[do material de divulgação]
Hipólito da Costa é uma figura histórica cuja notoriedade resultou em efeito paradoxal: algumas passagens de seu discurso no Correio Braziliense, jornal que publicou em Londres, entre 1808 e 1822, são bem conhecidas, mas sua biografia abriga lacunas importantes, situações sinuosas, fatos não esclarecidos ou sem explicação convincente, o que não deixa de ter implicações para os intérpretes de seu pensamento político.
Pouco estudada, porém muito significativa, foi a viagem de dois anos que ele realizou aos Estados Unidos na qualidade de naturalista e agente a serviço da coroa portuguesa. Em 1798, aos 24 anos de idade, o jovem nascido na antiga Colônia do Sacramento ingressava no serviço régio por meio da ambiciosa agenda reformista de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, então ministro da Marinha e Ultramar, cujo projeto de modernização da economia colonial e reorganização administrativa do Estado português arregimentava vários ilustrados luso-brasileiros. Contudo, essa viagem provocou um sensível deslocamento em sua trajetória, respondendo em boa parte pelo desfecho trágico de suas experiências na metrópole portuguesa: a prisão por crime de maçonaria, em julho de 1802, e o exílio em Londres, de 1805 até seu falecimento, em 1823.
Este livro investiga por que esse deslocamento ocorreu e aponta uma linha de continuidade entre a experiência norte-americana de Hipólito e a importante atuação que ele teria como publicista em Londres, anos mais tarde.
Para quem tiver interesse, há um artigo da autora, intitulado “O diário da minha viagem para Filadélfia: Maçonaria e jornalismo político na missão de Hipólito José da Costa aos Estados Unidos”, que aborda resumidamente algumas das principais idéias do livro, publicado na revista eletrônica Almanack Brasiliense, do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, disponível aqui.
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Nota do OI: A obra é bem-vinda, Hipólito precisa ser lembrado e discutido. Mas este release é incorreto. A viagem a Filadélfia é muito conhecida, o diário dela foi editado, o jornalista e escritor Barbosa Lima Sobrinho a estudou e no volume 30 da edição facsimilar do Correio Braziliense vários autores tratam dela. Dizer que Hipólito da Costa é “um dos pioneiros” da imprensa brasileira é tomar partido daqueles que não querem reconhecer que ele é o patriarca no nosso jornalismo e herói nacional. (Alberto Dines)