Nesta semana que sucede uma das mais disputadas e agressivas campanhas presidenciais desde a redemocratização, os grandes jornais brasileiros, aqueles considerados de maior influência, lembram pacientes recém saídos de um surto psicótico.
Os leitores que viajaram durante o feriado prolongado e não acompanharam o noticiário pós eleitoral, encontram os jornais alguns tons abaixo da estridência que marcou a imprensa até o domingo, dia 31 de outubro.
Os repórteres acompanham o dia a dia da presidente eleita tentam selecionar o material aproveitável entre a excessiva oferta de especulações de todos os tipos, como normalmente ocorre em períodos como este, por conta dos eternos candidatos a alguma coisa na máquina do governo.
Também procuram entender o que se passa pelos lados da oposição, onde se ensaiam mudanças de papéis e onde também se apresentam novos candidatos a liderança para o mandato que se inicia em janeiro.
Falha técnica
O discurso de vitória da presidente eleita serviu para desarmar algumas bombas preparadas pela imprensa, como a questão do controle social da mídia.
Aparentemente, os jornais se tranquilizaram com a enfática defesa, por parte de Dilma Rousseff, da liberdade de imprensa.
Nada com que se surpreender, uma vez que o fantasma do controle estatal e da censura foi uma invenção da própria imprensa. Então, que seja a imprensa a exorcizá-lo.
Outro aspecto a destacar com a volta da normalidade no trabalho jornalístico, depois da histeria eleitoral, é a recuperação da capacidade de informar. A edição de quarta-feira (3/11) do Estado de S.Paulo revela, por exemplo, que aquela pane no metrô paulistano, ocorrida no dia 21 de setembro, não foi causada por sabotagem de militantes petistas, como chegou a ser noticiado. Foi resultado de uma falha técnica nos equipamentos das portas do trem.
Mais alguns dias e os jornais haverão de esclarecer que a futura presidente não devora criancinhas.