Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Você desvaloriza a cultura?

Estava sem sono e como minha TV estava ligada, fiquei observando um grupo de teatro no programa do Jô Soares e algo que me chamou bastante atenção em uma das apresentações foi a música usada pelos artistas na dança – ‘Feira de Mangaio’, do inesquecível Sivuca, paraibano natural de Itabaiana que desde criança soube tocar extraordinariamente sanfona e, já adulto, fez enorme sucesso no exterior.

Comecei a analisar que a Paraíba, além de apresentar um grande potencial turístico, também possui um grande acervo da cultura popular e tudo isso vem da criatividade do povo e das manifestações folclóricas cultivadas de geração em geração tornando-se notória pela diversidade de talentos artísticos que têm conquistado o mundo através da força de suas obras nos mais diversos gêneros.

Com isso, a importância e a valorização da diversidade cultural estão interligadas à busca da solidariedade entre os povos, à consciência da unidade do gênero humano e ao alargamento dos intercâmbios culturais. Os processos de globalização, individualizados pela rápida evolução das tecnologias da informação e da comunicação, compõem hoje desafios para a preservação e ascensão dessa heterogeneidade, criando subordinação e ameaçando a confabulação permanente entre culturas e grupos sociais.

A verdadeira interculturalidade

Apesar de conhecida mundialmente, pode-se dizer que a Paraíba não dá valor à sua cultura. O único momento em que vemos o ‘amor’ e o orgulho para com a produção cultural é o período junino, momento de confraternização entre os nordestinos e turistas de diversos estados e até mesmo de outros países, que ficam encantados com a diversidade cultural existente na Paraíba e tão pouco valorizada pelos seus.

Tenho um enorme receio de que a próxima geração não saiba quem foram os grandes nomes da música cultural nordestina, como Sivuca, Marinês, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, Zé Ramalho, Tenho medo de que os adultos do futuro não saibam o que é a importância de uma literatura de cordel, não deem o valor adequado a uma poesia, à dramaturgia, ao artesanato, enfim, que haja um declínio, ou melhor, extinção, em consequência da omissão em não valorizar a cultura – patrimônio nosso, que contribui com o conhecimento da riqueza e das peculiaridades de cada região.

É necessário que os governantes elaborem e implantem projetos que deem ênfase à cultura durante os 365 dias do ano, e não somente 30 dias, que a educação interligada sempre à culturalidade possa trabalhar com os alunos a literatura de cordel, a música de nomes paraibanos, a própria história da cultura e, consequentemente, induzir as crianças, os adolescentes e jovens a começarem a valorizar o artesanato e a poesia local sendo multiplicadores da verdadeira interculturalidade paraibana.

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Estudante de Jornalismo, UEPB