‘Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.’ (Artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos do Homem)
Parque Potira, Caucaia, segunda-feira à noite. Um adolescente de 17 anos rouba uma máquina fotográfica de um pedestre e é perseguido pela população. Gritaria, alvoroço. Pego, ele acaba cercado por um grupo. Acuado, devolve o produto do roubo. Mesmo assim é surrado a pontapés, socos e pauladas até a morte. Tudo por uma câmera fotográfica. A Polícia chega. Ninguém é preso.
Nada disso foi suficiente para sensibilizar os jornalistas da 5ª capital brasileira. Apesar de o fato ocorrer em plena Região Metropolitana, O POVO registrou o em uma simples Breves na editoria de Ceará, na quarta-feira. Meras 13 linhas. Depois, silêncio total. Nos outros jornais o espaço foi ainda menor. Como se fosse algo normal, corriqueiro. O que não é.
É fato que a população está revoltada com a impunidade e com o aumento da marginalidade. Mas, em pleno século XXI, atitudes típicas Era das Cavernas devem ser combatidas. Em um momento que se defende o jornalismo humanizado e a defesa dos direitos humanos, a imprensa mostrou desprezo ao caso. Não questionou nada. Silenciou quando cidadãos comuns agiram como justiceiros, à revelia da lei.
Papeis trocados
A discussão ficou fora do jornal, mas não entre os leitores. A notícia foi uma das mais comentadas do dia no O POVO Online com 39 intervenções. Grande parte defendendo a teoria de que ‘bandido bom é bandido morto’. Mas um bom número – ainda bem – condenando o linchamento. De qualquer forma a importância da discussão do tema, que ficou sem aprofundamento no jornal, foi comprovada.
Defender o estado de direito, onde nenhum indivíduo, presidente ou cidadão comum está acima da lei, é uma das premissas básicas do jornalismo. Caberia à imprensa dar exposição ao caso, ouvir especialistas sobre a reação daquelas pessoas, detalhar o drama familiar, cobrar ação policial e discutir valores morais. Nada foi feito. Em uma sociedade onde a justiça é feita com as próprias mãos todos são vítimas.
Que trauma?
A leitora Ana Cavalcante desaprovou o título (Fim do Trauma?) publicado em Esportes, segunda-feira, 29, em matéria sobre a vitória da dupla Juliana e Larissa na etapa holandesa do Mundial de Vôlei de Praia sobre as americanas Walsh e May. Para ela houve sensacionalismo. ‘Deveria destacar o feito heroico em lugar de questionar um suposto trauma, inexistente’. Em um longo e-mail ela mostrou que o texto usado é o mesmo do site da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), com uma exceção.
Exatamente um trecho acrescentado no final do primeiro parágrafo: ‘ mostraram que, mesmo que as americanas participem, o Brasil é capaz de vencer, algo que não vinha acontecendo nas últimas competições’. Ora, logo no início do texto o trauma é colocado em xeque diante da informação de que aquela era a quinta vitória brasileira sobre as mesmas adversárias em 2011.
Contradição
O mesmo parágrafo destrói a tese seguinte. O próprio texto lembra que aquele era o sexto título de Larissa e Juliana no Mundial, portanto foram cinco antes. Todos com Walsh e May em quadra. Com relação ao uso do texto da CBV não é anormal, já que o site funciona como agência de notícias. O editor-adjunto de Cotidiano, Rafael Luis, não vê problema com o título. ‘Até 2010 a dupla americana tinha 11 vitórias, contra três das brasileiras. Neste ano a situação se inverteu (1×5), o que permite o questionamento’.
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