeita a tamanha influência.


Vozes múltiplas


Uma manchete como a dos jornalões será necessariamente determinante na eleição do presidente da República. Comparecer ao estádio para assistir a um jogo cujo resultado já foi previamente anunciado equivale a acompanhar uma novela de desfecho já sabido. Uma boa parte dos esperados espectadores não se dará ao trabalho.


A divulgação do resultado da pesquisa aponta para os marias a direção a seguir e, como no caso do segundo turno das eleições de 2010, estimula a abstenção.


Sem pesquisa, sem conhecer o nome do provável vencedor, o eleitor poderia manifestar com isenção a sua opinião individual, a opinião do seu grupo social e da sua região. E no resultado das eleições ouviríamos menos um uníssono e mais o canto coral de múltiplas vozes.

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Comunicador